A nova temporada dividiu a opinião dos fãs dos livros.
Adaptar um livro para as telas nunca é uma tarefa fácil. Escolher o que manter, o que cortar, o que será melhor recebido por telespectadores e o que só funciona na mídia escrita é um trabalho árduo e nem sempre o resultado agradará os fãs do material original.
Depois do sucesso estrondoso da primeira temporada de Bridgerton, que adaptou o primeiro volume O duque e eu da série homônima de livros da autora Julia Quinn, as expectativas para a segunda temporada, adaptação do livro O visconde que me amava, estavam altíssimas.
O resultado, no entanto, dividiu bastante os fãs. Fizemos uma lista do que consideramos 3 acertos e 2 erros que a segunda temporada cometeu em termos de adaptação da obra original.
Falaremos sobre a segunda temporada livremente, então cuidado com os spoilers, caso ainda não tenha assistido!
Começando com os erros:
O alongamento desnecessário do interesse de Anthony em Edwina
No livro, Anthony começa a temporada bastante determinado a se casar com Edwina, que considera a pretendente perfeita. No entanto, logo fica claro que a jovem não tem lá muito interesse por ele e que ele está, indubitavelmente, louco por Kate.
A série levou tudo longe demais ao chegar até mesmo no casamento dos dois!
Entenda melhor porque desgostamos tanto disso na matéria “Por que o triângulo amoroso de Bridgerton é um desserviço para todos?”.
A inclusão de rivalidade entre as irmãs
Uma coisa que era absolutamente perfeita e (admitamos) refrescante em O visconde que me amava era a total ausência de rivalidade entre as irmãs Sheffield (sobrenome das duas no livro). O fato de serem irmãs apenas do lado paterno nunca foi uma questão para elas no livro, nem mesmo para a mãe de Edwina, que criou Kate como sua e ponto final.
A cena em que Edwina chama Kate de “meio-irmã” no episódio 6 da segunda temporada partiu meu coração em mil pedaços. Uma decisão bastante infeliz da produção da série.
Felizmente, não temos apenas críticas à segunda temporada de Bridgerton! Esses foram os 3 aspectos positivos que mais chamaram nossa atenção:
A luta sufragista pelos olhos de Eloise
O interesse de Eloise Bridgerton pelos direitos e igualdade das mulheres dá um passo a mais essa temporada ao apresentar a personagem aos escritos de Mary Wollstonecraft (pensadora feminista, famosa também por ser mãe de Mary Shelley, autora de Frankenstein) e à luta sufragista na Londres industrial.
Esperamos que esse interesse seja ainda mais desenvolvido na próxima temporada, de maneira mais detalhada e sem inclusões de interesses amorosos para distrair a personagem.
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A cena da abelha
Me desculpem fãs ferrenhos dos livros, mas a cena da abelha ganhou um glow-up espetacular na série! Confesso que enquanto lia o livro, a cena original me deixou com vergonha alheia.
Pequenos spoilers do livro à frente!
O medo irracional de Anthony por abelhas é muito compreensível, visto que perdeu o pai para a picada de uma, mas daí a ele colocar a boca no colo da Kate para chupar o ferrão para fora é um pouco demais, né?
A série deixou a cena mais elegante e crível, sem perder o efeito desesperador que a picada causa em Anthony, que considera seriamente a possibilidade de perder Kate do mesmo jeito que perdeu o pai.
A representatividade
Mantendo sua melhor qualidade, já estabelecida na primeira temporada ao mudar a etnia dos personagens Simon Basset e Lady Danbury, Bridgerton acertou mais uma vez ao tornar as Sheffield em Sharma.
Emnotas de imprensa fornecidas aos críticos pela Netflix, a criadora Shonda Rimes declarou:
“Encontrar algumas mulheres do sul da Ásia com pele mais escura e garantir que elas sejam representadas na tela de forma autêntica e verdadeira parece algo que ainda não vimos o suficiente…. E a ideia de que eles são de outra cultura, nós tecemos isso na história de uma maneira maravilhosa para reforçar a ideia de que os próprios valores ingleses de nossos personagens não são necessariamente os únicos valores que valem a pena. Isso se reflete na reação de Kate ao chá inglês – mas, na verdade, é uma maneira muito importante de garantir que estamos incluindo o mundo nisso.
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Dramas de época têm a péssima tendência de só apresentarem personagens brancos, como se outras etnias simplesmente não tivessem existido às épocas retratadas (o que é historicamente impreciso e bastante nocivo de uma forma geral).
Kate e Edwina serem indianas acrescenta uma incrível camada de complexidade às personagens, além de nos dar a linda cena pré-casamento, que nos dá um vislumbre da cultura indiana para jovens noivas.
A terceira temporada de Bridgerton já está confirmada, e adaptará o livro Um perfeito cavalheiro, que conta a história de amor de Benedict Bridgerton. Já estamos ansiosas para ver as escolhas da série para essa adaptação!
Leia mais sobre Bridgerton aqui no Garotas Geeks.
Doutoranda em Letras Clássicas pela USP; é escritora, tradutora e maga das Letras num geral. É otaku e fã de Star Wars desde bem pequena. Queria ter o superpoder da Rumor (Umbrella Academy), mas se contenta em ser devoradora de livros, mangás e séries. Se não a encontrar numa dessas atividades, deve estar tentando escapar do Hades com o Zagreu.