Afinal, toda a regra precisa de exceções.

Todo leitor, ao menos uma vez na vida, vai se ver dizendo a frase “o livro era melhor” ao discutir alguma adaptação em filme ou série. É mesmo difícil superar a magia de ler as palavras de um livro e imaginar toda a história em sua mente – afinal, a imaginação não tem limites, diferentemente do orçamento de uma produtora.

Porém, às vezes as adaptações podem dar uma nova vida a esses livros, estabelecendo um novo foco e perspectiva, ou se tornam tão icônicas que chega a superar o material original.

Além disso, autores podem ajustar elementos com os quais não ficaram satisfeitos na primeira vez ao adaptar para a tela. Nessas circunstâncias especiais, podemos nos deparar com a rara exceção das adaptações serem melhores do que seus livros.

Selecionamos alguns exemplos nessa lista de cinco adaptações que superaram seus livros!

O Diabo Veste Prada

Embora o romance original O Diabo Veste Prada nos tenha dado as complexas personagens Miranda Priestly e Andrea Sachs, não tem como negar que a versão cinematográfica foi além. Estreando em 2006, o filme segue de perto o enredo do livro ao contar a história de Andy Sachs, uma aspirante a jornalista que consegue o emprego “pelo qual milhões de garotas matariam” como assistente pessoal de Miranda Priestly, a editora-chefe da revista Runway.

O filme acompanha Andy e sua constante humilhação trabalhando na empresa. Embora Miranda seja uma chefe severa que exige que seus funcionários façam tudo por ela a qualquer hora do dia, Andy aprende a se tornar uma versão mais confiante de si mesma e ganha o respeito de Miranda ao longo do caminho.

A principal razão do filme ter feito mais sucesso que o livro são as atuações de Meryl Streep como Miranda e Anne Hathaway como Andy. Suas interações são muito mais envolventes devido à química das atrizes, e a interpretação de Miranda por Streep foi consolidada como uma das performances mais icônicas de todos os tempos. Não dá para mencionar esse filme sem que alguém cite alguma de suas falas mais famosas! Sem dúvida, um dos filmes mais icônicos dos anos 2000.

Sombra & Ossos

A trilogia de alta fantasia de Leigh Bardugo era um best-seller antes da série produzida pela Netflix, inaugurando o universo expandido chamado Grishaverso que movimenta milhares de leitores ao redor do mundo.

A história acompanha Alina Starkov, que pensava ser uma simples desenhista de mapas do exército, descobrir seus poderes de Conjuradora do Sol, uma das grisha mais poderosas do mundo.

A série da Netflix, que contou com a presença constante de Bardugo em sua produção, embora siga o enredo dos livros com relativa fidelidade, teve a oportunidade de polir e melhorar vários aspectos que fizeram a história brilhar ainda mais, principalmente no que tange o relacionamento de Alina e Maly e também dando mais representatividade étnica aos personagens principais.

Leia também: Criadores de Sombra & Ossos falam sobre representatividade em fantasia

Bridgerton

Bridgerton é uma série de oito romances de época que se passam na Inglaterra Regencial, escritos por Julia Quinn, publicados entre 2000 e 2006. Cada livro se concentra em um irmão da família Bridgerton (Anthony, Benedict, Colin, Daphne, Eloise, Francesca, Gregory e Hyacinth) e como eles navegam pela cena social de Londres para encontrar seus parceiros para toda a vida. Os livros foram muito bem recebidos quando foram lançados, alguns deles chegando à lista dos mais vendidos do The New York Times até chegarem ao formato de série pela Netflix.

Focados principalmente no romance e no irmão Bridgerton protagonista da vez, os livros podem parecer simples e até meio parados. Algo que a série da Netflix jamais deixa acontecer. Ela dá vivacidade à sociedade em que esses personagens vivem maravilhosamente, ao se concentrar nos amigos e inimigos dos irmãos e mostrar o funcionamento interno da vida de seus entes queridos. Isso sem contar a adição de diversidade entre os atores escalados para viver os personagens – o que inclui nuances e discussões importantes ao pensarmos o período regencial inglês e como se davam as relações raciais à época – e a adição de uma trilha sonora simplesmente apaixonante (obriga por existir, Vitamin String Quartet!)

Leia também: 3 acertos e 2 erros da segunda temporada de Bridgerton

Gambito da Rainha

Em termos de enredo, a adaptação em minissérie da Netflix para o romance homônimo escrito por Walter Tevis em 1983 é bastante fiel. Depois de perder a mãe aos 8 anos de idade, Elizabeth Harmon é mandada para o orfanato. Calada e retraída, ela lida com a triste realidade tomando os tranquilizantes que a instituição fornece às crianças para mantê-las dóceis. É nesse cenário que o zelador da instituição ensinará à menina a arte do xadrez, algo que ela perseguirá até a vida adulta. Uma jovem solitária no meio masculino do xadrez profissional, ela terá a chance de desafiar a primazia soviética e dar mais um passo em direção ao título mundial.

No entanto, a série vem para agregar ainda mais ao enredo e personagens fascinantes: podemos citar a construção de tensão nas partidas, a dinâmica entre os atores, os figurinos belíssimos, mas o que mais faz tudo brilhar, sem dúvida, é a atuação de cair o queixo de Anya Taylor-Joy, sempre profunda e cheia de nuances.

Leia também: Como o final de o Gambito da Rainha desafia um dos maiores tropos da indústria

O Diário da Princesa

Já que abrimos essa lista com um filme estrelado por Anne Hathaway, por que não fechar com outro?

Escrita por Meg Cabot em 2000, a série de livros O diário da princesa acompanha Mia Thermopolis passando de adolescente comum a princesa da noite para o dia, quando descobre que seu pai era o príncipe de um pequeno país europeu chamado Genovia. Cabot narrou a jornada de autodescoberta de Mia ao se tornar princesa e depois rainha em 11 livros.

A adaptação para filme, no entanto, tornou a série um ícone adolescente dos anos 2000. As pequenas mudanças que o filme faz realmente melhoram certos aspectos do livro. Por exemplo, no livro, o pai de Mia está vivo e é ele quem diz a ela que era uma princesa. No filme, a rainha Clarisse, avó de Mia (e interpretada pela magnífica Julie Andrews), conta à jovem princesa que seu pai faleceu. Embora seja uma mudança mais triste, torna o vínculo entre Mia, sua mãe e Clarisse muito mais forte. Além disso, a sequência é absolutamente fantástica, pois se afasta dos eventos da série de livros e permite que Hathaway e Andrews continuem a brilhar.

Texto adaptado de: The Mary Sue

Leia mais sobre adaptações literárias aqui no Garotas Geeks!

Compartilhe: