Entenda o caso.

As proibições de livros estão voltando com tudo com a alta do conservadorismo, e a última vítima é a graphic novel vencedora do Prêmio Pulitzer, Maus, do cartunista norte-americano Art Spiegelman.

Imagem: Bertrand Langlois | AFP | Getty Images

Em 10 de janeiro, em uma votação de 10 a 0, todos os membros do Conselho Escolar do Condado de McMinn no Tennessee, EUA, votaram para remover Maus do currículo da oitava série.

A graphic novel de duas partes detalha a relação tensa de Spiegelman e seu pai e o trauma geracional infligido pela sobrevivência de sua família ao Holocausto. Spiegelman usa ratos, porcos e gatos antropomorfizados para contar a história.

Os motivos do banimento: nudez (especificamente nudez feminina), linguagem e violência. Mas com um assunto como o Holocausto, o que eles esperavam?

Para se ter uma referência, segue abaixo algumas páginas da HQ:

Além de notar que quem queria banir a HQ só deu uma olhada superficial nas páginas, as pessoas questionaram o fato do conselho escolar parecer estar do lado dos nazistas – não apenas por causa da composição política do condado (no qual 80% votaram em candidatos nacionalistas brancos), mas também porque os nazistas eram famosos pelo banimento e queima de livros. Recentemente nos EUA, em novembro do ano passado, outro distrito escolar na Virgínia literalmente recomendou queimar livros que consideravam “obscenos”.

A proibição de Maus aconteceu há três semanas, mas a notícia ganhou força no último dia 27 por causa do Dia Internacional em Memória do Holocausto.

Art Spiegelman respondeu a alguns repórteres sobre essa proibição, dizendo achar tudo absurdo. Ele também compartilhou imagens do marcador que ele fez em associação com a Banned Book Week (Semana do Livro Banido, em tradução literal, é uma campanha anual de conscientização promovida pela American Library Association e pela Anistia Internacional, que celebra a liberdade de leitura, chama a atenção para livros proibidos e contestados e destaca indivíduos perseguidos) que diz:

“Mantenha seu nariz em um livro – e mantenha o nariz de outras pessoas fora dos livros em que você escolhe enfiar o nariz!”

A graphic novel de mais de 30 anos tem um histórico de desafios, mas geralmente é notícia quando ocorre fora dos EUA – especialmente em nações socialistas ou comunistas. Países como a Alemanha e Rússia proíbem as suásticas até certo ponto, o que causa problemas.

Spiegelman disse ao The Guardian que incluiu a suástica na capa e estipulou em todos os contratos que ela deveria permanecer na capa. Quando chegou a hora de traduzir a HQ para o alemão, eles tiveram que conseguir uma permissão especial do Ministério da Cultura do país, que permitiu o livro baseado em contexto e nuance.

Felizmente, apesar de toda a repercussão negativa do banimento, Maus entrou pra lista de graphic novels mais vendidas da Amazon.


Fonte: The Mary Sue

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