Vimos durante anos rumores rolando por ai que a série Twin Peaks poderia voltar à TV. Até agora, porém, isso era tudo o que tínhamos em mãos: rumores. Até que, nesta semana, David Lynch e Mark Frost (criadores da série) anunciaram pelo Twitter a volta deste tão cultuado seriado.
Para quem não se lembra (ou não conhece mesmo), o seriado conta a história de um detetive do FBI, tentando resolver o caso de uma adolescente encontrada morta na pequena cidade de Twin Peaks. Resumindo assim parece que é uma série policial, mas o legal dela é o ar de mistério e bizarrice que o criador David Lynch sempre deixa em suas obras. Se você ficou curioso ou quiser assistir novamente, a série está disponível no Netflix.
Bom, voltando: o seriado – que acabou há quase 25 anos – voltará em 2016, com nove episódios novos dirigidos pelo David Lynch. Isso significa (e para quem não viu a série, aviso, aqui pode vir um spoiler) que a promessa que a Laura Palmer fez ao Agente Cooper poderá se concretizar.
Apesar de, como fã, ficar mega feliz com o retorno, fico me questionando sobre essa coisa de nada nunca acabar. Em um artigo da Vice, o ator Dave Schilling falou exatamente sobre esse assunto. Ele comenta como a nossa geração parece estar acostumada a ter tudo o que quer nas mãos, onde as séries e personagens sempre revivem de alguma maneira mágica. Tudo para agradar a base de fãs.
Em partes, concordo com ele, e acho que tem ainda outro lado: o lucro. Séries de televisão estão gerando muito mais conteúdo original e lucro do que a maioria dos filmes de Hollywood. Até o Kevin Spacey (de House of Cards) já mandou Hollywood a merda e disse abertamente que dará prioridade a séries do que a filmes. Logo, a decisão de David Lynch e Mark Frost é nada mais do que óbvia. A base de fãs já está criada e existe um mercado consumidor imenso para isso. Então é só sucesso reviver séries, não?
Mas, mesmo feliz, preciso dizer: para mim, há um motivo muito importante para NÃO fazer isso. Que é o medo de estragar algo que está perfeito.
Twin Peaks estreou em 1990. Na época, a TV era outra, o jeito de se contar histórias e a narrativa eram diferentes. E, se formos pensar bem, a série teve somente duas temporadas. Algo que parece surreal para nós agora, que estamos acostumados a 5, 6, 7 temporadas. Mexer em algo que foi tão bem construído há tanto tempo pode sim ser um erro e a série Joey está ai para provar isso.
Quando Friends acabou, tanto o canal quanto os criadores viram um buraco ali para preencher e tentaram encaixar um spin-off de um dos personagens da série. Algo que, inevitavelmente, foi um fracasso.
Mesmo que essa nova temporada de Twin Peaks não seja exatamente considerada e nem chamada uma spin-off, ela pode acabar sendo. Pois, não sei se dá para manter a mesma história que já foi fechada há tanto tempo. Eles teriam que voltar com algum novo mistério ou algo do tipo. Também parece que não se mantém o mesmo elenco, logo, apesar de não ser chamada de spin-off, tem todas as características de uma.
Outro detalhe importante é que quem vai passar essa nova fase é o canal Showtime, enquanto em 1990 a série passava no ABC. Isso é relevante, pois canais têm premissas diferentes e eles tendem a deixar todos os programas com o “look” do canal. É por isso que quando a gente vê uma série da HBO logo reconhecemos que ela é de lá, pois o canal tem um peso muito forte na construção de uma série.
Ao mesmo tempo, a chance de isso dar certo faz com que os fãs tenham esperança de ver algo incrível. É por isso que eu, com certeza, verei esses nove episódios. E mais: provavelmente farei uma maratona com as duas primeiras temporadas semanas antes dos novos episódios estrearem.
Mas, sendo bem sincera e correndo o risco de me arrepender por falar isso, preferia que eles tivessem deixado Twin Peaks quieto, assim não correria esse risco de estragar algo tão marcante.
Mais perto dos 30, do que dos 20. Superviciada em séries, a ponto de abandonar a música para ficar escutando o áudio de séries enquanto trabalha. Dona de uma coleção de bonecos. Tem duas cachorras – uma ceguinha e uma cresceu um pouco mais do que o esperado. Por sinal, gosta mais de cachorro do que de muita gente por aí e muitas vezes é considerada mal humorada. É uma das fundadoras do Studio Ni, um estúdio de animação e live action e também tem uma marca de acessórios chamada Miniminou com a irmã.