O premiado quadrinista mineiro faz o lançamento da 33ª Graphic MSP no sábado, 23 de julho, em Belo Horizonte

Dica imperdível para as fãs da nona arte da capital mineira! O lançamento oficial Franjinha: Contato, mais recente trabalho do quadrinista belo-horizontino Vitor Cafaggi, será realizado em Belo Horizonte, na Casa dos Quadrinhos (Avenida João Pinheiro, 277 – Bairro Funcionários) , neste sábado, 23 de julho, a partir das 14 horas. O artista estará presente para bater um papo com o público e autografar a nova obra. A entrada é gratuita, mas é necessário reservar seu ingresso no site do Sympla para participar do evento.

Franjinha: Contato - lançamento - divulgação - Casa dos Quadrinhos
Franjinha: Contato – lançamento – divulgação – Casa dos Quadrinhos

Em Franjinha: Contato, Vitor Cafaggi faz uma releitura arrebatadora do clássico personagem de Mauricio de Sousa. Trata-se de uma história sobre amadurecimento e sobre como seguir seus próprios sonhos não significa se apegar à infância.

Aproveitando a oportunidade, o Garotas Geeks fez uma entrevista exclusiva com Cafaggi sobre sua mais recente Graphic MSP. Confira!Vitor Cafaggi

Garotas Geeks: Como foi o processo de criação de Franjinha: Contato? Você escolheu escrever sobre o personagem?

Vitor Cafaggi: Na verdade não. Sidney (Gusman, editor responsável pelo planejamento editorial da Mauricio de Sousa Produções) propôs que eu fizesse Franjinha, no início eu não queria, porque não tinha uma conexão com o personagem, não tinha uma memória afetiva com ele, é um personagem que não me interessava tanto no início. Até procurei e sugeri outros personagens para Sidney, que fossem mais distantes da turminha principal para que eu pudesse fazer algo diferente do que já tinha feito. Então, Sidney insistiu, falando que Franjinha ‘era mais o meu número’ do que esses outros personagens. E aos poucos fui vendo que dava pra me conectar com ele, fui vendo uma possibilidade legal de trabalhar o personagem, exatamente porque eu não possuía essas conexões que eu já tinha com a turma principal. E isso fez com que fosse um processo bem diferente de trabalhar com Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, que eu já tinha muito prontos na minha memória e sabia muito sobre eles. E Franjinha, por não ter isso dentro de mim, foi completamente diferente trabalhar com ele. Pude trabalhar mais, criar outras camadas para ele. Por não ter esse passado com o personagem, acabou sendo um processo de criação bem diferente do que fazer as outras Graphics MSP.

GG: Quais suas referências para a elaboração desta narrativa?
VC: Foi a primeira vez que estudei mais para fazer uma história. Eu já havia estudado sobre roteiro, tirei o ano de 2020 para estudar roteiro, por conta de outros trabalhos que estava fazendo, para outras mídias. E Franjinha é a primeira obra em que se vê o resultado desse estudo. Bianca Pinheiro (autora da Graphic MSP Mônica: Força), que é muito minha amiga, comentou que a evolução que ela via dos meus outros trabalhos para Franjinha era muito grande e que ela suspeitava que eu tinha estudado. Estudei, inicialmente, bastante sobre roteiro. Não para fazer Franjinha, mas de certa forma o que se vê é um pouco reflexo desse estudo. Para a obra, especificamente, tive que estudar um pouco sobre ciências e sobre radioamadorismo. Não houve obras de referência na criação, foi bem solto. Tiveram algumas produções que assisti, como o filme Boyhood, que vi num momento bem importante de criação do roteiro, e que me deu algumas ideias porque a história também é sobre crescimento. Acho que esse filme foi uma referência importante nesse finalzinho. Então, de diferencial, foi mesmo ter que estudar sobre alguns assuntos que não conhecia, que não tinha domínio.Franjinha: Contato - lançamento - divulgação - Casa dos Quadrinhos

GG: O que Vitor e Franjinha têm em comum? E de diferente?
VC: No início eu não via nenhuma relação. E acabou que, no final, quando o Sidney Gusman viu pela primeira vez a história, ainda no lápis, mas já com todos os balões, ele comentou que via mais de mim em Franjinha até do que no Valente, que teoricamente é quase que uma autobiografia. No processo fui vendo como podia me enxergar no personagem. Como ele está crescendo, está com doze anos, fiz uma relação do amor que ele tem pela ciência ser parecido com o amor que eu tenho pelas histórias em quadrinhos. E como nessa fase da vida dele ele é questionado. Da mesma forma, os quadrinhos no Brasil eram considerados ‘coisa de criança’ e quando você vai virando adolescente, é meio que questionável, no meio onde você está, na escola e tudo mais. E Franjinha passa por isso com as ciências: é uma coisa que ele ama desde pequeno e na medida em que ele vai crescendo, vai se questionando se deve deixar isso pra trás ou até onde continua levando isso com ele. Franjinha é um menino muito introspectivo, sozinho, extremamente tímido… Acabou que coloquei muito de mim nele. E pela primeira vez o personagem trouxe muitas coisas pra mim, ele me influenciou também. Por exemplo, hoje sigo várias páginas de curiosidades científicas, estou fazendo pesquisas para comprar um telescópio… Houve essa troca entre nós dois. Uma amiga leu Franjinha recentemente e disse que consegue imaginar minha voz naquelas falas.

GG: Essa graphic MSP tem um sabor especial para os amantes da ciência e os fãs de ficção científica?
VC: Tem sim. Já tive feedback de pessoas que estão estudando, que estudam ciências e foram reações incríveis. Então tem sim um sabor especial para quem gosta de ciências. E para quem gosta de ficção científica também, ela acontece de um jeito sutil, mas essa Graphic MSP está cheio de referências bem sutis, bem escondidas, de obras de ficção científica, a começar até pelo nome “Contato”. Vai ser especial não somente para essas pessoas, mas para essas tem sim um gostinho especial.

GG: Para crescer é preciso abrir mão dos nossos sonhos?
VC: Acho que nossos sonhos vão mudando ao longo da vida. Alguns deles, a gente tem que abrir mão. Acho que amadurecer tem muito a ver com encarar as nossas responsabilidades. Nem sempre, por conta dessas responsabilidades, podemos correr atrás de todos os nossos sonhos. Mas, ao mesmo tempo, dá pra deixar algumas coisas para trás e conviver bem com isso. A gente muda com o tempo e é natural que esses sonhos mudem também. Ainda bem que a gente muda com o tempo, aprende coisas novas e consegue mudar nossa mentalidade. Mas também acho que há sonhos que são possíveis de se levar para a vida toda. Eu comecei a fazer quadrinhos com 30 anos, por isso acho que nunca é tarde para certos sonhos.

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