Um relatório do Wall Street Journal descreve por que Jennifer Oneal deixou o cargo depois de apenas dois meses.
Em meio à imensa onda de revelações problemáticas com relação à Activision Blizzard, o The Wall Street Journal afirmou em reportagem recente que a curta passagem da ex-diretora executiva da empresa, Jennifer Oneal, como codiretora da empresa chegou ao fim porque ela se sentiu “figurativa, marginalizada e discriminada”.
A reportagem do jornal revelou que várias das alegações de comportamento inapropriado eram de conhecimento do CEO Bobby Kotick, e que Oneal enviou e-mails para um membro da equipe jurídica da empresa afirmando que “era claro que a empresa jamais priorizaria as nossas pessoas da forma correta”.
Oneal, que é uma mulher asiática-americana e homossexual, foi apontada como codiretora da Blizzard em agosto deste ano, após a demissão a pedido de J. Allen Brack. Brack eufemisticamente “se afastou” após a primeira onda de denúncias contra a distribuidora, e foi substituído por Oneal e Mike Ybarra. Menos de dois meses depois, no início de novembro, Oneal anunciou sua decisão de entregar o cargo, informando que iria “fazer uma transição para uma nova posição até sua saída da Activion Blizzard no final do ano”. Em sua declaração, ela havia afirmado que isso acontecia “não sem esperanças pela Blizzard, muito pelo contrário”, afirmando ainda que “essa energia havia me inspirado a sair e explorar como poderia fazer mais para ter jogos e diversidade interseccionando”.
Porém, o jornal apresentou um e-mail em que Oneal “manifestava uma falta de fé na liderança da Activision para mudar a cultura presente”. Na mensagem, ela ainda revelou que havia sofrido assédio sexual na empresa no início de sua carreira. Além disso, a mensagem ainda revelava que ela recebia salário inferior a Ybarra. “Eu me sinto figurativa, marginalizada e vítima de discriminação”, escreveu ela, por fim.
O artigo ainda descreve uma festa em 2007, que havia sido frequentada por Oneal e Kotick, em que “mulheres seminuas dançavam em postes de strip-tease” enquanto um DJ “encorajava as mulheres presentes a beberem mais para que os homens pudessem se divertir mais”. O The Wall Street Journal afirmou que os representantes de Kotick afirmam que “ele não se lembra de ter frequentado mencionada festa”, o que não é a melhor coisa a se afirmar nestas circunstâncias.
A reportagem ainda indica que Kotick já sabia sobre as alegações de violência sexual na empresa, e que o próprio CEO esteve envolvido em incidentes de assédio sexual contra funcionárias.
Após o lançamento desta reportagem, representantes da Activision Blizzard responderam às acusações de que Oneal recebia menos que seu codiretor Mike Ybarra, afirmando à Kotaku que a empresa “ofereceu compensação e equivalência para o papel de codiretora”. Ao serem questionados se isto teria acontecido antes ou depois dela manifestar a vontade de sair, eles não se manifestaram.
Em reportagem da IGN, foram revelados e-mails internos e mensagens por aplicativo enviadas tanto por Ybarra quanto Oneal, em que o codiretor afirma que a disparidade salarial era resultado de seus contratos anteriores. É citada uma mensagem em que Ybarra afirma que “A primeira vez que eu e Jen recebemos uma oferta de contrato, era a mesma coisa para nós dois no papel de novos codiretores da Blizzard, então nossas compensações eram as mesmas”.
Porém, Oneal aparentemente respondeu em termos diretos que isso não era verdade, e que a equiparação salarial jamais foi oferecida até que ela manifestou sua vontade de se demitir. A IGN ainda utiliza as próprias palavras da ex-diretora para enfatizar essas informações:
Quando Mike e eu fomos colocados no mesmo cargo de coliderança, nós assumimos a função com nossa compensação anterior, que não era equivalente. E isso permaneceu desta forma por algum tempo após apresentarmos diversos pedidos rejeitados por paridade. Apesar da empresa ter me informado antes de eu apresentar meu pedido de demissão que estavam trabalhando em uma nova proposta, nós apenas recebemos ofertas equivalentes após eu informar que insistia em minha resignação.
Fonte: Kotaku
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Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).
