Para quem adora um bom mistério com uma dose generosa de reflexões sobre a vida.

Uma garota acorda em um trem totalmente perdida – ela não sabe quem é, de onde veio, quantos anos tem… nada! Então ela sai vagando por uma cidade, seguindo apenas suas pernas, que parecem saber aonde a estão levando. Ela acaba chegando em uma casa que, ao mesmo tempo que parece abandonada, parece estar ali esperando por ela. Sozinha no mundo, ela acaba conhecendo Frank, seu vizinho com quem desenvolve uma grande amizade.

Esta é uma história cheia de mistérios, amizades, romances, e tudo isso com um tempero de ficção. Sem falar nas surpresas. São muitas surpresas. MUITAS MESMO! Este é aquele tipo de livro que você acha que vai por um caminho, de repente, se torna uma coisa completamente diferente e você fica “OMG, como vim parar aqui?”. Acho essa característica maravilhosa, já que sou extremamente chata e crítica com clichês.

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A história de Nostalgia

A pequena garota ruiva, que passa a maior parte da história sem um nome, começa a descobrir as alegrias e tristezas do mundo graças ao seu vizinho Frank, com quem desenvolve um relacionamento muito forte. Enquanto vive essas novas descobertas e caminha para um futuro um tanto peculiar, ela acaba descobrindo pistas de quem era antes de acordar perdida em um trem. Até a metade do livro, temos a garota e Frank como foco na história, mostrando como o relacionamento se desenvolve. Até aqui, a narrativa caminha um tanto lenta, mas não confunda lenta com chata. A história te prende do começo ao fim, e essa velocidade dos acontecimentos é ideal para você entrar e sentir o clima de Nostalgia.

Na segunda metade, as coisas começam a ficar mais agitadas e loucas. Bem loucas. Boa parte disso é graças aos novos amigos da protagonista, que mostram a ela um mundo ainda maior e também a ajudam a descobrir quem ela realmente é. E o final – deuses – não tem como fazer muitos comentários sem dar spoilers. Mas te garanto que você vai ficar com cara de “WAAAT?”.

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Nostalgia é maravilhoso porque é uma história de reflexões sobre a vida disfarçada de ficção científica. Mas tanto a parte filosófica quanto a parte “fantasia” são apenas introduzidas neste primeiro livro. A autora Nana Lees já começou a segunda parte desta série, que promete dar muitas respostas às dezenas de perguntas que ficam no ar quando você acaba o primeiro. Eu mesma a enchi diretamente de perguntas, mas falei que não precisava responder porque preferia ser surpreendida lendo a continuação (sou assim, bipolar). A Nana ainda disse que a intenção dela é mostrar como a criação e a família repercutem diretamente em quem a pessoa acaba se tornando quando adulta. Mas isso é um pequeno spoiler (que não faz mal a ninguém), já que o primeiro livro acaba deixando mais perguntas que respostas. Uma tática bem engenhosa, já que agora estou completamente ansiosa para saber o que vai acontecer.

Dedicatória fofa que a Nana fez pra gente <3
Dedicatória fofa que a Nana fez pra gente <3

Vale a pena?

Quando li a sinopse do livro já fiquei interessada, mas, sinceramente, o livro é muitíssimo mais do que eu esperava. Tem mais de 400 páginas e li os 2/3 finais em uma sentada, porque não conseguia parar. Na edição, passaram alguns errinhos de digitação, mas é coisinha besta que não atrapalha em nada. Quando vi que a história era narrada em primeira pessoa, também fiquei um pouco tensa, principalmente por ser o primeiro livro da autora. Esse tipo de narrativa é bem difícil de ser fluída quando escritores iniciantes escrevem e muitos acabam caindo em clichês e textos enfadonhos por conta disso. Comecei a ler meio ressabiada e um tanto crítica demais, como com o fato dela se descrever em frente a um espelho. Essa é uma técnica muito usada e por isso é vista com maus olhos, mas no contexto da história, em que a menina não tem a menor ideia de quem ela é, acaba sendo necessária, não haveria outra maneira (mesmo porque algumas características físicas dela acabam sendo bem importantes para o rumo da história). Contudo, a tensão passou naturalmente, quando vi, já estava imersa na história e a narrativa super fluída. Depois das primeiras páginas, me parece que a escritora mesmo se deixou levar e se soltou, pelo menos é o que eu senti.

Então, sim!! Definitivamente, Nostalgia é uma distopia que merece ser lida e apreciada. A literatura nacional ainda é muito desvalorizada pelos próprios brasileiros, então muita gente nem dá uma chance. Por isso eu peço que você dê! Já li muita coisa, e garanto que esta obra de Nana é uma joia que está começando a ser lapidada. Ela ainda não é muito conhecida, mas boto uma fé que, se mais gente se propor a ler, ela tem tudo para ser uma autora de destaque, pois sua sua escrita e história tem grande potencial.

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Uma selfie com meu exemplar 😀

Nana Lees

Nana é viciada em histórias desde pequena, não importando se estão em filmes, games, mangás, músicas ou livros. E, por fim, resolveu criar seu próprio mundo de fantasia, expressando nele suas ideias sempre com um lado cômico e filosófico. Ela ainda é blogueira no blog Eu Insisto, é podcaster de livros, youtuber gamer e faz gameplays de jogos antigos, já trabalhou na Livraria Cultura e atualmente faz faculdade de Biblioteconomia na UFSCar.

Update 05/07/207

O livro já não está mais com a editora Buriti, mas você pode adquirir o e-book pela Amazon por R$1,99 enquanto ela está numa transição de editoras 😀

 

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