Uma HQ sobre garotas desvendando mistérios e lutando contra monstros!

É fácil resumir o apelo de Stranger Things: jovens vivendo aventuras, mistérios, ficção científica estranha, com um apelo visual forte e é claro, anos 1980. E se essa combinação vencedora de sabores te prendeu no sucesso da Netflix, nós temos algo que vai te ocupar até o lançamento da quarta temporada: Paper Girls.

Paper Girls é uma série de quadrinhos da Image Comics (publicada no Brasil pela Devir) que conta a história de quatro adolescentes vivendo a aventura de suas vidas. Escrita por Brian K. Vaughan (autor de Y: The Last Man e Saga), a história é cheia de mistérios e viradas inesperadas, e a arte de Cliff Chiang e Matt Wilson torna os quadrinhos recheados de cenas de ficção científica. Além disso, a história se passa nos anos 1980.

Conheçam Karina “KJ” J, Mackenzie “Mac” Coyle, Erin Tieng e Tiffany Quilkin, as protagonistas de Paper Girls. A história tem início em novembro de 1988, em Stony Stream, Ohio.

É o aniversário de 50 anos de “A Guerra dos Mundos” de Orson Welles, e também o dia mais perigoso do ano para ser um entregador de jornal: a manhã após o Halloween. Mas o dia 1º de novembro não vai durar para sempre. Enquanto Stranger Things encontra seus elementos de ficção científica na telecinese, dimensões paralelas e laboratórios científicos, Paper Girls é sobre viagem no tempo.

Apesar de KJ, Mac, Erin e Tiffany terem se unido apenas para afastar outros adolescentes mais velhos, elas acabam sendo atacadas por um trio de ninjas, seu walkie-talkie é roubado e elas encontram uma nave espacial em um porão, e isso é só o começo da história. Elas também encontram um quadrado telepático com o logo da Apple nele, encontram guerreiros futuristas montados em dinossauros e até tardígrados (micro animais simplesmente horrorosos, joguem no Google por conta e risco de vocês) do tamanho de Kaijus.

Por fim, elas acabam se envolvendo em um conflito entre facções de viajantes temporais, confundidas com um bando de rebeldes desajeitadas, apesar de serem apenas jovens confusas de 12 anos de idade que vivem em Cleveland, nos anos 1980.

O estilo característico de Vaughan por histórias seriadas de aventura cheias de mistério aparece de forma intensa em Paper Girls com a complicação de uma história que se mantém pulsante o tempo todo. O que mais ajuda é que as nossas quatro protagonistas – e o interessante grupo de coadjuvantes que elas encontram – são reais demais. Assim como em Stranger Things, você fica com aquela sensação de ver o próximo episódio. Você vai virar as páginas sem parar para descobrir se elas vão sobreviver, como farão isso ou se acabarão morrendo de leucemia infantil antes de terminar os estudos.

E se você é um fã de Stranger Things, mas acha que a série deveria ter lidado melhor com as personagens femininas, ou com a leitura queer, ou mesmo com seu amor pela cultura pop dos anos 1980, você vai encontrar uma experiência ainda melhor em Paper Girls.

Os quadrinhos são sobre os anos 1980, mas sem enfeitar. Paper Girls não deixa você esquecer o que é ser gay nos anos 1980, algo que Stranger Things apenas mostrou de forma rápida e nervosa. Assim como o medo de que todos sejam exterminados em uma aniquilação nuclear. E o fato de que o desastre com o Challenger significou que nem mesmo o espaço era uma fronteira segura.

A HQ é certamente cheia de referências à cultura pop dos anos 1980 – é tudo que as protagonistas de 12 anos sabem – e sejamos francas que boa parte da cultura pop dessa época ainda é incrível. Mas uma das razões que nos fazem pensar desta forma sobre os anos 1980 é porque essa década foi marcada por mudanças massivas.

Enquanto as garotas são arremessadas em perigosas (se não letais) aventuras – saltando entre a idade da pedra, 1988, 2000, 2016 e 2171 – elas são forçadas a saltar na vida adulta, mesmo que o mundo que elas conheçam esteja para ser lançado dentro da era da informação. Algumas das garotas chegam a encontrar e até enfrentar suas versões futuras irreconhecíveis, elas não conseguem entender como vieram a se tornar aquilo.

Nós nunca conhecemos nossas versões do futuro, mas podemos entender um pouco. É difícil acreditar como os nossos “eus” de 2000 vieram a se tornar os nossos “eus” de 2019.

A série já recebeu dois prêmios Eisner, além de ter sido indicada para o prêmio Hugo de melhor história gráfica por três anos. A Amazon Studios inclusive anunciou recentemente que adaptará os quadrinhos para uma série em formato de TV.

Com tudo isso, ainda resta alguma dúvida? Vocês precisam ler Paper Girls! É como Stranger Things, mas apenas com garotas e viagens no tempo. Quão perfeito isso soa?


Fonte: Polygon

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