Essa sim é a verdadeira batalha entre os fãs de Jane Austen

Apesar de termos várias adaptações do romance mais popular de Jane Austen, as duas mais populares são a minissérie de 1995, estrelada por Colin Firth como Darcy e Jennifer Ehle como Elizabeth Bennet, e o filme de 2005 estrelado por Matthew Macfadyen e Keira Knightley, ocupando os mesmos papéis.

Algumas pessoas podem dizer que amam as duas versões, afinal elas apresentam duas experiências completamente diferentes.

O filme de 2005 é mais espetacular, e realmente foca nas emoções cruas dos dois personagens, trazendo para fora cada momento que constrói a importância de suas paixões. Já a versão de 1995, apesar de ter um tom mais leve, apresenta uma visão mais completa do mundo criado por Austen, e permite que os elementos cômicos e políticos ganhem destaque, assim como faz o romance.

Mas esse texto não quer trazer a paz, e sim criar o caos ao defender que a minissérie de 1995 é a versão superior afinal de contas, muahahaha!

Antes de continuar, é preciso dizer que essa visão veio junto com bastante amadurecimento, porque eu genuinamente odiava a versão de 2005. Quando assisti pela primeira vez, eu pensei que apesar das atuações serem excelentes, o filme não foi capaz de me fazer sentir nada que eu já não sentia anteriormente conhecendo a obra, o que é um problema na maior parte das adaptações das obras de Austen. Porém, acima de tudo, os sentimentos apaixonados que o filme tenta trazer à vida parecem exagerados, e a versão de Elizabeth de Keira Knightley parece moderna demais.

Infelizmente o que acabo de dizer pode soar muito pretencioso, então deixem-me terminar a argumentação: isso não quer dizer que eu ache que é uma atuação ruim, porque ela é uma ótima atriz, mas sua Elizabeth não parece diferente de sua Georgina em A Duquesa (2008), ou de seu papel em Colette (2018). Ela possui um visual perfeito para dramas de época, mas talvez por isso acabe interpretando apenas o mesmo tipo de personagem, e eles acabam se misturando – não por falta de capacidade, mas porque esses filmes acabam seguindo um padrão idêntico de roupagem proto-feminista. E embora eu entenda o que Joe Wright queria fazer dos Bennets, e de todo o filme, com esse visual menos “limpinho”, às vezes isso parece falso – especialmente com a situação financeira da família Bennet.

Eles são aristocratas – aristocratas azarados, mas ainda assim aristocratas – e apesar de as coisas pioraram para eles com o tempo, levaria algumas décadas até que a Grande Depressão da agricultura britânica viesse a afetar esse ramo em particular em que se encontrava a família Bennet.

Eu também amo Lizzie porque ela é uma personagem com defeitos, e eu acho que na minissérie você realmente pode perceber como os seus sentimentos sobre Darcy mudam durante a história, e como eles acabam juntos. A versão de 1995 faz com que sua história de amor seja menos previsível. É como uma jornada entre duas pessoas que se preocupam uma com a outra, mas também são dois babacas arrogantes.

Afinal de contas, eu acho que a versão preferida sempre será aquela que reflita a forma como você imagina os personagens.

Eu acho que a versão de 2005 certamente dá mais foco à estranheza social de Darcy, enquanto a minissérie dá mais foco em sua natureza orgulhosa. Keira Knightley parece capturar o espírito do que as pessoas querem que Lizzie Bennet seja. Mas para mim as adaptações de Jane Austen deveriam parecer mais com a sua obra, e não com um romance de Charlotte Brontë.

Falando sobre todas as adaptações de Orgulho e Preconceito, acredito que a melhor seja a de 1995, seguida por The Lizzie Bennet Diaries (2012) e então o filme de 2005. Todas elas são excelentes, mas únicas ao revelar as diferentes maneiras que Austen pode ser interpretada dependendo de quem está sentado por trás das câmeras.

Mas pra encerrar, preciso ser sincera sobre algo no filme de 2005: aquela cena da mão… Que tapa na cara.


Texto traduzido e adaptado do TheMarySue.

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