Uma tragédia.

Na quinta-feira passada (21), a cineasta Halyna Hutchins morreu quando o ator Alec Baldwin disparou uma arma de festim durante as filmagens de uma cena para o filme Rust, no Novo México. O tiroteio também feriu o diretor Joel Souza.

O acidente foi dolorosamente trágico, mas também há muita desinformação e especulação sobre o que aconteceu. Aqui está o que sabemos e o que foi confirmado: um diretor assistente “agarrou uma das três armas de festim em um carrinho do lado de fora, entregou a arma ao ator Alec Baldwin e gritou: ‘Arma fria’, indicando que não havia balas”, de acordo com um depoimento de mandado de busca e apreensão.

No momento, a Aliança Internacional de Funcionários de Palco Teatral (IATSE, um sindicato local) na Califórnia declarou que os membros disseram que a arma de Baldwin tinha “uma rodada de um único tiro”. Ainda assim, o gabinete do xerife afirmou que não poderia confirmar este detalhe. Além disso, se especulou que os responsáveis no set podem não ter sido sindicalizados ou bem treinados, mas isso também não foi confirmado.

De acordo com o site da IATSE de Santa Fé, um armeiro (profissional que repara, modifica, projeta e fabrica armas, fazendo reparos de qualidade industrial, renovação e adaptações para usos especiais) deve estar no set quando qualquer arma (de fogo ou não) é usada:

Os armeiros entram em contato com o diretor de fotografia para determinar quais ângulos de câmera irão minimizar qualquer risco de ferimentos. Durante os ensaios, os armeiros treinam os atores no uso correto das armas de fogo, explicando os possíveis perigos.

O depoimento nos diz que o diretor assistente, Dave Halls, deu a arma para Baldwin, e disse a um detetive que não sabia que a arma estava carregada: “O carrinho de armas auxiliares foi preparado por Hannah Gutierrez, uma armeira que manuseia armas para cenários de filmes”.

Baldwin foi voluntariamente ao escritório do xerife e forneceu uma declaração aos investigadores, segundo o porta-voz do escritório do xerife, Juan Ríos.

Fran Drescher, presidente da Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (Federação de Televisão, Artistas de Rádio e Atores da Liga-Americana, em tradução livre), e o diretor executivo nacional do sindicato, Duncan Crabtree-Ireland, emitiram uma declaração:

Estamos arrasados ​​com esta trágica notícia. Nossos corações estão com a família da diretora de fotografia Halyna Hutchins, falecida, e ao diretor Joel Souza, ferido e hospitalizado. Esta ainda é uma investigação ativa e ainda não temos todos os fatos. Continuaremos a trabalhar com a produção, os outros sindicatos e as autoridades para investigar este incidente e entender como evitar que tal coisa aconteça novamente.

Mas muitos ainda estão se perguntando: por que isso aconteceu? Por que fazer rodadas reais de tiroteios ou usar armas com balas reais na era das impressoras 3D ou do CGI? De acordo com o coordenador de segurança de armas de fogo Dave Brown, publicado pelo American Cinematographer em 2019, a rodada real de armas de fogo “é uma das ferramentas do cinema”. E escreveu:

O CGI pode ser usado para tiros de curta distância que não poderiam ser alcançados com segurança de outra forma, mas sim, mesmo com todos os avanços em efeitos visuais e imagens geradas por computador, ainda disparamos com armas brancas. Essas armas brancas ajudam a contribuir para a autenticidade de uma cena de maneiras que não podem ser alcançadas de outra maneira.

A morte de Hutchins pode estar mudando isso. The Rookie (ABC) e a série The Boys (Amazon Prime Video) vão banir o uso de rodadas ao vivo no set. Mas, é claro, mesmo armas brancas podem ser perigosas, já que a morte de Brandon Lee em O Corvo foi frequentemente mencionada durante este incidente.

Com todas as discussões de elenco e equipe sendo colocadas em situações perigosas por superiores, é hora de algo mudar. E as pessoas que estão fazendo piadas sobre Alec Baldwin agora são, francamente, muito baixas. Este é um acidente horrível, e ele terá que viver o resto de sua vida sabendo que matou outro ser humano, algo que nunca deveria ter acontecido.

Halyna Hutchins foi uma cineasta ucraniana que viveu em Los Angeles e cresceu em uma base militar soviética dentro do Círculo Polar Ártico. Em 2019, ela foi nomeada uma das estrelas em ascensão dos cineastas norte-americanos. “Ela era uma pessoa maravilhosa, positiva e criativa que estava super animada por estar se destacando e fazendo filmes”, disse Michael Pessah, um colega diretor de fotografia que era amigo de Hutchins.

Lesli Linka Glatter, a presidente da Directors Guild of America (Liga de Diretores da América, em tradução livre), expressou condolências em nome da Liga, que foi compartilhada pela Variety:

A DGA está extremamente triste ao saber do trágico falecimento da cineasta Halyna Hutchins e dos graves ferimentos sofridos pelo diretor da DGA, Joel Souza, em um incidente no set no Novo México hoje. Aguardamos mais detalhes e uma investigação completa. Nossos corações estão com a família de Halyna, com Joel e com todos os impactados.

Baldwin também compartilhou uma declaração no Twitter:

Não há palavras para expressar meu choque e tristeza em relação ao trágico acidente que tirou a vida de Halyna Hutchins, esposa, mãe e colega profundamente admirada. Estou cooperando totalmente com a investigação policial para resolver como essa tragédia ocorreu e estou em contato com o marido dela, oferecendo meu apoio a ele e sua família. Meu coração está partido por seu marido, seu filho e por todos que conheciam e amavam Halyna.

Ela deixa para trás uma família que a amou e tem que conviver com esta tragédia.


Fonte: The Mary Sue | Crédito de imagens: Fred Hayes/Getty Images for SAGindie

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