Bridgerton precisa aprender com Orgulho e Preconceito!

Em Orgulho e Preconceito, a autora Jane Austen criou a lendária família Bennet: uma família da baixa nobreza composta por um pai apático, uma mãe superinteressada e muitas filhas: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia. Passamos a maior parte do nosso tempo com Jane e Elizabeth, e grande parte da terceira parte com Lydia, mas Mary e Kitty existem na “periferia” do romance.

Mas, entre as duas, Mary Bennet tornou-se uma personagem polêmica. Ao ler o texto, Austen nos mostra que Mary, apesar de ler tanto, na verdade não é muito inteligente, despreza as pessoas e age com um senso de superioridade moral. Devido à sua inaptidão social, ela fala com as pessoas, ignora as atividades familiares, mas o faz sob o pretexto de algo maior. Ela está sempre lendo, mas não capta os temas ou ideias do que está lendo. Em vez disso, são apenas… palavras em uma página.

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Eloise Bridgerton é Mary Bennet retirada da “margem” e com um papel maior.

Há coisas para admirar em Eloise e seu desejo de viver uma vida de “solteira” sem o casamento que se espera dela, combatendo as formas como a sociedade pressiona as mulheres a agir. Essas são coisas boas. No entanto, Eloise, como Mary Bennet, está sempre tentando se exibir moralmente em vez de realmente ter empatia pelas mulheres que estão tentando fazer o melhor naquela situação. Em vez de entregar um olhar pensativo de uma mulher que escolhe não se encaixar (e não de alguém que simplesmente não se encaixa), ela acaba demonstrando, através da rejeição das realizações “femininas” de Daphne, ciúmes.

*Atenção! A partir deste ponto, o post contém spoilers da segunda temporada de Bridgerton*

Durante a segunda temporada, Eloise Bridgerton foi profundamente frustrante de assistir, especialmente ao vê-la falar com Penélope, que acabou de perder o pai, todo o seu dinheiro, e é constantemente desprezada (devido a um elemento de gordofobia não discutido, mas claramente presente).

Eloise parece uma paródia de uma mulher inteligente e privilegiada porque não há profundidade em nada que ela diz. É uma peça performática da qual somos forçados a participar. E precisamos mencionar algo importante: como essa caracterização vai se encaixar quando o destino de Eloise é acabar casada com outro cara rico?

É possível ter uma jovem rica lutando contra a sociedade na televisão em uma peça de época, como é o caso da Lady Sybil de Downton Abbey. A diferença é que Lady Sybil se empenhou e, até agora, Eloise só reclamou. Se a série quer que nos importemos com ela, eles precisam nos dar mais.

Mary Bennet existir como um personagem humano falho não é uma coisa ruim, mas muitas vezes as pessoas veem o ato de segurar um livro em uma cena como um espaço reservado para inteligência e insight, substituindo uma personalidade que deveria ser genuína – o que falta tanto em Mary Bennet quanto em Eloise Bridgerton.


Post traduzido e adaptado de The Mary Sue

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