Em um post anterior eu falei sobre os “Índios Brasileiros”, os desenvolvedores de games indies do Brasil. Ver dezenas de jogos maravilhosos e o aumento da qualidade do que tem sido produzido por aqui é o maior indicador de que a indústria está crescendo, mas também tem vários dados que mostram que não temos só gente apaixonada lutando – e conseguindo – fazer o que gosta: temos também um ambiente que tem tudo para ser produtivo economicamente!
Uma das coisas que contribui para isso é que o nosso país é cheio de apaixonados por internet (e HU3Hu3HU3 tambem, hahaha). De acordo com a ABRAGAMES (Associação Brasileira de dos Desenvolvedores de Jogos Digitais), há 46 milhões de brasileiros ativos na internet, dos quais 76% são usuários de games. Deste percentual, cerca de 50% pagam para ter acesso aos jogos. Isso é gente para caramba, e faz o Brasil ser também o quarto maior mercado de celulares no mundo. (Aliás, isso me lembra esse artigo do BuzzFeed, que diz que o Brazil era a internet antes da internet existir. Hue, vale a pena ver).
Tendo isso em vista, em termos de consumo, dá para ver que o Brasil já é gigante: é hoje o quarto maior país consumidor da indústria de games global. Então não é exagero dizer que, em poucos anos, seremos uma grande referência dessa indústria no mundo.
Na verdade, posso dizer pela meu tempinho conhecendo a indústria de games na Europa, que o Brasil já é uma referência: toda empresa com jogos internacionais com quem conversei dizia que o Brasil era um dos seus maiores mercados, ou seja, um dos países onde estava uma grande concentração dos usuários dos seus jogos. O português já é uma das línguas para a qual os jogos têm que ser traduzidos quando vão ser lançados, e eles estão buscando outras maneiras de ter ainda mais impacto aqui na nossa terra.
Além disso, o Brasil é um dos maiores mercados para jogos free-to-play, que é uma das maiores tendências atualmente no mercado de games. De acordo com esse artigo do blog Games Industry, o mercado de jogos free-to-play no Brasil vale $470 milhões, só na plataforma PC.
O Brasil é muito grande nessa área porque aqui os consoles são muitos caros (bom, todo mundo lembra o preço do PS3 quando saiu) e muita gente joga no PC. Além disso, o público brasileiro curte muito jogos free-to-play (sempre fomos maioria nos MMOs, alguem lembra do Warsong no WoW?) por serem muito acessíveis. Mesmo os jogos de PC sempre foram muito caros e as promoções do Steam mudaram muito isso, mas para algumas pessoas ainda é difícil comprar lá.
Para melhorar, estamos começando a ver algumas iniciativas de apoio à indústria de games nacional, o que é a melhor parte! A Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo lançou recentemente um edital para fomento a projetos audiovisuais que incluiu jogos eletrônicos, junto com outras áreas tradicionais como TV, cinema, etc.
Já temos pessoas apaixonadas com muito talento trabalhando na área e um mercado enorme. Se tivermos ajuda do governo e iniciativas como essa, quem sabe não tem um futuro muito bonito pela frente para os desenvolvedores aqui no Brasil? 🙂
Co-fundadora, artista 2D e designer do estúdio de games independente BitCake Studio! É apaixonada por internet, novas tecnologias e por fuxicar produtos digitais de todo tipo online. Quando não está trabalhando no jogo do estúdio, Project Tilt, tem que tomar cuidado para não se re-viciar em Pokémon!