Baseado na nossa experiência em 2022.

Fomos credenciadas para cobrir a CCXP 2022, só felicidade com a notícia. A sensação é de validação e de que nosso trabalho faz alguma diferença. Pensando em valorizar isso, essa semana publicaremos uma série de posts especiais sobre o evento!

Neste primeiro, damos dicas do que consideramos fundamental para tirar o máximo de proveito do evento, ao mesmo tempo tecendo críticas e elogios a edição deste ano. Sem delongas, vamos aos tópicos:

Como evitar filas

Imagino que essa é sempre a maior preocupação do público, especialmente de quem vai em apenas dois ou menos dias de evento. A SP Expo é gigantesca, são muitos estandes, lojas e artistas para visitar, muita coisa pra consumir – e as filas nos estandes mais populares podem acabar consumindo horas preciosas de evento. O segredo: planejamento. Fique de olho na programação do evento e priorize os dias mais calmos (geralmente quinta e sexta) para visitar os estandes assim que o evento abrir as portas e, claro, tirar muitas fotos. Todo o resto pode ser feito depois, acredite se quiser. Mas claro, se você tem uma grana boa pra gastar, credenciais com acesso ao Spoiler Night te garantem um dia com filas exponencialmente reduzidas.

O palco Thunder do Cinemark com certeza é extremamente disputado, já que é lá que acontecem as coletivas com celebridades e novidades exclusivas de séries e filmes – que, honestamente, é um dos momentos mais legais do evento. E não tem outro jeito: para conseguir entrar e assistir tudo que acontece no palco (com credencial comum, já que epic e full te dão acesso privilegiado), é preciso chegar horas antes da exibição para conseguir ficar mais na frente na fila e se preparar para passar bastante tempo sentado (mas bem menos tempo do que quem chega em cima da hora e ganha mais 3 horas de espera, e só entra no palco no caso de desistência). Um banquinho dobrável, algo pra ler e se hidratar fazem total diferença pra melhorar a situação de espera (talvez ter um colega do lado pra guardar seu lugar caso você precise ir ao banheiro). Um carregador portátil para celular também é muito útil.

Já no caso dos estandes, sem dúvidas os mais badalados deste ano foram da HBO (com ambientes imersivos de A Casa do Dragão e The Last of Us, por exemplo), da Netflix (com ambientes interativos de Round 6 e fotográficos de Stranger Things, Arcane e Wandinha) e da Prime Video (com ambientes imersivos de Os Anéis do Poder e The Boys, por exemplo). Destes 3, a fila para tirar foto no trono de ferro da HBO era a mais longa e lotada. Para quem realmente faz questão de visitar e tirar foto, a maneira mais certa de garantir lugar é realmente chegar ao evento e ir direto para fila. Todas as demais filas esse ano foram bem mais toleráveis. Fora que diversas atrações, como o palco do Omelete, têm mais espaço para chegar e conseguir lugar para sentar – e no caso de entrevistas com celebridades também é uma boa chegar bem mais cedo e já reservar um assento na arquibancada.

Opinião crítica

Fui bem seca na fila da HBO vários dias do evento (a burra aqui não aproveitou a Spoiler Night, mas já está vacinada para as próximas vezes) e não tankei, eram filas bem grandes mesmo. No domingo, minha última tentativa, os ingressos para entrar no estande esgotaram em 1 hora e foi um pouquinho frustrante que o resto do dia ficou sem visitação, fora de quem já correu direto para lá assim que chegou. Fiquei sem entender a logística de não ter ingressos suficientes para mais pessoas justo no segundo dia mais cheio da CCXP.

As filas da Prime Vídeo estavam melhor organizadas e mais bem divididas, distribuindo as exibições em períodos durante o dia, o que dava mais chances de todo mundo participar. Consegui minha foto facilmente e me senti satisfeita com pouco tempo de espera.

O estande da Netflix era o único de fato com interatividade e atividades em que o público podia se divertir com brincadeiras como cabo de guerra, batatinha 123 e um palco de danças. Como o estande era todo aberto, o público de fora da fila podia se divertir assistindo e torcendo, o que deixou a experiência mais completa. O porém é que o espaço do estande ficou bem limitado, então as brincadeiras acabavam muito rápido (o espaço pra correr na batatinha 123 tinha que ser mais longo para ter graça). Teria sido definitivamente o melhor estande do evento não fosse por esse último detalhe.

