Uma atuação de destaque e mais uma prova do talento subestimado da atriz.

Este texto é uma tradução do artigo escrito porStefania Sarrubba para o The Mary Sue.

Ontem à noite tive o prazer de assistir Spencer, o “drama biográfico psicológico” dirigido por Pablo Larraín, escrito por Steven Knight, e estrelado por Kristen Stewart como Diana, a Princesa de Gales.

O filme não é totalmente preciso em termos de eventos reais. Spencer faz uma ficção e se concentra no estado emocional de Diana no final de seu casamento, enquanto ela está presa no frio e sombrio Royal Sandringham Estate durante o Natal.

No início de Spencer, por um momento, foi difícil separar Kristen Stewart, a atriz, de Diana. Stewart é apenas alguns anos mais velha do que eu e vi a inúmeros filmes estrelados por ela depois de assistir Speak (O Silêncio de Melinda, 2004).

Existem tiques e maneirismos associados com a atuação dela e além disso ela tem um rosto que é muito específico. Mas assim que comecei a entender que Larrain estava capturando a essência da dor de Diana com Stewart, não tentando capturar a dualidade de sua imagem pública versus privada, a performance lentamente se transformou em algo natural.

Então comecei a perceber que excelente escolha Stewart era num sentido mais amplo. O maior filme de Stewart foi, sem dúvidas, a enorme franquia Crepúsculo e com seu papel central veio o escrutínio público interminável. Ela vem de uma experiência privilegiada na indústria do entretenimento, mas sempre se moveu com óbvio desconforto dentro dela. Na época em que o contrato da saga Crepúsculo foi assinado, ninguém envolvido esperava que a trilogia se tornasse um fenômeno tão grande, apesar da popularidade que os livros tinham no gênero de ficção infantil.

Bella Swan era um papel meio chocho e muito difícil de traduzir para um filme simplesmente porque toda a “personagem” era muito isolada e estranha. E Stewart teve que capturar isso na tela, muitas vezes sendo lida como se estivesse “interpretando a si mesma”, apesar do fato de que Stewart é encantadora na vida real.

Como muitas mulheres aos olhos do público durante os anos 2000, tudo que Stewart disse foi criticado tanto por aqueles que eram pró e anti-Crepúsculo. Ela se tornou o avatar de tudo que é puritano e machista na série. Tanto é verdade que o ressentimento continuou, apesar dela passar a ser elogiada em outros papéis. Não importa que a maioria dos atores tenha maneirismos semelhantes quando atuam, esses aspectos foram usados ​​contra Stewart ainda mais.

Seu escândalo de traição com o diretor Rupert Sanders de Branca de Neve e o Caçador explodiu muito da imagem hiperfeminina que estava ligada nela, mas mesmo em face do escrutínio, Stewart conseguiu realmente se impor.

Ser franca sobre sua bissexualidade, namorar mulheres abertamente e se inclinar para ser um símbolo LGBT foi uma confirmação de sua força.

Tem uma liberdade que ela agora possui que vem com o fato de não precisar mais ser o ídolo da cultura pop que a sociedade empurrou nela. Um papel que a isolava de outras mulheres, afastava seu senso de identidade e a forçava a situações contra sua escolha.

Stewart traz todos esses elementos díspares de sua própria experiência para sua vez como Diana Spencer. Quando o filme parece melodramático, é ancorado pela dor em seu rosto, nos olhos. É uma performance cativante porque parece muito diferente do seu trabalho no passado, mas uma continuação orgânica da jornada de Stewart não apenas como atriz, mas como figura pública.

Spencer não é uma história tão rígida quanto a biografia anterior do diretor Larrain, Jackie (2016), mas Stewart teve um excelente desempenho como mulher, esposa, mãe e ser humano sufocada pelo privilégio em que nasceu e a qual foi forçada.


Texto traduzido do The Mary Sue.

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