Não dê audiência para filmes problemáticos.

Poucas estrelas na história do cinema foram tão dissecadas quanto Marilyn Monroe: sua marca de beleza, seu cabelo loiro e seu batom vermelho são icônicos por si só.

Mas além do conceito físico de Marilyn Monroe, ela era uma atriz excepcional. Mesmo antes de treinar formalmente no Actors’ Studio, em Nova York, Monroe era uma mulher que desafiava as expectativas de sua aparência, muitas vezes subvertendo-a para fins cômicos.

Ela codificou a “loira burra” como um tropo enquanto constantemente puxava o tapete do estereótipo em seus filmes. Embora Monroe ficasse frequentemente frustrada com os papéis sexualizados que ela era forçada a assumir, sendo que ela queria ser ‘levada a sério’, ela fez uma série de filmes fascinantes em um curto espaço de tempo.

E uma vez que Blonde já foi lançado (e reduz Monroe a uma fanfic cheia de romantizações de sofrimento e mais sexualizações baratas), reunimos como contraponto oito de seus melhores filmes. Assista estas histórias para uma visão mais genuína do que fez de Monroe uma das lendas de Hollywood mais duradouras do mundo.

Almas Desesperadas (1952)

Imagem: 20TH Century-Fox/Getty

Embora este tenha sido o 19º filme de Monroe, ela passou a maior parte de sua carreira anterior trabalhando em pequenos papéis ingratos ou em breves aparições em comédias (ela tem uma virada memorável em A Malvada, 1950). Em Blonde, vemos uma simulação da audição de Monroe para o filme. Don’t Bother to Knock, como era o título original, foi o primeiro filme a realmente conceder a ela um papel principal dramático e com conteúdo, que permitiu Monroe explorar seus próprios traumas e abusos de infância. Aqui, ela estrela como Nell Forbes, uma jovem perturbada cuja doença mental é exposta quando ela cuida de um casal hospedado em um hotel de Nova York. Ela é pega de surpresa pelas atenções de um piloto de avião (Richard Widmark). Este drama noir sinalizou um ponto de virada na carreira de Monroe.

Torrentes de Paixão (1953)

Imagem: Sunset Boulevard/Corbis/Getty Images
Para uma atriz tradicionalmente conhecida como cantora loira, Monroe fez uma quantidade surpreendente de filmes noir, incluindo este thriller. Graças ao sucesso do seu filme anterior, Marilyn alcançou oficialmente o status de estrela com Niagara (título em inglês). Ela interpreta a femme fatale Rose Loomis, uma mulher que planeja com seu amante matar seu marido mais velho, George (Joseph Cotten). Niagara também consagrou sua imagem de ícone sexual em críticas que comparavam sua figura em seus vestidos justos com as belezas das Cataratas do Niágara, mas também provou a habilidade de Monroe de usar sua aparência como parte de seu ofício, entregando uma representação multifacetada e complexa da intrigante Rose.

Os Homens Preferem as Loiras (1953)

Imagem: Bettmann

Talvez a imagem por excelência de Marilyn Monroe esteja neste filme, onde ela usa um vestido rosa flamingo e muitas joias enquanto canta Diamonds Are a Girl’s Best Friend (Diamantes são os Melhores Amigos de uma Garota). No entanto, tanto sua Lorelei Lee quanto a Dorothy Shaw de Jane Russell são enganosamente astutas, desmentindo a imagem de “mulher bonita e burra” que o título pode querer passar. Eles são deliciosamente inteligentes, manipulando os homens mais velhos e ricos ao seu redor para obter segurança financeira (mesmo que eventualmente escolham o amor). O roteiro foi adaptado aos pontos fortes de Monroe e Russell como comediantes e artistas, com Monroe supostamente até sugerindo a frase: “Eu posso ser inteligente quando é importante, mas a maioria dos homens não gosta disso”. O filme não só estabeleceu Monroe como uma estrela de cinema por completo, mas também deu a ela uma plataforma que a fez alcançar a fama.

