O impacto da série no próprio diretor.
O cineasta Kevin Smith, criador de Mestres do Universo: Salvando Eternia, revelou em entrevista recente como se sentiu com relação às críticas recebidas pela série animada da Netflix em seu lançamento. A série é uma sequência direta de He-Man e os Mestres do Universo (1983-1985), e ignora apenas os eventos de As Novas Aventuras de He-Man. A história começa com Esqueleto atacando novamente o Castelo Grayskull, desta vez tendo sucesso, mas conhecendo o seu próprio fim, destruindo He-Man e a fonte de toda a magia na existência. Desta forma, Teela acaba recebendo a missão de resolver o mistério da desaparecida Espada do Poder.
Smith conseguiu reunir um elenco estrelado para a série, que conta em sua equipe de dublagem com Chris Wood (The Vampire Diaries) como Adam/He-Man, Mark Hamill (Star Wars) como Esqueleto, Liam Cunningham (Game of Thrones) como Mentor, Sarah Michelle Gellar (Buffy: A Caça-Vampiros) como Teela e Lena Headey (Game of Thrones) como Maligna. O desenvolvimento da série foi anunciado na Power-Com de 2019, como um dos dois projetos de Mestres do Universo que a Netflix estava trabalhando, sendo esta obra direcionada para adultos enquanto um remake em computação gráfica seria destinado ao público infantil. Apesar de ter sido criticamente aclamada em seu lançamento, a série também foi alvo de ataques por uma parte específica do público.
Nesta entrevista exclusiva concedida à ScreenRant, cujo tema central era o documentário biográfico sobre ele (que se chamará Clerk), Smith falou sobre as “polêmicas” envolvendo Mestres do Universo: Salvando Eternia. Ele disse que se lembrava de ter visto a grande onda de reclamações nas redes sociais e que sentiu que “estava no olho do furacão”, dizendo que o diretor de seu documentário, Malcolm Ingram foi o responsável por tirá-lo desta tempestade.
Não é querendo me gabar, mas na Netflix eu tive o lançamento da primeira parte de uma temporada de um programa meu chamado Mestres do Universo, e nenhum de nós estava preparado para lidar com a minoria barulhenta que foi pra cima da série de forma bastante ruidosa. Então, se você não conhece muito de redes sociais, se você clica em alguma coisa, a rede social vai começar a te jogar mais e mais coisas relacionadas, e então eu estava clicando em tudo de negativo e tudo que eu via era um mar de ‘você destruiu minha infância, seu merda. Como você pode ter retirado a cruz de ferro?’. Eram pessoas em cima de pessoas me destruindo por fazer Mestres do Universo, quando eu honestamente sentia em meu coração algo do tipo ‘Essa é a sensação mais fiel a história desses personagens desde que a Mattel tocou em suas histórias de origem’. Eu não pensei que estava incomodando apenas um grupo específico, e então de onde eu estava, parecia que estava no olho do furacão e que todo mundo me odiava, que eu havia falhado e era isso que a minha linha do tempo estava me falando.
Nisso o Malcolm me liga do nada, me manda uma mensagem de texto do tipo ‘Ei, parabéns! Você tem a série mais comentada do planeta no momento, as críticas são excelentes e todo mundo ama! Eu acho que você deve estar muito feliz!’. Eu imediatamente deixei tudo que estava fazendo de lado e liguei pro Malcolm perguntando ‘Essa é a sua leitura dessa situação?’, e ele ‘Claro, tudo que eu vejo é positivo! Por que? O que você está vendo?’. E eu estava tipo ‘tudo que vejo é gente me odiando’, e ele então falou ‘Bem, é só parar de clicar nas coisas negativas’. Nisso eu perguntei ‘Então, Malcolm, a sua perspectiva de fora é que eu não preciso me matar?’, e ele ‘Não, eu acho que você está bem. Eu acho que qualquer um sentiria inveja do tamanho da cobertura que a série está recebendo eu vou assistir agora que as críticas foram excelentes’.
A sua versão de Mestres do Universo foi alvo de ataques e “review bombs” por parte de fãs da série original, com várias das reclamações direcionadas à decisão de focar a história em Teela, e não em Adam/He-Man. A série também atraiu controvérsias com a decisão de matar alguns personagens icônicos da série original, um elemento que foi elogiado pela crítica especializada por elevar o padrão da história e subverter expectativas. Os ataques sofridos pela série foram semelhantes aos recebidos por Star Wars: Os Últimos Jedi e Capitã Marvel, que dividiram os fãs pela abordagem diferente do material original.
Os algoritmos de redes sociais são complicados, pois oferecem aos usuários mais e mais do conteúdo que foi alvo do clique, mesmo que não seja algo que eles queiram continuar vendo. A queda de Kevin Smith no buraco negro das críticas negativas sobre a série, pode ter sido devastador sobre ele, ainda que as coisas estejam indo melhores com a reação do público à Parte 2.
A primeira temporada completa já está disponível na Netflix.
Fonte: Screenrant
Leia nossa crítica de Mestres do Universo: Salvando Etérnia!
Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).
