Quem diria, né?
O texto a seguir contém spoilers da primeira edição de Dark Nights: Death Metal – The Secret Origins, quadrinho ainda não lançado no Brasil.
A DC revelou que o seu vilão atualmente mais odiado, o Superboy Primordial (Superboy-Prime no original), é na verdade um fanboy dos mais tóxicos. No quadrinho Dark Nights: Death Metal – The Secret Origins, os leitores puderam conhecer a vida do personagem antes da intervenção do destino e também ficaram a par de sua redenção. A edição única, escrita por Geoff Johns e Scott Snyder, com uma equipe rotativa de artistas que inclui Jerry Ordway, Frances Manapul e Ryan Benjamin, já chegou às lojas dos EUA e está disponível em inglês em diversas plataformas de distribuição online.
O Superboy Primordial era um nativo da Terra Primordial, que no Multiverso original da DC era a nossa Terra, e ele era o seu único herói. A Terra Primordial foi destruída durante a Crise nas Terras Infinitas, e o personagem acabou em uma dimensão reduzida com outros sobreviventes da crise. Nesta dimensão, ele lentamente começou a enlouquecer, sentindo que haviam roubado dele a oportunidade de se tornar um grande herói. Então, quando ele foi libertado desta dimensão, decidiu se unir a Alexander Luthor em sua missão para restaurar o multiverso, ainda que isso significasse matar muitas outras pessoas.
O novo quadrinho apresenta boa parte da história do Superboy Primordial. Seus pais o encontraram em um campo e deram o nome de Clark Kent como uma homenagem ao Super-Homem. Crescendo como um fã de quadrinhos, ele desenvolveu um carinho especial pelos quadrinhos da DC, e se apaixonou por uma jovem chamada Laurie. Uma noite, durante uma festa de praia com Laurie e seus amigos, ele acabou voando pela primeira vez, bem no momento em que a Crise chegou ao seu mundo, o destruindo. O Superboy então começou a culpar o Super-Homem pelo fim de seu mundo, jurando vingança. Com o fim do Multiverso, o personagem então encontrou sua chance de redenção, se sacrificando a fim de impedir o Batman que Ri. Ao final da edição, ele acorda em uma nova Terra Primordial, com sua aventura recomeçando.
As atitudes do Superboy Primordial refletem os elementos mais tóxicos do fandom. O personagem sente que a ele é devida uma carreira heroica, apenas por ter os mesmos poderes do Super-Homem. Ele faz comentários assustadores sobre outros heróis, inclusive quanto ao Superman. Ele tem raiva de todo mundo, mesmo dos kriptonianos, ainda que o seu discurso de superioridade se torne um dos instrumentos de sua redenção.
O personagem se tornou claramente um comentário sobre a natureza tóxica do fandom de quadrinhos. Ele acha que tem direito a tudo, apenas por ser quem é, e isso fez com que ele entrasse em conflito com os heróis do Universo DC por várias vezes. Por conta de suas atitudes passadas, o personagem parecia estar muito além da redenção, mas ao entender seu próprio passado tóxico, ele se tornou capaz de acabar com os planos do Batman que Ri, e retornar ao seu mundo para ter uma segunda chance. É um final inesperado, mas satisfatório para o arco do personagem.
Fonte: Screenrant
Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).
