Mais uma obra de Alice Oseman (Heartstopper) com romance cheio de representatividade!
Eu nasci pra isso é um livro de Alice Oseman, autora dos livros do universo Heartstopper. Com uma perspectiva diferente, em uma narrativa sensível e bem-humorada de dois personagens que tentam descobrir quem são em meio à loucura da adolescência, essa é uma história sobre o poder de acreditar em alguma coisa – na verdade, em si mesmo.
História
Para Angel Rahimi (Fereshteh, na verdade, já que este é seu nome verdadeiro), somente uma coisa importa: Ark, a boyband do momento. No meio do fandom, ela fez amizades e sentia a sensação de pertencimento. Surge, então, a oportunidade de passar uma semana na cidade de Londres com sua amiga Juliet, para realizarem o grande sonho de suas vidas: assistir a um show da banca Ark e finalmente participar de um meet & greet com os garotos.
Por outro lado, Jimmy, vocalista da banda, sente-se mais deslocado que seus colegas Rowan e Lister, porque apesar dos shows lotados e das fãs apaixonadas, que são indicativos de sucesso, ele sofre com crises de ansiedade fortíssimas, além de paranoia. Apesar de se sentir aceito e amado pelos fãs, especialmente após a revelação de ser um homem trans, por outro lado, estes insistem em enxergar uma relação amorosa de Jimmy com Rowan – o famoso shipp – , o que torna tudo muito exaustivo.
Os caminhos de Jimmy e Angel se cruzam em momentos críticos para ambos: Jimmy se questiona em relação à fama, e Angel vê que tem tentado fugir de problemas pessoais através do fandom. Então, eles começam a encarar seus medos e tentar tomar as rédeas da situação, passando por situações muito difíceis, mas esclarecedoras.
A história é contada em primeira pessoa, alternando cada capítulo entre Angel e Jimmy. Os capítulos, inclusive, não possuem títulos, só a indicação de quem será o narrador. No começo, fica um pouco estranho porque as personagens ainda não se conhecem pessoalmente, mas no clímax da história, este aspecto fica muito interessante.
São explorados outros personagens, como Mac, Bliss, Rowan e Lister, mas de forma mais superficial, já que o pano de fundo realmente se dá nas histórias de Angel e Jimmy.
Tudo é contado com muito bom humor e leveza, tornando a leitura rápida. Com 360 páginas, é possível ler o livro com muita fluidez.
Ilustrações
O livro tem uma capa molinha com abertura para marcar as páginas, mas para os leitores que não gostam de fazer isso para não criar orelhas no livro – e não deixar a contracapa torta -, ao final do livro há um marca páginas recortável MUITO fofo.
Durante o romance não há ilustrações além da capa, que é bem representativa dos personagens e de algumas coisas que eles precisam enfrentar.
Vale a pena?
Eu nasci pra isso tem uma narrativa leve, e é muito interessante a mudança de capítulo sempre que a perspectiva muda entre os personagens (assim como aconteceu em Este Inverno (Heartstopper). Desta forma, foi possível desenvolver um pouco mais as personagens.
O que chama muito a atenção é a crítica à forma como vemos as celebridades, em especial em épocas em que as boybands estão voltando no universo do K-pop, e não apenas do lado do fã, mas também e especialmente do lado dos famosos, que também enfrentam muitas dificuldades.
Como sempre, Alice Oseman brilhou muito na representatividade. Angel (Fereshteh, na verdade) usa seu hijab (Isso não é o foco do livro! É só uma característica para trazer representatividade sem que isso se torne o assunto principal), temos representação em romances LGBTQIAP+, e até mesmo um personagem transgênero.
O final surpreendeu muito, especialmente por fugir do que tipicamente esperamos para este tipo de romance, e de fato os personagens poderiam ter um maior aprofundamento, mas dentro do que se espera neste tipo de narrativa, o livro é ótimo (uma pequena ressalva para o personagem Lister, que acabou sendo um pouco injustiçado, em minha opinião).
Em resumo, uma ótima pedida para quem está órfão do universo Heartstopper!
Curtiu? Então leia também: Dica de Leitura: Este inverno (Heartstopper), de Alice Oseman
Devoradora de livros e ávida consumidora de séries.
