E o resultado é revoltante.
Se você é uma mulher, talvez essa seja a história menos surpreendente que você verá hoje. Mas ainda assim, é importante demonstrar como alguns dos piores padrões de comportamento cercam as mulheres ao redor do mundo quando participam de atividades que homens podem fazer sem qualquer problema.
Aqui no Brasil, a agência de publicidade Ogilvy (patrocinada pela Schweppes) decidiu testar um vestido que utiliza de receptores eletrônicos para medir o número de vezes que homens tocaram essas mulheres sem o seu consentimento. E antes que alguém tente descreditar o método, o vestido também era capaz de medir a pressão física que os homens exerciam, de forma a rebater as acusações de que o contato era inofensivo ou não-intencional.
Mesmo em um mundo em que assumimos que o assédio sexual e estupros ocorrem diariamente, os resultados foram chocantes. O projeto “Dress for Respect” foi desenvolvido especificamente para ajudar a educar os homens em uma questão que muitos de nós não levam a sério, mas que é dolorosamente real.
Em menos de três horas, as três mulheres usando o vestido foram tocadas sem consentimento 157 vezes. E os resultados foram limitados a uma boate. Não é à toa que 86% das mulheres entrevistadas disseram já ter sido assediadas ou abusadas ao frequentarem boates.
Mas esses dados não são algo específico do Brasil. Um estudo recente mostrou que 81% das mulheres dos Estados Unidos já passaram por alguma forma de assédio sexual em suas vidas. A pesquisa americana foi ainda mais longe, incluindo todas as facetas da vida das americanas, e 20% de todas as adultas afirmaram já ter sofrido assédio sexual no ambiente de trabalho. A organização RAINN (Rede Nacional de prevenção de Estupro, Abuso e Incesto) estima que a cada 98 segundos, uma mulher americana é vítima de violência sexual. A cultura do estupro ainda é MUITO presente hoje em dia.
Uma mudança sensível leva tempo, e o projeto “Dress for Respect” claramente merece atenção. É necessário, especialmente para os homens, esse choque de realidade, para que quem sabe sejam convencidos que não se trata de “mimimi”, e sim de algo que exige mudança.
Fonte: Good.is
Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).