De modo geral, achei que os estandes focaram muito em ser “instagramáveis” e acabaram não sendo tão divertidos como poderiam, atividades recreativas e de fato imersivas contam muito mais para agradar todo mundo. No caso do Palco Thunder, fiquei bem triste pelo público iludido nas filas esperando uma oportunidade de entrar, mesmo depois que a exibição tinha começado há horas. Algumas pessoas entraram faltando minutos para exibição terminar e saíram decepcionadas, o que é totalmente compreensível. Dificilmente quem está lá dentro desiste de sair, já que é uma experiência muito foda, então muitos passaram várias horas esperando em vão. Acho que seria mais respeitoso limitar o número de pessoas e dispensar as filas, anunciando pelo app caso vaguem assentos ou fazer algum tipo de sorteio, por exemplo.

Como evitar gastos desnecessários

A CCXP é um evento criado para te fazer gastar, ponto. Nada é gratuito, porque você paga para entrar no evento. E não faltam lojas, artistas e food trucks convidando seu suado dinheirinho a sair voando da carteira – ou seu cartão de crédito a estourar o limite. Mas é de fato um lugar perfeito para adquirir produtos licenciados de boa qualidade, aquela arte ou HQ de seus artistas ou quadrinistas preferides e toda espécie de quinquilharia geek que você possa imaginar. Fica até difícil decidir no que gastar. 

Então, aqui vai a dica: é importante ir ao evento com uma ideia básica do que você pretende levar para casa: roupas, acessórios, artes, comics, mangás, itens de coleção ou de decoração. E, claro, colocar um limite diário no valor que você quer gastar – ter controle de compras impulsivas nessas horas é altamente recomendável. Até porque boa parte dos produtos podem ser encontrados nas lojas fora do evento e nos sites das empresas, então talvez seja sábio levar apenas o que você sabe que pode esgotar ou o que você quer economizar no frete. Tem também o caso de lojas exclusivas do evento, como foi o caso da loja da Marvel (que tinha produtos maravilhosos, mas todos com preço bem salgado). Aliás, sempre bom conferir se no site da loja você não encontra o mesmo produto por um preço menor.

No caso de consumíveis, é bom dizer que desidratação é um fator bem forte no evento, então é sempre bom considerar levar garrafa de água, pelo menos. Para quem não se importa de carregar bolsa, levar uma caixa de isopor ou bolsa térmica fazem a diferença na hora de beber em temperaturas agradáveis. Como disse antes, não faltam lugares vendendo bebíveis, mas comprando uma garrafinha de água e uma latinha de refrigerante de 355ml eu gastei R$18,00. Se não quiser levar nada na mochila, se prepare para gastar em níveis de aeroporto mesmo. Frutas, barrinhas de cereais e bolinhos de supermercado são salva vidas, mas o bom mesmo é ir já almoçado e usar quitutes apenas para garantir que você não vai ficar de barriga vazia. Sempre bom conferir as regras do evento nesse quesito também, para não ser barrado na entrada (se bem que esse ano a fiscalização foi literalmente inexistente e isso me deixou sinceramente preocupada – e alô, CCXP: vamos ver direitinho isso aí pra evitar possíveis desastres).

Quando o assunto é artes e comics, o meu conselho para não gastar desnecessariamente (calma, eu me explico) é garantir uma sacola, bolsa, pasta ou envelope bons e mais durinhos para garantir que nada vai ser amassado ou sujo durante o evento e no caminho de casa/hotel. Para quem gosta de ir especificamente para isso, malas pequenas podem ajudar bastante a garantir a integridade dos produtos. Não custa prevenir, principalmente porque é muito chato acabar de comprar um produto e ele não chegar em casa em perfeitas condições.

Por fim, é bom falar sobre ele, o maior vilão: o preço do Uber na hora de ir embora. Dependendo do dia, os preços chegavam a R$100,00 ou mais, então é bom já pensar em alternativas para não arrombar a sua carteira: andar um pouco e pegar Uber num local mais distante do evento, seguir a galera que vai a pé até o metrô, sair do evento mais cedo. Ter alguém para rachar a conta sempre é bom também. Se você vem de fora de SP e conseguir lugar para ficar nos bairros próximos da SP Expo, seu gasto também diminui bastante.