Como Agarrar um Milionário (1953)

Imagem: 20th Century-Fox/Getty Images

1953 foi um ano cheio de trabalho para Marylin. Este terceiro título apresenta Monroe em técnicas de cinema chamadas ‘Cinemascope’, ao lado de duas outras loiras famosas de Hollywood – a sensual Lauren Bacall e a pernuda Betty Grable (ela era bem alta, dançarina e suas personas eram comumente chamadas de ‘pernas de um milhão de dólares’). Elas estrelam aqui como três modelos com a intenção de encontrar maridos ricos. Monroe é Pola Debevoise, uma mulher meio burrinha que comete erros regularmente por causa de sua recusa em usar seus óculos, tudo porque ela acha que eles a tornam menos atraente. Mais uma vez, Monroe usou sua imagem, brincando com suas duas colegas, para criar outra história irônica e inteligente de mulheres que acabam cedendo ao romance apesar de suas intenções astutas.

Nunca Fui Santa (1956)

Imagem: 20th Century-Fox/Getty Images
Bus Stop, baseado na peça de mesmo nome de William Inge, marcou a carreira de Monroe como seu primeiro filme após um ano em Nova York estudando no Actor’s Studio. Em uma reviravolta dramática significativa, Monroe interpreta Cherie, uma artista em um café de ponto de ônibus local com aspirações a Hollywood. Quando o cowboy Beau (Don Murray) cruza seu caminho e tenta forçá-la a se casar com ele, um romance complicado se inicia. O filme foi produzido sob a bandeira Marilyn Monroe Productions, o que permitiu que Monroe tivesse influência direta para tornar Cherie o mais autêntica possível, angustiando seus figurinos, escurecendo seu cabelo e dominando um sotaque típico. Ela recebeu ótimas críticas pelo trabalho, finalmente conquistando um pouco do respeito que ela desejava como atriz.

O Príncipe Encantado (1957)

Imagem: Warner Brothers/Getty Images

O segundo (e último) filme feito por Marilyn Monroe Productions, O Príncipe Encantado mostra Monroe em seu charme mais efervescente. Como a showgirl Elsie Marina, ela combina seus novos métodos de atuação com seu senso de humor e flerte já conhecidos. Quando Charles, o Príncipe de Carpathia (Laurence Olivier), convida Elsie para jantar no palácio, ela percebe que ele está tentando seduzi-la. Mas depois de rejeitar seus avanços, ela finalmente se apaixona por ele. Esta produção foi notoriamente difícil para Monroe e, consequentemente, para todos que trabalharam com ela – mas o resultado prova que ela pôde se manter ao lado de um dos atores mais renomados do século 20.

Quanto Mais Quente Melhor (1959)

Imagem: Richard C. Miller/Donaldson Collection/Getty Images

Nomeado a comédia número 1 de todos os tempos pelo American Film Institute, Quanto Mais Quente Melhor é talvez o mais duradouro dos filmes de Monroe. Ela estrela como Sugar Kane, uma cantora de uma banda só de mulheres. Quando os músicos Joe (Tony Curtis) e Jerry (Jack Lemmon) precisam se disfarçar de mulheres para se esconder de gângsteres, Joe fica determinado a conquistá-la, apresentando-se falsamente como um milionário. O diretor Billy Wilder lutou enquanto trabalhava com Monroe, cujo vício em remédios agora desenfreado a fez ser esquecida e constantemente deixada para trás. Mas seu timing cômico não sofre com isso, e seu romance com Curtis é um dos mais indeléveis da tela de prata. Sugar pode estar negociando com o corpo e a personalidade de Monroe, mas como sempre, ela traz uma humanidade e inocência ao papel que o eleva além da interpretação estúpida do gênero que ela se ressentiu.

Os Desajustados (1961)

Imagem: Bettmann

O último filme concluído de Monroe é este drama sombrio, escrito por seu marido, o dramaturgo Arthur Miller, que constantemente revisava o roteiro durante toda a produção. É outro papel despojado (embora ela tenha odiado o filme). Ela interpreta Roslyn Tabor, uma mulher em busca de um divórcio rápido. Quando ela fica com Gaylord Langland (Clark Gable) e seus amigos, Guido (Eli Wallach) e Perce Howland (Montgomery Clift), ela se vê atraída por Gay e Perce. Embora este tenha sido talvez o momento mais difícil de Monroe em um set (o diretor John Huston interrompeu a produção para acomodar a estadia de Monroe num hospital para tratamento de depressão), continua sendo um final luminoso e melancólico.


Fonte: Entertainment Weekly

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