Que jornada foram os anos de expectativa para a estreia!

Quando a Netflix confirmou que adaptaria One Piece para o formato live-action em 2021, o fandom inteiro se encheu daquele sentimento gelado de medo: quais as chances de logo One Piece, notável por seus designs absurdos e inspiração cartunesca, funcionar com pessoas de carne e osso, e pior, com uma produção ocidental?

Embora no Japão filmes live-action que adaptam animes e mangás sejam muito comuns (com maior ou menor grau de sucesso), as produções ocidentais (até então) se destacavam pelo péssimo trabalho feito nas adaptações (a exemplo dos filmes de Dragonball Evolution e A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell). Netflix e One Piece? Era a receita para o caos, certo?

Pouco a pouco, contudo, mais informações foram chegando, acalmando o coração ansioso dos fãs. A primeira e mais importante: Eiichiro Oda, o criador do mangá de One Piece, estaria diretamente envolvido na produção. Mais do que isso, era um sonho dele que estava sendo realizado: usar a tecnologia atual disponível para tornar real o mundo impossível de One Piece.

Logo depois, veio o anúncio do elenco principal, trazendo atores de diversos países e etnias, algo que conversava muito bem com discussões anteriores de Oda no mangá que localizava cada um dos membros do bando dos Chapéus de Palha em diferentes nacionalidades.

Conforme a produção foi andando, a Netflix foi divulgando alguns dos cenários e dos navios enquanto gravavam na África do Sul. Desde as primeiras imagens já dava para ver: ao menos em termos de produção e cenário, estava tudo impecável.

Alguns atrasos ocorreram, Oda declarou que a Netflix estava fazendo um ótimo trabalho, mas que houve algum ruído de comunicação entre eles, devido a diferenças culturais. Ele não elaborou sobre quais seriam essas diferenças, mas assegurou os fãs de que ele estava de olho em tudo e que a Netflix concordou em só lançar a série quando ele tivesse dado seu aval.

Com o Tudum desse ano e a data de lançamento, começou o marketing pesadíssimo da Netflix, centrado, principalmente, no irresistível elenco principal. Iñaki (Luffy), Mackenyu (Zoro), Emily (Nami), Jacob (Usopp) e Taz (Sanji) são incrivelmente talentosos e carismáticos e nesses quase dois anos desde o anúncio da série até o lançamento demonstraram seu empenho e dedicação aos personagens das mais diversas formas: Iñaki sendo o próprio Luffy encarnado; Emily sendo uma fã de animes desde sempre e mostrando seu conhecimento; Taz indo aprender taekwondo e a cozinhar… Isso tudo, somado à excelente química entre os cinco fez cada vídeo de divulgação antes da estreia ser um verdadeiro deleite.

Mas claro, tudo isso só funcionaria se o produto final fosse satisfatório.

Dois anos atrás se me dissessem que One Piece seria o anime a ter uma excelente adaptação para live-action, eu não teria acreditado. Mas cá estamos, com a primeira temporada lançada e sendo… absolutamente gloriosa. Como o próprio Oda declarou em entrevista ao The New York Times, ele queria que One Piece “desafiasse o histórico de falhas” dos live-actions de mangás, e olha, parabéns pelo trabalho, Oda-sensei!

Falamos sempre em “adaptação” porque é isso que qualquer produção em uma mídia diferente faz: adapta o conteúdo original de forma que funcione nessa nova mídia. Isso dito, a história do live-action honra perfeitamente o espírito e as mensagens de One Piece, fazendo as adaptações necessárias.

Os enredos dos arcos do East Blue foram enxugados, de forma a caberem em um, no máximo dois episódios, assim como as batalhas, que também foram encurtadas para funcionar melhor com os atores e os efeitos especiais – efeitos esses que foram empregados de formas muito competentes e inteligentes.

Apesar das diferenças perceptíveis aos fãs mais hardcore, o essencial está ali: o desenvolvimento dos personagens, a dinâmica do bando, a clara dimensão política que contrasta piratas e marinheiros, a importância dos sonhos. Tudo isso com excelentes atuações, trilha sonora belíssima e um cenário de tirar o fôlego.

E isso se mostra muito bem nos resultados: 1º lugar de visualizações na Netflix em mais de 84 países (superando o recorde anterior de Wandinha) e de 83% para a crítica e 96% de audiência no Rotten Tomatoes.

Nesses dois anos eu fui de descrente a relutantemente esperançosa, animada, ansiosa, até chegar a extremamente feliz com essa adaptação em live-action, e só posso dizer: que época para se estar viva como fã de One Piece!

Fique de olho aqui no Garotas Geeks que ainda tem muito conteúdo sobre One Piece vindo por aí!

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