Quadrinhos sempre foram um grande meio para ilustrar uma luta.

Comics são periódicas e cinemáticas, dando a nós bastante tempo para seguir um herói em suas aventuras e uma grande quantidade de artes visuais incríveis para manter o nosso interesse. Os criadores de quadrinhos sempre utilizam essas forças formais para socar algo – de supremacistas brancos a zumbis. E a boa notícia é que além de todos esses alvos para socar, nós estamos em uma nova era de escritores e artistas socando o patriarcado, tanto na vida real quanto na arte.

A notícia ruim é que já estamos cansadas. E se você está tão cansada quanto nós, temos uma proposta a fazer. Às vezes você tem que lutar, mas em alguns momentos você pode colocar uma chaleira no fogo e mergulhar em quadrinhos fantásticos sobre personagens fictícios derrubando sistemas opressores com as próprias mãos.

Se você está no humor certo para isso, listamos dez quadrinhos para vocês passarem o final de semana lendo e sussurrando para si mesma enquanto vive indiretamente essa luta por meio dos personagens. Essa lista contém apenas quadrinhos sobre mulheres e personagens não-binárias chutando traseiros porque às vezes a gente tem que liberar essa fúria.

Lumberjanes

Lumberjanes conta a história de um acampamento para garotas fortes, tanto cis quanto trans, e crianças não-binárias também, que lutam contra criaturas sobrenaturais e contra as expectativas sociais de feminilidade. Originalmente desenvolvido por Noelle Stevenson (responsável pelo reboot de She-Ra!), Grace Ellis, Brooklyn Allen e Shannon Watters, o quadrinho tem um pouco de tudo: um grupo de cinco amigas, gatinhas sagradas (sério, gatinhas sagradas. Gatos que são sagrados. Com aura de sacramento e tudo mais) e raposas de três olhos. Esse grupo enfrenta figuras de autoridade que desejam controlar as suas vidas e definir quem elas são. A história é super acessível para crianças, e por estar sendo lançada há muitos anos, temos muitos volumes para colecionar! Os quadrinhos foram lançados no Brasil pela Devir e podem ser encontrados na Amazon e sites do gênero.

Nimona

Nimona é outro quadrinho escrito por Noelle Stevenson, e se você gostou de Lumberjanes, certamente também irá adorar esse. A graphic novel, que inclusive surgiu de seu quadrinho online, conta a história de uma jovem transmorfa e seu mentor vilanesco. Esses charmosos foras da lei e seus ataques à coroa levantam importantes questões: se alguém é o líder de uma nação ou um cavaleiro loiro bonitão, isso automaticamente te transforma no herói da história? Qual o papel da masculinidade tóxica dentro de uma competição? E se os “super-vilões” estiverem do lado certo da história? Guerra é declarada contra uma autoridade controladora, que tenta controlar o corpo de uma jovem mulher e descartar uma pessoa com deficiência – uma autoridade digna de levar um soco na cara. Os vilões conseguirão derrotar os heróis a tempo? Além de ser um livro extremamente acessível para crianças, Nimona foi indicado para o National Book Awards de 2015 e a história é realmente muito boa, divertida e profunda, agradando pessoas de qualquer idade. A Intrínseca é a responsável pela publicação no Brasil.

Kim Reaper

Kim é uma estudante em tempo integral e ceifadora em meio período, e Becka tem um crush muito forte nela. Escrito e desenhado por Sarah Graley, Kim chuta traseiros com suas mangas rasgadas, cabelo raspado e senso de justiça, enquanto enfrenta o tradicionalista Quadro de Ceifadores, que tenta puní-la por seu excesso de ambição como ceifadora. O alvo de sua vingança é – adivinhem! – Becka, sua nova amiga e crush humana. Essa história é perfeita para o público mais jovem, especialmente para aqueles que gostam de socar zumbis. Infelizmente, não foi traduzido para o português, mas a Amazon entrega no Brazil, em inglês.

Goddess Mode

Escrito por Zoë Quinn e com participação de Robbi Rodriguez e Rico Renzi em suas artes, Goddess Mode é perfeito para quem gostaria de desmantelar um regime capitalista junto com a queda do patriarcado. O quadrinho da DC conta a história de Cass, uma funcionária de TI que recebe a missão de reparar um glitch na inteligência artificial responsável por toda a organização da sociedade onde vive. Ela então acaba sendo puxada para um mundo mortal e digital além do nosso, onde descobre um grupo de mulheres super-poderosas e monstros terríveis presas em uma guerra secreta pelo código de nossa realidade. Goddess Mode é o cruzamento entre dois gêneros: cyberpunk e garotas mágicas. A história faz parte de um nicho da DC dedicado ao público adulto, e conta com linguagem inapropriada e violência explícita.

Paper Girls

Se você é fã de Stranger Things mas preferia seguir a história de um grupo de garotas, Paper Girls é perfeito para você. KJ, Erin, Thifany e Mac tentavam entregar jornais na manhã do dia seguinte ao Halloween e coisas estranhas acontecem. 1o de novembro de 1988, nunca esqueça desta data, porque o tema da história é viagem no tempo. Essas garotas enfrentam monstros mascarados e acabam envolvidas em uma batalha pelo controle da linha do tempo. E além disso, a história tem dinossauros. Os quadrinhos são publicados no Brasil pela Devir.

