Deu até arrepio!
Alerta de spoilers do episódio 1015 do anime de One Piece!
One Piece é uma história muito completa, cheia de muitos acertos e alguns erros que a gente faz o possível para relevar, porque o que realmente importa da história é maravilhoso – não à toa é um dos poucos mangás a entrar no Livro Guiness de recordes mundiais de venda. Mas aqui admito que também sou suspeita pra falar, já que acho o mangá o melhor shounen já criado.
De toda forma, vamos só citar alguns dos problemas: assistir uma adaptação do mangá feita pela Toei Animation é um verdadeiro exercício de paciência – são muitos fillers, muitos episódios com flashbacks longos, repetitivas cenas de luta que só não são mais lentas que as de DBZ, alguns episódios com animação muito mal feita e um conjunto insuportável de fanservice (se Eiichiro Oda admite não saber desenhar mulher, Toei termina o serviço com zoom desnecessário em peito e bunda e o uso excessivo de piadas com assédio para efeito de alívio cômico). Mas hoje esqueci de tudo isso. Quase chorei, tive arrepios, gargalhei e fiquei com aquela sensação de estar vivendo os 45 minutos de final de segundo tempo de um jogo da copa com o Brasil a ponto de ganhar um hexa numa vingança específica contra a Alemanha.
Adaptado do capítulo 1000 do mangá, o episódio 1015 do anime foi feito com um carinho especial para os fãs. Aqui a Toei focou completamente na excelência da história, sem perder tempo com nada que preenchesse espaço. Caprichou no traço, na direção e em toda a técnica de animação. Foi um espetáculo. E pensar que o episódio sobreviveu ao ataque hacker na empresa torna tudo ainda mais surpreendente.
Na verdade, tudo estava sendo programado pra que esse episódio fosse perfeito, e teve até comercial em live-action para comemorar. Muita gente já esperava esse momento com ansiedade. Para mim, felizmente, minhas expectativas foram cumpridas – até mais! Fazia tempo que não me sentia assim assistindo o anime, e fiquei feliz por ser lembrada do porquê gostar tanto dele.
Não tem nada mais prazeroso que ver pontas soltas sendo finalmente conectadas, mas o episódio deu muito mais que isso. Matou a saudade de todos que sofreram muito com a morte de Ace, aprofundou o passado de um dos personagens mais fodas que apareceram recentemente no mangá (Yamato), reviveu todos os momentos mais marcantes do arco de Wano em pequenos (aleluia) flashbacks, socou adrenalina em todo mundo que esperava um embate frontal entre Luffy e os dois Yonkou mais sórdidos da história. Sim, Barba Negra também é um Yonkou sórdido e um vilão que a gente mal pode esperar para ver tomar umas sovas daquelas bem dolorosas, mas ele nem tem tempo de vida suficiente para superar tudo que Kaido e Big Mom já causaram no mundo em questão de danos. Barba Negra é a razão de Ace e Barba Branca morrerem, e tem o potencial de dar um tremendo trabalho numa possível batalha contra Luffy no futuro, mas uma batalha contra ele nunca teria o mesmo peso. A questão aqui é que essa luta do Luffy contra Kaido e Linlin é literalmente o clímax de toda a história.
Aliás, Yamato foi essencial pro episódio ser o que foi. Ele é um personagem precioso que quero proteger com todas as minhas forças! Fiquei feliz de finalmente ver um personagem assim, com aparência feminina, ser retratado de forma um pouco menos objetificada. Ele é forte e direto sobre como gostaria de ser chamado, no masculino. Espero que os fãs respeitem isso porque é o mínimo que ele merece. Que visão fantástica ele conduziu nesse episódio, unindo a linha dos D. e igualando o Luffy a Roger! Queria morar nesse ponto de vista.
O final, todo contornado numa intensa luz vermelha, fez o primeiro soco do Luffy em Kaido, banhado em sangue e lágrimas de Kin’Emon, ser ainda mais emocionante. A dublagem, a música de fundo, as rápidas memórias se juntando… Tudo foi perfeito. Assisti duas vezes só pra garantir. E pelo visto não fui a única a me sentir assim. Os comentários na Crunchyroll mostravam uma galera em êxtase:
Para os próximos episódios (apesar de já saber que vem mais filler por aí e mais trapalhadas imbecis de Sanji), quero ainda poder ver uma batalha épica ao som de uma trilha sonora clássica como foi a batalha de Luffy e Crocodile (Sinfonia No. 9 de Dvorak em Mi Menor, para quem quiser relembrar). Quero aquela expectativa da batalha contra Enel e Rob Lucci. O final teatral como foi na batalha contra DoFlamingo. Só que desta vez, tudo maior! Todas as batalhas sendo épicas, unindo os maiores piratas da antiga geração e da geração dos piores.
Enfim. O episódio 1015 foi uma experiência extraordinária e eu raramente sinto isso vendo anime. Fico imensamente feliz de estar viva na mesma época onde One Piece está sendo lançado ao vivo, e acompanhar essa história é uma das minhas maiores alegrias.
Assistam!
Imagens: TOEI Animation | Crunchyroll
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Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).