Opinião Crítica

A equipe organizadora/administrativa da CCXP realmente deveria considerar levar empresas que oferecem alimentação com preço mais em conta. Uma praça de alimentação com restaurante popular ou comida em preços mais acessíveis ali faria uma diferença enorme na qualidade da experiência do evento como um todo – e provavelmente um lucro maior, quem sabe. Principalmente pensando em quem vai em família, que com certeza saiu desfalcado do evento. Preço de shopping a gente até aguenta, mas de aeroporto, vão me perdoar o palavreado, é de fuder. Especialmente para quem vai todos os dias.

Outra coisa: foi bem chato ter que lidar com “vendedores da Shopee” na saída do evento. É uma galera que bota chaveiro na sua mão falando que é brinde e depois te ludibria a pagar. Péssimo, vi muita gente reclamando. Tomem bastante cuidado.

Talvez fuja um pouco do assunto do tópico, mas considero importante: seria também fundamental para uma experiência mais positiva que a CCXP conseguisse alguma parceria pra oferecer internet de maior qualidade dentro do evento. A área do Artist’s Valley estava sofrível nesse quesito. Para você que é consumidor/artista e depende muito de internet ou de máquina de cartão, já vá pensando em alternativas. Mas de fato uma melhor estrutura para os expositores e para imprensa garantiria uma transmissão em tempo real do evento – o que não foi possível porque o sinal do 4G simplesmente sumia dependendo do local que você estivesse.

Como evitar carregar peso demais

Aqui o segredo pode ser dividido em dois. O primeiro é: investir num locker (armário). A empresa contratada pela CCXP tinha vários lockers que eram bem práticos e seguros – mas atenção para os tamanhos e preços, a empresa não faz devolução de valores e dificulta um pouco a visualizar qual o tamanho real dos lockers.

Elucidando, tive um problema meio triste com isso (e aqui posso desabafar, lol): cheguei ao evento no domingo com duas malas (uma média e uma pequena), porque de lá eu já iria direto para rodoviária. Procurei a empresa dos lockers e não tinha informação acessível sobre o tamanho real dos armários, e para ter acesso a eles para conferir você precisava fazer um cadastro antes e pagar primeiro – o que já foi um desgaste, já que um simples painel informativo teria evitado boa parte do meu problema. Aluguei um locker G (por R$50,00) porque fui informada que o locker GG (R$70,00) estava esgotado. Só que o G não tinha espaço para ambas as malas, então eu já ganhei um balde de água fria pensando que teria que gastar 100 dilminhas só para não carregar peso. Mas o pior é que só depois que aluguei o G é que me avisaram que a empresa tinha outros lockers alugando em outra seção do evento. Corri para lá, achei um locker GG. Apesar do transtorno ter me deixado puta, pelo menos tinha algum locker com espaço pras minhas coisas – só que em vez da funcionária me cobrar a diferença do valor e liberar o G, tive que pagar também pelo locker GG. Enfim, gastei bem mais do que precisava e um locker ficou vazio, sendo que poderia ter sido utilizado por outro cliente. Procurei a gerência, mas ela se recusou a devolver o valor da diferença e afirmou que eu só poderia contestar enviando um e-mail para a empresa. Previ a burocracia e desisti. E ficou por isso mesmo, um amarguinho bem chato num dia que devia ser só de experiência boa. Fica aí a minha dica para empresa: tenham políticas de devolução de lockers.

Apesar disso, acho que vale muito ter um lugar para guardar malas e bolsas, principalmente se você, como eu, detesta andar carregando muita coisa ou arrastando mala, ainda mais num evento que exige agilidade pra poder aproveitar tudo e onde questões de segurança ainda não são 100% confiáveis. Vi vários relatos de furtos e me deixou mais tranquila poder andar com menos coisas. Aliás, fica aqui outra dica para a organização da CCXP: invistam mais em questões de segurança dentro do evento, talvez incluindo um espaço para a PM poder registrar BOs, sem forçar os clientes a saírem da CCXP só para poder resolver isso. Pelo visto tem muita gente que paga e tenta recuperar o dinheiro do ingresso furtando os outros. Pagar para furtar, que conceito…

A segunda opção de evitar carregar peso demais é mais bacana se você vai ao evento mais de uma vez: priorize um dia só pra compras e consiga um locker ou divida bem nos demais dias para que a compra não fique muito pesada.

