Um dos jogos mais lindos já criados, que deixam uma sensação de calor no coração!

Desenvolvido pela Nomada Studio e distribuído pela Devolver Digital, GRIS se destaca na Steam quando o assunto é recepção do público. As análises em geral do jogo são extremamente positivas. Além dos gráficos coloridos e cativantes, a sinopse foi a primeira coisa a captar minha atenção:

“Gris é uma jovem esperançosa, perdida em seu próprio mundo, que lida com uma dolorosa experiência. Sua jornada pela tristeza se manifesta em seu vestido, que concede a ela novas habilidades para navegar melhor por sua realidade desbotada. Ao longo da história, Gris evolui emocionalmente e passa a ver o mundo de outra forma, revelando novos caminhos para explorar com o uso de suas novas habilidades.”

Baixei o jogo pela Steam e resolvi escrever esta análise, esperando que mais pessoas também aproveitem a experiência maravilhosa que é GRIS.

Antes, vejam abaixo o trailer:

História e personagens

Como já explicado, Gris é a protagonista – e a única personagem realmente relevante no jogo. Algumas outras criaturas mágicas são inseridas na narrativa ou no cenário ao longo do game, mas sempre de forma secundária, com propósito único de ajudar a personagem principal a atingir seus objetivos. Por ser um jogo sem narrador – mesmo a voz da própria protagonista é um poder que ela só consegue reutilizar no futuro – o foco do jogador é colocado em peso na experiência explorativa dos mundos.

A história de Gris, cheia de sutis simbolismos, se inicia com a protagonista dormindo em um rochedo em formato anatomicamente feminino. Mas o rochedo desenvolve rachaduras e desmorona, fazendo a personagem cair.

O que se segue é a aventura da protagonista tentando coletar suas memórias para se reconstruir.

Jogabilidade

Como a própria Steam afirma na página do jogo, Gris é uma experiência quase sem texto, com controles simples, sem perigos, frustrações ou mortes. O mundo de Gris é uma plataforma meticulosamente elaborada para exploração, e o jogador pode aproveitar essa experiência enquanto admira a delicadeza do estilo de cada cenário e, eventualmente, das animações mais detalhadas interligando os mundos.

Ao longo do game vão surgindo puzzles, pequenos quebra-cabeças simples que o jogador deve desvendar para seguir o caminho, coletar memórias (pequenas luzes esféricas que se juntam no final em constelações) e destravar novas habilidades. Mesmo em situações em que você encontra criaturas (espécies de chefes dos últimos cenários, trabalhados dentro do simbolismo do medo e da depressão) que tentam atrapalhar seu desenvolvimento, saber trabalhar suas skills é a chave para conseguir prevalecer.

Para pessoas com menos paciência para os puzzles mais complicados, guias dentro da própria Steam ou no Youtube podem ser de grande ajuda.

Mas a dica principal aqui é explorar o máximo de cada mundo. Sempre tem alguma memória escondida em algum cenário mais improvável do jogador encontrar. O jogo inteiro te prepara para situações futuras onde as habilidades de pular e correr, principalmente, serão mais exigidas para coletar essas memórias.

Arte

GRIS representa uma maneira especialmente criativa de trabalhar todas as formas de arte enquanto entretenimento via videogame. E essa é sem dúvidas a parte mais deslumbrante do jogo e a cereja desse bolo. Fiquei vidrada observando os detalhes durante todo o percurso do jogo.

A começar pelos cenários: cada um dos mundos e suas subseções são separados por uma cor predominante. Cada cor representa um dos cinco estágios do luto: negação, raiva, barganha, depressão, aceitação. Para ilustrar isso ainda melhor, às vezes o cenário remonta novas estátuas do rochedo, todas em poses diferenciadas que também simbolizam esses estágios.

O jogo brinca muito com formas geométricas. Os cenários, inclusive, geralmente têm criaturas mitológicas com aspectos simétricos. É interessante perceber como boa parte das habilidades e puzzles envolvem o vestido da personagem e a forma como as habilidades se manifestam nele: tanto quando ele se torna um quadrado e permite que ela se solidifique, ou quando ele se estica e permite que ela voe, tanto como quando ele se torna triangular e permite que ela se movimente mais rapidamente na água.

Mas, sem dúvidas, o trabalho dedicado com cores quentes e frias ou sombra e luz é o que realmente dá o impacto mais forte no cenário. As cores se espalham pelos mundos como se fossem numa aquarela e isso dá um toque ainda mais bonito para as paletas de cores.

Trilha Sonora

A OST de GRIS incorpora todas as características já mencionadas sobre sua arte. Em grande parte instrumental, composta pela gravadora alemã Berlinist, a música que embala a aventura de Gris mistura muitas notas ao piano com sons de cordas e, eventualmente, alguns sons vocais e elementos de mixagem. Tem um tom melancólico e simplesmente lindo que dá a construção perfeita para a ambientação dos cenários e desafios da personagem. As músicas de confronto com certeza dão a tensão necessária para uma aventura com uma atmosfera ainda mais cheia de adrenalina. Algumas vezes, uns arrepios nos braços são inevitáveis.

Gris, Pt. 1/Pt.2Debris, In Your Hands e Meridian são as minhas faixas preferidas.

Vale a pena?

GRIS é um jogo maravilhoso para quem quer experiências descomplicadas e ao mesmo tempo profundas. Tratar de assuntos delicados com igual delicadeza e graciosidade é um dos pontos fortes do jogo. E tudo isso se torna ainda mais prazeroso quando a arte deslumbra e encanta tanto.

Ele é bem curtinho, possível de terminar em aproximadamente quatro horas de jogo, em média. Claro, se você não parar o tempo todo pra ficar babando no cenário.

Com certeza vale a pena.

Quem quiser saber mais da perspectiva sentimental, a Polygon tem um artigo fantástico explicando em detalhes hipnotizantes.


Crédito de imagens: Nomada Studio

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