Anúncio foi feito pelas redes sociais.

Pegando todos os fãs de mangá de surpresa, a JBC, uma das mais tradicionais editoras de mangás do Brasil, anunciou que o grupo editorial Companhia das Letras adquiriu 70% do controle da empresa.

Fundada em Tóquio, em 1992, com o objetivo de diminuir a distância cultural entre o Japão e o Brasil, a JBC foi criada pelo imigrante japonês Masakazu Shoji e começou suas atividades no Brasil em 1995, com a supervisão de suas filhas Luzia e Marina, que, de acordo com o anúncio oficial, continuarão a dirigir a JBC comercial e editorialmente após a fusão.

A editora é responsável por mais de 200 títulos de mangás lançados em português do Brasil, sendo umas das principais editoras de mangá no país.

O anúncio oficial contou com depoimentos de alguns dos responsáveis da JBC e da Companhia das Letras, confira a seguir:

Para o fundador e CEO da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, “os mangás têm uma presença cada vez mais forte na cultura contemporânea e a chegada da JBC, uma referência na categoria, aumenta a nossa diversidade literária”. Schwarcz relembra que “sempre acreditamos na força literária dos quadrinhos e por isso criamos, em 2009, o selo Quadrinhos na Cia”. Ele faz questão de ressaltar que “a gestão da JBC continuará com as irmãs Shoji. Primeiramente, porque a editora vai muito bem; depois, porque são elas que conhecem as aspirações dos leitores de mangá no Brasil. Nossa missão é dar o apoio na distribuição, comercialização e divulgação”.

Marina Shoji, diretora-geral da JBC, afirma que “estamos vivendo uma fase muito positiva no mercado brasileiro, tanto no segmento de mangás licenciados quanto no de obras nacionais, e sentimos a necessidade de procurar alternativas que nos permitissem aproveitar essa oportunidade da melhor forma, principalmente por conta dos novos desafios que vêm se apresentando como consequência da pandemia de COVID-19”.

Sua irmã Luzia Shoji, presidente da editora, acrescenta: “Fazer parte do maior grupo editorial do Brasil é motivo de muito orgulho para nós. Temos a certeza de que, com esta fusão, tudo o que construímos vai crescer ainda mais, beneficiando leitores, fãs e clientes”.

O fundador da JBC, Masakazu Shoji, diz que sua maior preocupação “era garantir que tanto o público quanto as editoras japonesas que confiam em nosso trabalho há mais de duas décadas continuassem a receber a mesma atenção e empenho que dedicamos até hoje. Nesse sentido ficamos muito tranquilos, pois sabemos que com a Companhia das Letras a nossa missão será preservada”.

Júlio Moreno, o publisher da editora desde 1997, conta que “quando começamos a fazer mangá no Brasil, foi preciso explicar às gráficas que era possível imprimir um livro de trás para frente e convencer os distribuidores que o mangá era um produto para o público infanto-juvenil. E que, mesmo sendo quadrinhos em preto e branco, não eram livros infantis para colorir”. Ele complementa: “Felizmente o leitor brasileiro entendeu a proposta e percebeu a qualidade artística e de roteiro dos quadrinhos japoneses, tanto que já tivemos títulos da JBC no posto de livro mais vendido na Amazon”.

Imagem: Anúncio do mangá Silver Spoon / Editora JBC

Com a aquisição da JBC, o grupo Companhia das Letras passa a publicar 20 selos editoriais, consolidando-se como o maior grupo editorial do Brasil.

A notícia, ao mesmo tempo que empolgante, pode também ser causa de alguma preocupação. Por um lado, a aquisição por um grupo grande pode significar mais títulos lançados e melhora da qualidade gráfica e editorial como um todo. Por outro, a Companhia das Letras controla uma fatia considerável do mercado editorial brasileiro atualmente, tendo adquirido diversas editoras menores nos últimos anos. A longo prazo, essa centralização pode ser nociva para o mercado como um todo, dando poder a poucos, e limitando a atuação de empresas menores.

Precisamos esperar para ver o que, na prática, essa aquisição acarretará!

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