Dica super sexy pro Halloween!

Em 2016, a diretora de cinema feminista Anna Biller lançou o filme The Love Witch (A Bruxa do Amor, em tradução livre) e ele tem feito parte da minha coleção regular de filmes de Halloween todos os anos desde então. Não apenas porque o filme é lindo, com uma estética perfeita e emocionalmente fascinante, mas por causa de como o amor de Biller pelo terror e seu olhar feminista permitem que ela crie um filme que pode trazer lágrimas de riso e angústia.

O filme começa com Elaine (Samantha Robinson), uma bela jovem bruxa, dirigindo para Arcata, Califórnia, para começar uma nova vida após a morte de seu marido Jerry (com muitas pessoas tendo a audácia de suspeitar que ela o matou, acreditam?). Mas Elaine está apenas procurando um novo amor. Armada com feitiços, beleza e uma maquiagem digna das deusas, ela seduz os homens – mas quando ela fica entediada com eles, eles tendem a encontrar fins sombrios. É realmente culpa dela?

“Terror feminista” é um nome complicado pra dar ao filme, mas penso que juntar terror com feitiçaria dá muito pano pra manga. Quando penso no potencial do que eu poderia ser na vida, muitas vezes volto correndo para The Love Witch.

Biller usa a bruxa no filme como uma metáfora para as mulheres (e sim, esta é uma descrição muito restrita da feminilidade, considerando que estamos seguindo uma mulher branca, cis e supostamente hétero) mas também pra todo o medo, desejo e raiva que a bruxa (e logo das mulheres) contém.

Enquanto alguns usariam essa análise para fazer de Elaine uma personagem perfeitamente inocente, Biller vai um pouco mais fundo. Quando vemos Elaine no início do filme, ela já é uma assassina. Não entendemos da história de origem, mas sim da maneira como ela fala sobre trauma, amor e relacionamentos anteriores, mas entendemos que esta é uma personagem que já foi queimada e não está interessada em continuar a alimentar esse fogo.

A feitiçaria é uma forma de Elaine reivindicar seu poder, de não ser mais a vítima, mas de ser ela mesma a figura predatória.

Como alguém que assistiu The Love Witch depois de um baita desgosto amoroso, percebi que grande parte do filme falava da raiva emocional e da exaustão que eu sentia. Era revigorante ter a escuridão do amor transformada em algo tão intoxicante e catártico.

Biller quer permitir que a bruxa fosse uma vilã, mas não apenas como uma mulher cansada. Em vez disso, ela consegue atingir isso mostrando como Elaine tem fome de um amor verdadeiro, mas também que aprendeu a temer o apego. O filme examina amor, desejo e narcisismo, todos envoltos em um só por meio de Elaine, cuja afeição é tão mortal quanto sua apatia.

Gosto do filme porque, como um bom filme slasher (subgênero de filmes de terror quase sempre envolvendo assassinos psicopatas que matam aleatoriamente.), ele nos dá uma protagonista vilã que é envolvente.

Eu entendo Elaine e embora eu também possa ver que ela é, em última análise, uma assassina perigosa, eu adoro que o filme tenha permitido que a personagem tivesse os dois elementos.

É uma nuance essencial no terror, em que a pessoa que mata é tão importante para o funcionamento da narrativa quanto as vítimas.

O olhar feminista nos filmes de terror significa a liberdade de fazer mais do que apenas ser a pessoa que está tentando escapar da faca ou sendo empurrada para baixo devido ao patriarcado. Significa criar um personagem que disse “dane-se as regras, eu tenho feitiçaria” e ir atrás disso com unhas vermelhas e um sorriso malicioso de autossatisfação.

Vejam e atestem por si próprias.


Texto traduzido e adaptado do TheMarySue.

LEIA MAIS:

Seis filmes de terror feminista pra quem está cansada de machismo no gênero

Um novo tipo de “última garota”: como o papel da mulher nos filmes de terror está evoluindo

Compartilhe: