Uma ótima personagem que merece um filme próprio.

Atualmente, três estúdios – Marvel, Sony e Universal – coletivamente são donos de todo o panteão dos personagens da Marvel Comics. Apesar de a Marvel Studios ter a maior parcela, outros universos ganham relevância ultimamente. É o caso do sucesso de Aranhaverso, da Sony, e do lucrativo apesar de criticado, Venom. Além disso, estão nos planos da empresa uma sequência para Venom e o filme de Morbius. Kraven, Caçador e Gata Negra também estão sendo desenvolvidos. Apenas o tempo dirá se a trajetória dos filmes da Sony no Universo da Marvel irão se espelhar no MCU ou no Universo conturbado da DC, mas a Sony não parece ter qualquer intenção de parar por aí.

A menor parcela de personagens da Marvel está nas mãos da Universal. Sua pequena parte está no momento “emprestada” ao MCU, sendo o miniverso de Hulk a parte mais relevante. E a She-Hulk merece ser a protagonista nessa parcela.

Não é difícil entender o porquê de a Universal não ter feito muito com seus direitos sobre o grandalhão esverdeado. Os seus filmes sobre o Dr. Bruce Banner foram longos e turbulentos, e após duas tentativas sem muito sucesso, Mark Ruffalo dominou completamente os nossos corações com seu jeito geek e esmagador de Bruce Banner e do Grandalhão Verde. E assim sequer a história de origem de Hulk seguiu o personagem para o MCU. Quem é Betty Ross mesmo?

Mas ninguém têm sido deixado tão de lado quanto a advogada Jennifer Walters, também conhecida como She-Hulk. Após uma transfusão inconsequente de sangue de seu primo, Bruce Banner, ela acaba se tornando uma importante super-heroína. Já tendo se unido aos Vingadores, ao Quarteto Fantástico, aos Heróis de Aluguel, aos Defensores, à S.H.I.E.L.D. – e de até ter convencido Morbius a abandonar o seu lado genocida, ela ainda arruma tempo para advogar em defesa de diversos super-heróis, lutando literalmente por justiça.

E tudo isso nos leva a uma grande pergunta: por que ela continua sendo ignorada nos filmes? Se a Universal for esperta, ela vai perceber isso.

Um filme de She-Hulk como base para um mini-verso é algo mais fácil do que parece. Graças à recepção carinhosa do público com o personagem de Mark Ruffalo, o sinal verde está dado. E a personagem inclusive não precisa lidar com a polaridade entre suas personalidades, como seu primo fazia até o último filme dos Vingadores.

Ela desde o início assumiu sua forma verde como algo permanente, e com essa escolha física e mental bastante consciente, a orgulhosa e poderosa advogada é um exemplo de força e feminismo em seu auge.

Outro fator que advoga a seu favor é o sucesso recente de filmes de herói protagonizados por mulheres. She-Hulk não precisa ter uma contraparte masculina ou viver sob a sombra de seu primo. Ainda que a Mulher Maravilha tenha sido apresentada com um interesse romântico, ela foi capaz de passar séculos sem precisar de ninguém. E a Capitã Marvel já demonstrou como é possível tomar o controle sem precisar de ajuda de homem nenhum.

Mas as heroínas apresentadas até agora sofrem de um mesmo mal, Carol Danvers inclusa: seriedade demais. É muito difícil encontrar heroínas protagonistas que demonstrem mais humor do que intensidade. A Mulher Maravilha por exemplo, é uma amazona imortal, que se ergue da névoa para enfrentar soldados alemães na primeira guerra mundial. Por mais que seja complexa, o mesmo problema afeta Jessica Jones, ao ser assombrada por seu Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Apesar de ser bem mais “fatale” do que “femme”, a Viúva Negra acabou reduzida a uma mancha em A Era de Ultron que nos deixou coçando as cabeças em confusão. E ainda que Shuri e Valquíria tenham ótimas falas em Pantera Negra e Thor: Ragnarok, elas só estavam lá como coadjuvantes para ajudar a história a seguir.

A She-Hulk por sua vez nos traz uma oportunidade única de quebrar esse padrão, dando às super-heroínas uma chance para um merecido alívio cômico.

Nos quadrinhos, a personagem costuma quebrar a quarta parede (assim como faz Deadpool) o tempo todo. E Deadpool foi muito bem recebido, exatamente por sua peculiaridade, então é seguro afirmar que esse tipo de ferramenta ainda não tenha sido esgotada apenas com ele.

E eu já disse que os vilões de suas histórias também são incrivelmente divertidos? Não? Então conheçam Ruby Thursday!

Sim, ela tem uma cabeça vermelha e esférica e projeta “braços” para atacar os seus inimigos.

Não achou suficientemente estranho? Que tal o Doutor Robert Doom?

Sim, ele é o primo de quinto grau do Doutor Destino, um dentista maníaco que controla a mente das pessoas por meio de implantes dentários.

Levando em consideração que o Universo Cinematográfico Marvel acabou de apresentar um vilão que eliminou metade da população do universo, dentistas diabólicos não devem estar em seus planos futuros. E enquanto os responsáveis pelo MCU planejam o futuro da franquia, a Universal deveria acelerar e trabalhar a She-Hulk de uma vez. A aquisição da 20th Century Fox foi um aviso bem claro. Quanto mais esperarem, mais provável que suas ideias sejam absorvidas pelo MCU do que ganhem vida própria.

Os fãs mais hardcore podem achar uma ótima ideia incluir a She-Hulk no MCU, especialmente levando em conta o atraso no filme solo da Viúva Negra e o encerramento controverso de sua história ao final de Ultimato, que deixaram um buraco entre as personagens femininas da franquia. A introdução de uma nova heroína sem ligação com as tramas anteriores é uma ótima forma de atrair atenção para a Fase 4.

Mas é exatamente pelo fato de não podermos confiar na forma como a Marvel lida com suas personagens femininas é que seria mais interessante que fosse de outra forma.

Levou uma década para que a Marvel finalmente tivesse uma personagem feminina em um filme próprio, e ela sequer fazia parte dos Vingadores. Apesar de a atmosfera parecer de fato mais amigável para super-heroínas, não temos muitos motivos para acreditar em seu compromisso até vermos o resultado do filme da Viúva Negra.

Mas o maior medo que a personagem entre no MCU é a possibilidade de que ela perca todo seu valor além da diversão. Como advogada, a personagem pode lutar contra problemas relativos à justiça social, deixando de ser apenas uma super-heroína para se tornar uma heroína da vida real.

Jennifer Walters pode ser uma guerreira, lutadora, e também uma lembrança de que devemos nos levantar para defender o que é certo. Ela pode ser tudo o que torna uma mulher incrível.


Fonte: TheMarySue

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