De Chungking Express, de Wong Kar-wai, a Batman Returns de Tim Burton, os mv’s estão sensacionais! 

Como uma indústria, o k-pop usa sua influência global e tem boas cartas na manga. Os maiores sucessos deste ano da Coreia do Sul encontram suas raízes em tudo, desde hip-hop a afrobeat, city pop a R&B – e a safra de videoclipes reflete essa inspiração de longo alcance. Os mv’s (music video) nesta lista parecem ir de filmes feitos em Hong Kong a Hollywood, com gêneros variando de romance taciturno e neo-noir a ficção científica intergaláctica e terror. Essas referências deixam claro o impacto que o cinema pode ter nas histórias que contamos.

Embora possamos visualizá-los em telas menores, esses mv’s são inegavelmente cinematográficos por si só. Aqui estão apenas alguns lançamentos de 2021, onde o k-pop e o cinema se encontraram.

Days Of Being Wild, do TXT’s, 0X1 = LOVESONG (I Know I Love You)

Antes que o galã de Hong Kong e estrela do cantopop (música pop cantonesa), Leslie Cheung, solidificasse seu lugar nos anais da história queer, ele dançava sozinho no filme de Wong Kar-wai (1990), Days of Being Wild. O personagem de Cheung, Yuddy, é um libertino que se vê como um pássaro sem pernas que tem que voar e voar, incapaz de pousar – daí seu mambo solo.

Enquanto Cheung enrola os quadris olhando reverentemente para o espelho, Yeonjun (TXT) imita a dança na frente dos outros quatro membros do quinteto. Não é até o final do mv que descobrimos que esse público não é real – ao contrário, algo que Yeonjun sonha como um alívio de sua própria solidão.

Chungking Express, em Bittersweet, de Mingyu e Wonwoo

Diferente de uma conserva que tem longo prazo de validade, o tempo e a memória no filme Chungking Express são passageiros. Wong Kar-wai dobra os dois à sua vontade a serviço de seu romance exuberante e melancólico.

Em Bittersweet, os rappers Mingyu e Wonwoo (SEVENTEEN) têm vinte e poucos anos enredados em um triângulo amoroso. “Como o amor se tornou amor”, Wonwoo respira sobre o início da faixa de blues e bossa nova, criando o cenário para as vinhetas que se seguirão. Iluminado por verdes e vermelhos lânguidos, o trio percorre as ruas à meia-noite em câmera lenta, reproduzindo digitalmente a técnica de impressão desfocada de Wong.

Oldboy, em ‘LILAC’, de IU

A cena do corredor de tomada única de Oldboy é notoriamente horrível, visceral e ultraviolenta – tudo o que a divindade k-pop IU não é. E esse, talvez, seja exatamente o ponto de recriar a cena no videoclipe LILAC, a faixa-título que marca os vinte anos da solista.

No vídeo, IU atravessa os compartimentos de um trem, experimentando e perdendo fragmentos de suas personalidades até chegar finalmente ao seu destino. Ainda assim, ao longo de toda essa jornada, mesmo enquanto chuta traseiros ou lambe feridas, a cantora mantém sua leveza e graça característica. Como o fantasmagórico Dae-su, de Choi Min-sik, IU se choca com uma série de capangas. Desta vez, porém, é sem um martelo com garras quando ela avança apenas com seu balé de artes marciais.

O Grande Hotel Budapeste, no riBBon, de BamBam

Assistir a um filme de Wes Anderson é como dar uma espiada dentro de uma casa de bonecas. Encenado com jogos de xadrez gigantes e lutas de espadas, o vídeo da estreia solo do membro do GOT7, BamBam, riBBon, caminha sobre a linha andersoniana entre capricho e artifício.

Acima da batida envolvente, ele não só manteve sua bravata e “skrrt skrrt’s” (ahgases entenderão a referência), mas mergulhou seus pés em uma estética mais suave: sedas e malhas, ternos de aquarela, cabelo de algodão doce. O aceno mais direto ao filme é a recriação das icônicas caixas de pâtisserie rosa vistas no O Grande Hotel Budapeste, trocando as letras dos pacotes pelo nome do idol nascido na Tailândia.

Wes Anderson não é uma inspiração incomum na paisagem k-pop, onde as paletas de cores pastéis reinam supremas – os grupos femininos STAYC, EXID e GWSN também fizeram referência ao filme de 2014, enfeitando conjuntos de hotel kitsch e vestindo uniformes roxos de concierge.

Star Wars, no FIRST, de EVERGLOW

EVERGLOW está sempre preparado para a batalha, mas talvez nunca mais do que em FIRST. O estilo vem daquela galáxia muito, muito distante, onde as mulheres comandam a resistência e drenam a energia do cosmos. Com um coldre na coxa (olá, Leia e Jyn Erso), Sihyeon, que anteriormente fez cosplay da estrela da última trilogia, Rey, usou um cabresto feito de tecido, acompanhado por botas grossas, dignas para pisar nas areias do deserto de Jakku.

As garotas intergalácticas usam várias camadas de laranja escuro – a cor dos macacões de voo dos Rebeldes – e muito preto que lembra Kylo Ren. Nesta ópera espacial arrebatadora, EVERGLOW se posiciona tanto como heroínas quanto como vilãs, presas na luta entre a luz e a escuridão.

The Mummy , em Odd Eye, do Dreamcatcher

O filme de 2017, A Múmia, foi um fracasso suficiente para afundar sozinho a tentativa da Universal Studios de dar o pontapé inicial em seu Dark Universe: um reinício pretendido de filmes clássicos de monstros, inspirado nos muitos universos compartilhados de super-heróis dos anos 2010. Seu impacto na consciência cultural é correspondentemente pequeno – isto é, além das memoráveis ​​marcas faciais rúnicas do vilão Ahmanet, e a princesa egípcia de Sofia Boutella ressuscitando dos mortos.

Entra Dreamcatcher, um septeto de bruxas, musicalmente influenciado por j-rock e metal, com um toque de fantasia de terror visual. Odd Eye é a conclusão de sua trilogia Cyberpunk Dystopia, que examina o poder da linguagem de ferir e corromper. No vídeo, SuA carrega a pintura de guerra da múmia titular, girando em torno de um feixe de luz com o sabre de luz.

Embora a composição de Boutella no filme tenha se baseado em textos funerários antigos, o significado e as origens linguísticas de SuA são deixados para especulação. “Eu tenho os nomes dos nossos maquiadores aqui”, ela brincou em um vídeo sobre os bastidores do videoclipe.

Batman Returns, em TAIL, de Sunmi

Selina Kyle, de Michelle Pfeiffer (também conhecida como Mulher-Gato), é um gata de garras afiadas. Inicialmente uma secretária insegura, mas bem-intencionada, Kyle é jogada de uma janela e cai num beco infestado de gatos, onde os animais selvagens trabalham sua magia para reanimá-la. Ela volta para casa com um temperamento felino recém-descoberto e um desejo por leite desnatado.

A metamorfose de Sunmi em TAIL reflete este enredo clássico: a mulher desprezada se torna femme fatale. “Abanando o rabo para suas últimas palavras” Sunmi canta na faixa sensual, acompanhada por uma coreografia elegante. Com as unhas afiadas e pronta para atacar, a cantora ronda ao usando meias de vinil e luvas de ópera, evocando o macacão de látex inesquecível usado por Pfeiffer.

Já tinha visto algum deles?

Traduzido e adaptado do NME.

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