Tantas fases, tantos mundos, tantos desafios… Nunca achei que esse dia chegaria, a gente nunca acha que vai acontecer com a gente, mas ele chegou e a tragédia aconteceu comigo *drama*. Era inevitável. O vício era muito grande. Não entenderam o problema ainda? Vou explicar.

Candy Crush era minha muleta, meu preenchedor de horas. Se eu via que precisava sair de casa em 15 minutos, eu pensava “o que se pode fazer em 15 minutos?”, jogar Candy Crush, claro. Se eu quero fazer companhia pro meu namorado que está vendo futebol na TV, mas sem precisar acompanhar o jogo, o que eu faço enquanto isso? Jogar Candy Crush, claro. E essa era a resposta óbvia para várias outras coisas: “estou no telefone” (odeio falar no telefone, se eu não jogar ao mesmo tempo, para mim é muito frustrante), “cansei de trabalhar, preciso dar uma pausa”, “sei que vou passar muito tempo no banheiro”…. A resposta para tudo isso era sempre a mesma: “Jogar Candy Crush, claro”.

Sabe o que foi pior? Para mim foi de surpresa, eu não estava preparada psicologicamente. Isso porque no jogo aparecia como se tivesse um último mapa ainda, assim:

candy crush

Qual não foi a minha surpresa ao tentar clicar no “trenzinho” para pedir tickets aos meus amigos e ver que essa opção não estava disponível. Eles só colocaram ali para mostrar que aquele mapa está em construção. No primeiro instante, fiquei orgulhosa de mim mesma (afinal, quantas pessoas têm uma conquista tão grande como essa na vida? -n) e fiquei gritando internamente “EU ZEREI O CANDY CRUSH, EU ZEREI O CANDY CRUSH” (na verdade eu só cheguei num ponto de ficar mais rápida que os desenvolvedores, porque acho que esse jogo do demônio nunca vai ter fim). Mas algumas horas depois que me caiu a ficha. Abri o jogo pra tentar jogar, aí pensei “ah, é mesmo”. Um tempinho depois, fiz a mesma coisa. No dia seguinte, fiz mais 3 vezes. E em todas, quando eu via que não havia mais fases para continuar no momento, me dava uma sensação de vazio, de “o que eu faço agora?”. Me senti como Benjamin Braddock e Elaine Robinson no final do filme A Primeira Noite de um Homem (The Graduate), em que eles vão de super felizes por finalmente terem conseguido completar a missão de se casar para “E agora? O que a gente faz da vida?”. (E nem me venha dizer que eu dei um spoiler, esse filme tem 47 anos e é um dos maiores clássicos do cinema, você tem a “obrigação” de já ter visto)

A maior questão da minha vida passou a ser “o que eu vou usar pra substituir Candy Crush?”. Nem me falem do “Mundo dos Sonhos” (que fica dentro do próprio jogo), é chato pra caramba e peguei um ódio mortal daquela corujinha. Já tentei Farm Heroes, Pet Rescue, Bubble Witch Saga, alguns outros joguinhos similares, e nada. Nada tocou meu coração da mesma maneira. E agora só me vem à cabeça aquela frase “cuidado com o que deseja”, que pode ser muito bem a moral dessa história. Ou não. Na verdade essa história não tem moral nenhuma. Isso está mais para um grupo de apoio em que você conta seus problema, todos aplaudem, passa pro próximo e seus problemas continuam existindo.

Fim.

PS: Alguns sentimentos foram exagerados para dar dramaticidade ao relato.

PS2: Não foi tanto tempo perdido, depois de uma certa fase, quando você pega as manhas, o jogo fica muito fácil, eu nunca mais fiquei presa por muito tempo em nenhuma.

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