Chamas da Vingança, a mais recente adaptação de Stephen King, falhou como todas as outras. Por que isso acontece?

Chamas da Vingança (Firestarter, no original) é o mais recente de uma série de remakes recentes e fracassados ​​de adaptações de obras do Stephen King. O novo filme recebeu críticas esmagadoramente negativas, rotulando-o como ainda pior do que o filme de 1984, estrelado por Drew Barrymore. Adaptar romances já é difícil, com a pressão das expectativas dos fãs e tendo que seguir uma história já existente. Mas tudo piora quando se tem que adaptar algo que já foi feito antes. Podemos até considerar que, se falhou, geralmente se tem modelo do que não fazer, mas isso não garante o sucesso.

As adaptações para os cinemas dos livros de Stephen King sempre tiveram níveis mistos de qualidade. Para cada Carrie, O Iluminado (The Shining), À Espera de um Milagre (The Green Mile) e Um Sonho de Liberdade (Shawshank Redemption), também houve A Torre Negra (The Dark Tower), Chamas da Vingança  e It Capítulo 2. O que faz uma boa adaptação do trabalho de King e o que leva a um fracasso?

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Quando o novo It saiu em 2017, foi um sucesso esmagador. Houve elogios para o elenco jovem, a narrativa foi ótima e rolaram alguns sustos legitimamente bons. Sabia o que cortar (cena de orgia infantil) e o que manter.

Então It Capítulo 2 saiu dois anos depois e foi um filme chato. O elenco foi perfeito, mas faltava um pouco do coração. Ele também teve que trazer de volta as crianças da edição anterior, por conta da popularidade, e aqui temos um problema: quando você faz um filme de sucesso, a pressão vem para fazer algo maior e mais ousado.

Embora chamativos, os trabalhos de King não são poderosos por causa de grandes momentos barulhentos, mas por causa das questões emocionais. Os momentos de puro terror que são mais humanos do que sobrenaturais, porque retratam a honestidade da brutalidade humana.

Cemitério Maldito (Pet Sematary) de 2019 pegou um dos romances de King mais emocionalmente dolorosos e simplesmente retirou todos os verdadeiros momentos de profundidade. Ele fez escolhas preguiçosas e se beneficiou do sucesso de It, apesar de (a) não ser assustador (b) reduzir todas as personagens femininas e (c) mudar o final de puro horror para algo sem graça.

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De muitas maneiras, o problema é que, para muitos, o horror é apenas sobre os sustos. Mas é fato que os melhores trabalhos de Stephen King são sobre transformar o cotidiano em aterrorizante, partindo de estudos de caráter de pessoas medianas que têm a escuridão em suas raízes e eventualmente se apresentam para assombrar a próxima geração.

Minha parte favorita em Carrie (1976) não é a cena de vingança, mas quando ela é anunciada como Rainha do Baile e a caminhada lenta que ela e Tommy fazem em direção ao palco. Aquela soberba tensão hitchcockiana de saber que algo terrível está para acontecer e ninguém sabe o quê. Além do som de aplausos, tudo o que você realmente ouve é a pontuação vacilando entre o momento do conto de fadas e o thriller. É a construção de tudo. A inevitabilidade da tristeza.

E o filme faz isso com um orçamento muito menor do que It Capítulo 2. Não que seja uma adaptação perfeita, mas é fato que está comprometida com a arte do horror, da tensão, do conflito. O mesmo vale para O Iluminado.

Contar histórias é importante, e muito mais do que ter apenas um grande orçamento.


Texto traduzido e adaptado de The Mary Sue

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