A próxima geração promete em todos os sentidos!
Desde o momento do seu lançamento, o crossover Outlawed, de Eve Ewing, implorava por comparações com o maior crossover de todos os tempos da Marvel: Guerra Civil. Em Outlawed, os jovens heróis da Marvel cometem um erro com grandes consequências, fazendo com que o governo dos EUA criminalize a atividade de jovens super-heróis. Já em Guerra Civil, os Novos Guerreiros – outro grupo de heróis adolescentes – comete um grave erro, fazendo com que o governo dos EUA criminalize a atividade de super-heróis que não registrarem sua identidade secreta junto ao governo.
O problema inicial apenas tornou mais fortes essas comparações, mas aí surgiu a pandemia de coronavírus e toda a série foi paralisada por cerca de cinco meses. Mas agora, a primeira edição de Champions, o quadrinho que seria introduzido pela edição de março de Outlawed, finalmente foi lançada, e vale a pena dar uma conferida. Afinal, Outlawed é meio que uma versão de Guerra Civil, se os personagens dela fossem inteligentes.
Quase todo mundo concorda que Guerra Civil é um quadrinho lendário, especialmente pelo tamanho do legado para o Universo Marvel e pelos momentos marcantes deixados em nossas memórias. Mas muita gente também concorda que o roteiro do crossover foi basicamente o fato de dois dos mais próximos aliados no universo dos quadrinhos – Capitão América e Homem de Ferro – se negando a conversar como adultos que são.
E é por isso que a primeira edição de Champions leva duas vantagens sobre a história clássica. A primeira é o fato de que Miles Morales, Kamala Khan, Nova e Viv Vision são adolescentes, ou seja, parte de uma população que pode tomar decisões apressadas e desconfiar de autoridades sem quebrar a construção do personagem. E a segunda é o fato de que desde o início, Ewing dedica algum tempo a apresentar razões lógicas e coerentes para que jovens super-heróis se posicionem contra ou a favor da nova lei. Algumas dessas crianças dependem de financiamento coletivo para proteger suas vizinhanças. Para outros, como Joaquin Torres, existe o risco que sua condição de imigrante seja cassada caso não aceite a nova lei. Mas outros veem a lei como uma forma de forçá-los a ter aprovação de um adulto para fazer o trabalho que eles já estão fazendo, enquanto tentam consertar uma sociedade que os adultos estragaram.
Vale muito a pena ler!
Fonte: Polygon
Leia mais:
Em defesa da “agenda politicamente correta da Marvel”
Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).