Para ter uma ideia, só de referência, listo abaixo algumas das principais lojas (de empresas grandes) e o que cada uma vendia:

• Pernambucanas, Piticas, Riachuelo, Puma: roupas, itens de decoração e papelaria;
• JBC, Panini, Comix: quadrinhos, mangás, graphic novels;
• Marvel: roupas, itens de decoração, quadrinhos, colecionáveis, itens de papelaria.

Como evitar o cansaço rápido

Roupas confortáveis são ótimas, mas calçados confortáveis são essenciais. Você vai ficar em pé ou andando a maior parte do tempo, então procure um tênis ou outro calçado semelhante que não vá te deixar arrebentado tão cedo. Não precisa ter vergonha do seu crocs. Além disso, se você entrar numa fila e estiver um pouco distante da entrada, senta no chão, sem cerimônia mesmo. Uma meia hora sentado vai fazer uma diferença bem grande para os seus pés e pernas ficarem menos arrebentados.

Saber dar pausas é muito importante, e o evento tem vários locais para o público poder dar uma descansada. Muita gente se senta no chão para esticar as pernas, então não se sinta acanhado de fazer o mesmo. Ninguém vai te julgar. Tá todo mundo cansado.

Evitar rolês pós-CCXP (especialmente se você vai voltar ao evento no dia seguinte) também te garante mais horas de sono, e acredite, elas fazem muita diferença, tanto para sua cabeça quanto para o seu corpo.

Como explorar bem o evento

Alguns estandes têm tesouros “escondidos” que não são muito aproveitados pela maior parte do público. Como cosplayer, por exemplo, não vi muita gente aproveitando que o estande da JBC estava proporcionando gratuitamente uma filmagem em 360 graus, ou o estande de fotos profissionais, que permitia tirar foto gratuitamente ou pagar e imprimir com qualidade alta e edição perfeita. É bom separar um tempo para só andar nas lojas e conferir se alguma não tem atrações especiais.

Vale dizer aqui que a área de alimentação vai do começo ao fim do SP Expo, e tem uma área lá no fundo com mais foodtrucks e um ambiente mais tranquilo para comer em grupos maiores.

É também sempre bom dar uma corrida em estandes que dão brindes pra assinantes, que costumam ser bem legais e esgotam rápido. A Crunchyroll, por exemplo, oferecia camiseta, bolsa ou colecionáveis, além dos mini pôsteres gratuitos de animes da temporada.

Outra dica: não deixe de visitar o Artist’s Valley. Apoie quadrinistas nacionais, compre nem que seja pôster, figurinha. A galera artista que vai dá um duro danado para estar lá e tem muita, mas muita coisa de altíssima qualidade à venda. De uma coisa você pode ter certeza: desde os artistas populares (muita gente sempre com  fila para comprar ou pegar autógrafo) até os menores, você encontra muita coisa feita com muito carinho, muita coisa fofíssima, lindíssima. A gente tem muito talento incrível nesse país que muitas vezes passa despercebido, e a CCXP é uma chance de conhecer e de valorizar essas pessoas. Inclusive, pra quem gosta de itens de decoração e papelaria, o Artist’s Valley é um tesouro.

Por fim, vamos falar dele: o Magic Market, do Mercado Livre. Foi uma pérola no evento e espero que retorne nas próximas edições. As lojinhas lá nem sempre eram de empresas pequenas, apesar dos estandes menores enganarem à primeira vista. Tinha muita coisa boa ali pra comprar: quinquilharia geek, jogos de tabuleiro, graphic novels, pôsteres de filmes, produtos para cabelo, tudo! Tinha espaço para sentar ou se apresentar e uma senhora guilhotina ou uma senhora catapulta para fazer graça nas fotos. Para ficar perfeito, só faltou mesmo uma trilha sonora medieval (infelizmente tudo que se ouvia ali eram os uivos do estande de Teen Wolf, e foi sofrido – e já que estamos falando disso, vai aqui outra dica pra organização da CCXP: músicas ou sons de efeito repetitivos o dia inteiro torram muito os níveis de hp, viu?). 

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É isso! Ficou um wall-text mas espero que ajude alguém nos próximos eventos! Com vários prós e alguns contras, a minha experiência na CCXP22 foi bem próxima do épico mesmo, com lembranças que vou guardar para o resto da vida. E é assim que tem que ser para todo mundo: uma boa experiência e ótimas memórias.

Leia mais sobre a CCXP no Garotas Geeks.

Débora Liao

Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).