Se você ama Heartstopper, você precisa ler esta história intensa!
Este Inverno é uma novela do universo Heartstopper que se passa DURANTE os acontecimentos do volume 4 da graphic novel, intitulada De Mãos Dadas.
Portanto, se você apenas acompanha a história através da série na Netflix, a partir deste ponto, o post contém spoilers.
História
Finalmente, Charlie volta para casa depois de precisar ficar internado para tratar seu transtorno alimentar, mas, por ser véspera de Natal, toda a família se reúne para passar a data comemorativa – o que, é claro, não poderia ser pior. Como todo Natal, vemos parentes que só aparecem nesta data do ano querendo saber detalhes da vida de Charlie como se convivessem diariamente, invadindo sua privacidade tanto em relação à sua orientação sexual quanto em razão do período em que ele ficou recluso, em tratamento e, para variar, ninguém está efetivamente se importando com o que aconteceu de fato.
O livro, então, conta a questão em três capítulos, cada um em primeira pessoa, contado por cada um dos irmãos. No primeiro, vemos a perspectiva de Tori sobre a situação – e então fica bem claro como ela é literalmente a única pessoa que entende Charlie e se preocupa com ele. É impressionante o grau de empatia dela com seu irmão, porque através dele temos a primeira impressão do desconforto de Charlie para aturar seus parentes sem noção, e algo que muitas vezes acaba ficando em segundo plano: o Natal é uma data comemorativa em que há fartura de comida, e Charlie acabou de voltar de uma internação por seu distúrbio alimentar.
O segundo capítulo é narrado por Charlie, e é o mais forte de todos. Acompanhamos todos os pensamentos do protagonista em todos os seus conflitos, problemas de família, conversas com Nick, e até momentos em que ele reconhece que deveria tratar melhor sua irmã. Vemos, também, o grau de culpa sobre os ombros de Charlie em relação a tudo, de forma injusta. Também é mostrada para o leitor a diferença de tratamento entre a família de Charlie e a de Nick – é claro que nenhuma delas é perfeita, mas a mudança é gritante e sensível para o protagonista. É um capítulo que pode despertar alguns gatilhos, então é preciso ler com cuidado, especialmente em relação ao relacionamento conturbado com os pais, ansiedade, anorexia e outros distúrbios alimentares.
No último capítulo, temos, então, o ponto de vista de Oliver, o caçula de apenas sete anos de idade. É uma quebra na narrativa, porque, naturalmente, tudo é contado de forma bem infantilizada, mas ao mesmo tempo bem sincera dentro da cabeça de uma criança. É claro que os pensamentos e a estrutura das frases são mais maduras – mesmo porque se fosse, de fato, fiel à história literalmente contada por uma criança de tão pouca idade, seria difícil acompanhar os acontecimentos, mas é uma perspectiva diferente que surpreende muito.
Ilustrações
O livro é feito em capa dura, com uma ilustração incrível, cores bem vivas e o gráfico que a gente ama.
As ilustrações dentro do livro são todas feitas em preto e branco, simulando, inclusive, as trocas de mensagens no celular que são tão características (inclusive na série). Este ponto é uma das características mais interessantes do livro, porque traz à conversa uma fluidez que não costumamos encontrar em outras histórias com a mesma temática.
Em maior resolução:
Vale a pena?
O livro tem uma narrativa intensa, com uma história triste e que pode despertar sensação de desconforto, por mostrar tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo com Charlie. Mas, ao mesmo tempo, a forma de narrativa em primeira pessoa sob perspectivas diferentes acaba trazendo uma certa leveza que faz com que o leitor queira devorar o livro de uma vez, sem ser cansativo, apesar da série estar se prolongando.
Como sempre em Heartstopper, a história também mostra o relacionamento incrível de Charlie e Nick e chama a atenção para temas relevantes como homofobia, relacionamentos conflituosos, distúrbios alimentares e a importância de uma rede de apoio para lidarmos com os diversos problemas do dia a dia.
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