Temos algumas opiniões sobre como essa história se perdeu!

No dia 31 de dezembro de 2020, chegou à Netflix, a quarta e última parte, da série O Mundo Sombrio de Sabrina. A produção, que estreou em 2018, reinventou a história da bruxa adolescente, inspirado no quadrinho homônimo de Roberto Aguirre-Sacasa, e com ilustração de Robert Hack.

Apesar de ter sido cancelada prematuramente, a gente tinha a expectativa de que as aventuras da jovem bruxa tivessem um desfecho bem legal, tendo em vista o potencial das personagens, os diferentes arcos em desenvolvimento, e os diversos cenários onde se passa a história. Mas, no final, o que tivemos foi uma bela decepção.

ATENÇÃO! ALERTA DE SPOILERS!

Se você não viu, ou não terminou de ver, O Mundo Sombrio de Sabrina, pare sua leitura aqui mesmo! Ou continue por sua conta e risco! E não venha dizer que não foi avisada!

Pontos positivos: (porque não foi uma desgraça completa)

Pelo menos teve fim, e não foi como o final de Game of Thrones

Não foi o pior final possível. E ao menos teve um final. Os cancelamentos não dependem do nosso amor por nossos personagens favoritos e todo ano alguma série termina sem ter fim. A gente pode não ter gostado, mas pelo menos O Mundo Sombrio de Sabrina teve um final.

Um episódio realmente memorável

O melhor episódio desta quarta parte e, talvez, um dos melhores da série, é o “Capítulo 35 – Sem Fim”, em que Sabrina Morningstar encontra rostos muito familiares e explora o limite entre a ficção e a realidade. O episódio brinca com elementos e até mesmo com o elenco da série original, com muito humor e inteligência.

chilling_adventures_of_sabrina_aunts and original aunts - Netflix - Divulgação

Referências a Lovecraft

A ameaça d’Os Terrores do Sobrenatural faz referência a mitologia criada por H.P Lovecraft, considerado um dos mais importantes romancistas do gênero de terror do mundo, que revolucionou a literatura de terror, com elementos fantásticos típicos da fantasia e da ficção científica.

Ótimo elenco e personagens carismáticos

chilling-adventures-of-sabrina-kiernan-shipka-cast-part-4-- Netflix - Divulgação
Imagem: Netflix

Como não amar as tias Zelda e Hilda e o primo Ambrose? Quem não teve vontade de fazer parte do Clube do Medo com Ros, Theo e Harvey? Ou ter uma amizade tão forte como as Weird Sisters com Prudence, Agatha e Dorcas? Ou não se encantou com a enigmática Mambo Marie? Ou não torceu por Lilith?

Representatividade

Além da participação de pessoas negras como personagens de relevantes para a narrativa, em O Mundo Sombrio de Sabrina, a representatividade de gênero também é muito importante. Theo é um personagem não-binário. Ambrose, Prudence, Nick e Zelda são bisexuais. E tudo bem!

O sacrifício de Sabrina Spellman e Sabrina Morningstar

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Imagem: Netflix

Ao abrirem mão de suas vidas imortais para salvarem a humanidade, e o Inferno, as duas Sabrinas acabaram se tornando heroínas lendárias, mais fortes e corajosas do que qualquer um de seus inimigos. Uma inspiração para as futuras gerações de jovens e de bruxas. Além disso, a forma como ocorreu foi inesperada e surpreendeu o público.

A força do feminino

Desde o começo, notamos que a série criticava o machismo e caminhava para um empoderamento feminino. No começo da última parte, foi empolgante assistir a união entre as mulheres, que passaram a cultuar a deusa Hécate. Por ser uma série de bruxaria, essa foi uma grande oportunidade de apresentar um pouco sobre a religião da deusa. Nesse quesito, algumas cenas mostrando a união entre as mulheres, foram muito boas, como a do simbolismo e o poder do parto.

Agatha voltou para as Weird Sisters

Antes do fim, tivemos o resgate de Agatha. Ela parecia estar definitivamente perdida em sua loucura, mas Dorcas a perdoou e Agatha pode voltar para o lado de Prudence, sua amada “irmã”.

Pontos MUITO negativos

Ignora todo o desenvolvimento de Sabrina

Tínhamos esperanças de que o final seria grandioso para Sabrina. Nesta última temporada, poderia ser oportunidade de abertura para muitas reflexões e temas relevantes. Sabrina é uma personagem carismática, leal, determinada, forte, inteligente e poderosa. E tinha como aliados bruxos e bruxas fantásticos! Mas, do nada a série se desviou desse caminho. No arco final, Sabrina ficou perdida, confusa, carente e tomou atitudes inconsequentes e sem sentido.

Os Terrores do Sobrenatural não causam medo, ou tensão, em ninguém

chilling-adventures-of-sabrina-kiernan-shipka-cast-part-4-CAS-209- Netflix - Divulgação

Imagem: NetflixApesar do visual assustador, não passavam de ‘vilões da semana’ bem mais ou menos. Cada episódio era um inimigo a ser enfrentado, e isso quebrava o ritmo da história e o desenvolvimento. Os bons vilões das temporadas passadas, como a galera do Inferno, eram bem mais interessantes, mas não tiveram muito o que fazer nessa reta final.

Perderam a oportunidade de utilizar bem os elementos do sobrenatural

Os bons elementos de bruxaria que apareceram nas outras temporadas, a ligação com a natureza, com o paganismo, com a ancestralidade, com mitologias de deuses e deusas, como a própria Hécate, no final tudo foi jogado de forma conturbada e acelerada.

A romantização da morte de Sabrina e de Nick

A morte aqui é vista como algo romantizado, principalmente a forma como o personagem Nick resolve se unir com Sabrina, retirando a própria vida. Ou seja, a série traz como contexto que isso seria um final feliz. Matando não só os personagens de forma grotesca, como a própria série. O diretor perdeu tanto o foco da história que não percebeu como isso é errado para uma produção com um público de milhões de adolescentes.

No fim, Lilith ficou parecendo uma mulher descontrolada e vingativa

chilling-adventures-of-sabrina-cast- Netflix - Divulgação

Lilith, a primeira mulher e regente do inferno, fica na maioria dos episódios desta quarta parte, assustada e enlouquecida. Nem parecia a figura poderosa e determinada das temporadas anteriores. No fim, ela mata seu próprio filho, mutila e tortura Lúcifer. Uma imagem feminina muito distorcida em uma série que tratava de empoderamento feminino e o fim do patriarcado.

E você, o que achou da quarta e última parte de O Mundo Sombrio de Sabrina? Do que você gostou e do que você não gostou? Que final alternativo você faria para a série? Compartilhe sua opinião com a gente!

Este texto foi produzido colaborativamente por Gabi Orsini, Luciana d’Anunciação, Nathalia Santos  e Vitória Xavier.

Leia também O Mundo Sombrio de Sabrina: Por que é tão difícil produzir um bom conteúdo envolvendo bruxaria?

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