Com o lançamento do filme da Capitã Marvel, a editora Panini aproveitou para lançar algumas HQs da personagem que, até então, tinha pouco material solo por aqui.
Fiquei bem feliz com o lançamento de Capitã Marvel – Mais Alto, Mais Longe, Mais Rápido e Mais, com roteiro de Kelly Sue DeConnick, arte de David López, cores de Lee Loughridge, lançada pela Panini.
Para ter uma noção de como demorou para sair esse material aqui (e é algo até relativamente comum quando se trata de super-heróis que não são de destaque), essas histórias saíram originalmente em 2014 e permaneciam inéditas no Brasil.
Mas legal que foram lançadas e num momento em que a personagem se encontra em evidência.
Carol Danvers é uma Vingadora e exímia pilota do planeta Terra. E Tony Stark sente falta de uma representação dos Vingadores no espaço, especialmente após o sumiço de um grupo de refugiados na região do mundo Anelar. Ela se candidata e termina sendo essa representante dos Vingadores no espaço. O que pode ser algo bom e ruim.
O livro já começa com o pau comendo no Posto Avançado Maniaciano, no planeta Ursor 4. Acompanhada de Tic, Abelha, Jackie e Gil, personagens então desconhecidos, Carol Danvers está atrás de algo. Mas sendo seguida pela polícia Secreta Spartax a situação se desenrola para uma fuga corrida e o sumiço de Tic.
Mas quem é Tic?
Daí que a história volta para situar o leitor sobre como Carol Danvers está na Terra, como se aliou aos Guardiões da Galáxia – sim, eles também estão aqui – e partir na missão para entender o problema da cidade-colônia do planeta Torfa.
Esta HQ é aventura pura. Começa frenética, mas não tem medo de parar, voltar, explicar e engatar a velocidade da luz da porradaria.
Cada capítulo tem a divisão de uma edição lançada separadamente. Significa que a estrutura de cada um deles é para ter um final com gancho, desenvolvimento explicativo e um começo que puxe algum ritmo de leitura, sempre com algo rolando.
Isso deixou a leitura dinâmica, rápida e que não dá vontade de parar. O roteiro não é complexo e é uma típica aventura espacial da Marvel. Seus acontecimentos são decorrentes de Vingadores – Infinito, saga na qual a raça dos Construtores destruíram vários planetas e, até então, seus atos ecoam história adentro. Inclusive, eles são citados regularmente neste encadernado.
A participação dos Guardiões da Galáxia com a formação do filme é supimpa! Mas no contexto do universo Marvel dos quadrinhos, em que Peter Quill é filho do Imperador Spartax, isso lhe traz consequências.
Só que, quem rouba mesmo a cena é, claro, o Rocket Racoon! E aqui destaco as interseções que rolaram entre a HQ e o filme. O pet de Carol Danvers, Chewie, que é um gato, levanta a mesma ~crise que no filme, mas sem ter o mesmo desenrolar. Só que com o Rocket Racoon surtando por causa dele. O que é MARAVILHOSO!
Outras interseções que acontecem são o próprio título do gibi, que Carol fala em conversa com Maria Rambeau enquanto sobe numa aeronave e o planeta Torfa que existe.
O roteiro, ainda que simples, aborda superficialmente questões políticas. Inclusive porque Marvel no espaço tem essa coisa de impérios dominadores, autoritários recheados de fascistas que abusam do poder bélico. Tudo isso é uma analogia para fatos que existem na realidade e que terminam sendo contados na fantasia.
Daí que é legal quando a autora mostra que maioria (talvez todas? Huuum) das decisões políticas são tomadas baseadas em interesses e são frutos de um contexto de vantagem. Nenhum político decide atacar ou invadir um país/território/planeta sem que exista um interesse material para validar aquilo. (Trump quem o diga)
A arte da HQ não tem super destaques, mas é bem boa. Limpa, dinâmica, de cores vivas e boas expressões, sua narrativa gráfica ajuda na leitura gostosa, retratando com vivacidade as cenas.
Rolam momentos com pegada épica, principalmente quando a Capitã está no espaço, pronta para lutar ou desbrava-lo. Os quadros são mais panorâmicos, pegando todo o cenário e a tendo no centro, deixando-a imponente. Bem legal de ver na história além de ser bonito.
A obra tem uma mensagem legal. Tanto por mostrar Carol poderosa, não ter arte que a hipersexualiza e contar a história de um povo que, por terem perdido sua terra-pátria, são colocados em outra terra/planeta até que seja do interesse de alguém retirá-los de lá novamente. É uma discussão legal numa HQ de supers, forma leve e animada para tratar tais assuntos e ver a Carol Danvers chutando bundas, nas HQs ou no cinema, é sempre muito legal!
A edição tem capa dura, miolo em couchê e extras de capas variantes.
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E quem quiser assistir à nossa crítica ao filme da Capitã Marvel, sem spoilers, clica aqui!
Belle Felix, ou Lilo para os íntimos, não sabe dançar a hula, mas veste sua roupa de coelho e tenta sempre fazer seu melhor!
Tradutora do material da editora Valiant no Brasil, resenhista no Universo HQ e tem um site e canal no YouTube, o Plano Infalível.
E, sim, pretende dominar o mundo.