Bitch Planet

“Mãe Terra, costumávamos dizer, antes de entendermos. Antes de conhecermos os céus, de viver aqui e sentir o seu caloroso abraço. O espaço é a mãe que nos recebe, entende? A Terra é o pai. E seu pai… te expulsou”. Bem-vindas a um planeta prisão cheio de mulheres que foram encarceradas por “não se comportarem”. Devido a estrutura patriarcal deste mundo (futurista?), isso pode ser qualquer coisa, de forma nada surpreendente. “Invasão”, “gula”, “orgulho”. O governo corporativo é integralmente controlado por pessoas que apoiam o status quo patriarcal. Uma verdadeira obra-prima escrita por Kelly Sue DeConnick (autora de Capitã Marvel!), com arte de Valentine de Landro, esse título é perfeito para você que está se sentindo presa e gostaria de ler um pouco sobre revolução. Bitch Planet apresenta uma enorme quantidade de diferentes mulheres, com todos os tipos de corpos, se transformando em uma comunidade para destruir de vez o governo opressivo. A história possui grande quantidade de violência e nudez, então talvez não seja a mais indicada para públicos mais jovens.

Moonstruck

Entre em um café absolutamente normal, com almofadas aconchegantes, um excelente expresso e calorosas boas-vindas de uma equipe amigável – composta por uma lobisomem queer chamada Julie e um centauro não-binário chamado Chet. Esse é o mundo de Moonstruck, escrito por Grace Ellis e desenhado por Shae Beagle. Julie costuma ter pensamentos negativos sobre seu lado lupino e tenta escondê-lo, mesmo quando outras pessoas demonstram que não há nada de errado com ser como ela é. Mas quando uma força exterior tenta ditar qual seria o significado de “perfeitamente normal”, forçando este conceito sobre os corpos das criaturas fantásticas, as coisas mudam. Sigam essa aventura por meio de vilões e paqueras, além das profecias crípticas da bruxa barista detrás do balcão do bar. A história é indicada para todos os públicos e pode ser especialmente boa para quem deseja encontrar representatividade de desconformidade de gênero e diversidade de corpos e figuras.

Heavy Vinyl

Vamos retornar aos anos 1980 para conhecer um clube de luta para garotas. Heavy Vinyl (anteriormente conhecido como Hi-Fi Fight Club) foi escrito por Carly Usdin e ilustrado por Nina Vakueva, e conta a história de Chris, uma garota contratada por sua loja de discos preferida. Ela pensa que só teria que lidar com os consumidores misóginos e com seu crush em sua colega super-fofa, Maggie, mas a cantora preferida da equipe, vocalista da banda Stegosaur, desaparece na noite antes de seu grande show. Chris acaba se unindo ao grupo secreto de roqueiros detetives vigilantes na busca pela vocalista e por alguma justiça. Outra história indicada para todos os públicos!

Joyride

“A Terra é uma bosta, vamos roubar uma nave espacial”. Essa é a grande premissa de Joyride, escrito por Jackson Lanzing e Collin Kelly, com desenhos de Marcus To. Um grupo improvável de três adolescentes resolve se opor ao Governo Mundial, que está impedindo que qualquer um deixe a Terra, esmagando toda a resistência às suas regras com tremenda violência. Em vez de se juntarem ao grupo de crianças militarmente treinadas pelo Estado, Uma Akkolyte e seus dois amigos decidem partir após receberem um sinal de socorro de fora de SafeSky, a barreira de proteção ao redor do planeta. A série já foi finalizada, então é possível ler do início ao fim, já que são apenas três volumes. Infelizmente, ainda não foi publicada em português, mas vale a pena tentar a leitura.

Safe Sex (lançamento em breve)

Pouco ainda foi divulgado sobre esse título porque ele começará a ser publicado no final deste ano, mas Safe Sex, escrito por Tina Horn e com arte de Mike Dowling, promete ser uma obra-prima queer sobre luta pela liberdade em um mundo em que o sexo e o prazer são vigiados e regulamentados. Se preparem porque Horn planeja causar impacto com seu grupo de rebeldes sexuais. E ah, esse aqui? Definitivamente não é para crianças.

BÔNUS: Cosmoknights

Escrita e ilustrada por Hannah Templer, Cosmoknights começou a ser publicada este ano. E por se tratar de um quadrinho online (com lançamentos às terças e sextas), resolvemos incluir como um bônus (apesar de que uma graphic novel deverá ser lançada até o final do ano). O roteiro é o seguinte: “Para esse desorganizado grupo de gays espaciais, liberação significa derrotar o patriarcado em seu próprio jogo”. E tendo como base o primeiro capítulo, Templer começou sua história com a fuga de uma princesa de um casamento arranjado, com ajuda de um amigo. O quadrinho é absolutamente lindo (e gratuito).

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Boa leitura!


Fonte: EletricLiterature

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