Algumas séries provam que as mães também merecem papéis principais.
Existem muitos animes que estrelam um pai como protagonista – Kakushigoto, Sweetness & Lightning e Buddy Daddies, para citar alguns. Em comparação, muito menos séries apresentam mães no papel principal. O que leva ao questionamento: mães podem ser personagens principais atraentes por si mesmas?
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O que muitas vezes parece fazer homens serem os protagonistas parentais preferidos nos anime e na mídia em geral – especialmente os pais solo – é que eles desafiam o papel que a sociedade espera deles na criação dos filhos, especialmente se a criança em questão for do sexo oposto. Funciona de forma semelhante ao filme de comédia dos anos 1980, Três solteirões e um bebê: um cara (ou mais) sem noção tenta criar um filho sozinho, causando riso em situações comoventes.
Muitas vezes, espera-se que as mulheres sejam quem cria os filhos, independentemente do seu estado civil, fazendo com que o seu papel pareça menos novo em comparação. No entanto, ainda há muitas provas nos anime de que as mães podem ser protagonistas excelentes se tiverem a oportunidade.
Crianças Lobo (Wolf Children), Maquia: When the Promised Flower Blooms e A Silent Voice apresentam mães fortes em papéis cruciais
As mães têm muito mais coisas a fazer do que simplesmente trocar fraldas ou montar lancheiras. Mulheres não estão automaticamente programadas para lidar com crianças e enfrentam tantas dificuldades quanto os homens ao serem subitamente obrigadas a cuidar dos filhos pela primeira vez, especialmente se estiverem sozinhas.
Um exemplo específico de anime é Maquia: When the Promised Flower Blooms, onde o protagonista luta para descobrir como cuidar adequadamente de uma criança órfã que encontrou e só consegue depois de receber bons conselhos de uma mãe solo mais experiente. Após a morte prematura de seu marido, Hana de Crianças Lobo (Wolf Children) é constantemente julgada por seus vizinhos enquanto luta para sobreviver e, ao mesmo tempo, esconder a identidade de seus filhos como meio-lobos.
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Os dois personagens principais de A Silent Voice, Shoya e Shoko, são muito diferentes um do outro, mas um fator comum que eles compartilham é ter mães solo. Apesar de serem colocados em papéis coadjuvantes, ambas as mães influenciam fortemente a narrativa e as decisões tomadas pelos dois protagonistas. No mangá, a mãe de Shoko continua obrigando sua filha a frequentar a escola, apesar de estar ciente de todo o bullying que enfrentou, na esperança de que isso a fortaleça. Ela acaba se arrependendo de sua decisão quando, um dia, sua filha volta para casa sangrando e com os aparelhos auditivos danificados.
A mãe de Shoya, por outro lado, mostra-se muito gentil e trabalhadora – o que torna as raras ocasiões em que ela repreende o filho com raiva ainda mais impactantes. O público nunca consegue ouvir a voz interior de nenhuma das mulheres, mas suas personalidades fortes ficam claras em suas ações e em como seus filhos foram criados.
Yor Forger, de Spy x Family, é a prova de que as mães merecem papéis importantes nos animes
Yor Forger, de Spy x Family, é uma personagem importante tanto no anime quanto no mangá, mas seu marido Loid e sua enteada Anya ainda tendem a ter mais enfoque. Embora ela não seja a protagonista preferida da série, ainda assim desempenha um papel fundamental, e suas habilidades como assassina se provam úteis para Loid e Anya em diversas ocasiões.
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A série também vai contra os papéis típicos das famílias tradicionais, já que Loid costuma ser quem cuida melhor da casa. Mas, apesar de suas falhas – e, na verdade, de todas as falhas das mães mencionadas neste artigo – fica claro que todas elas são boas mães (ou estão fazendo o possível para ser) e são muito amadas por seus filhos. Na verdade, é justamente porque a narrativa permite que elas tenham falhas que elas criam protagonistas e personagens coadjuvantes tão interessantes, e todas são prova de que as mães podem ser protagonistas atraentes se mais criadores estiverem dispostos a escrever sobre elas.
Matéria traduzida de The Mary Sue.
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Doutoranda em Letras Clássicas pela USP; é escritora, tradutora e maga das Letras num geral. É otaku e fã de Star Wars desde bem pequena. Queria ter o superpoder da Rumor (Umbrella Academy), mas se contenta em ser devoradora de livros, mangás e séries. Se não a encontrar numa dessas atividades, deve estar tentando escapar do Hades com o Zagreu.