Fãs do Studio comemoram /o/

O mais recente filme Ghibli – e esperamos que não o último, apesar de todas as declarações do diretor do Studio – tem cada vez mais se tornado alvo de críticas positivas e recomendações no mundo virtual. Seu enredo tocante é baseado no livro de mesmo título da maravilhosa escritora e ilustradora britânica Joan G. Robinson. When Marnie Was There, Omoide no Marnie ou As Memórias de Marnie, com direção de Hiromasa Yonebayashi, estreou nas telonas japonesas em 19 de julho do ano passado. Desde então, inúmeros reviews recheados de elogios surgiram em páginas geeks. E, claro, não podia faltar aqui no Garotas Geeks também.

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Anna e Marnie <3

O enredo aparentemente é, a princípio, bastante simples: segue a pitoresca vida mundana de uma menina numa agitada metrópole e a seguir num tranquilo vilarejo. Sua até então robótica personalidade é iluminada pela alegre personalidade de uma garota desconhecida.

Memórias perdidas que assombram… A história de duas meninas com um passado misterioso que se reuniam sob circunstâncias únicas, com dois pontos de vista diferentes da vida… O filme é um balanço entre a realidade e a fantasia. No final das contas, acaba tendo um tema complexo cheio de reflexões e morais intrínsecas que garantem comoção.

A história conta sobre a vida de Anna, uma garota asmática com sérios problemas de interação social. Adicione a ansiedade e a pressão que crianças de cidade grande geralmente sofrem, junto ao pacote de uma garota órfã com uma vida cheia de uma dolorosa sensação incolor, frequentemente representados em seus esboços monocromáticos. Mas se você prestar bastante atenção, perceberá que não é apenas isso.

Depois de uma crise, Anna é encaminhada pela mãe adotiva para uma cidade no interior, onde ela poderia passar o verão de forma mais saudável junto a um casal muito simpático, rodeada pela natureza. Lá, a menina pôde se sentir mais relaxada, porém não libertada de sua imensa dificuldade de se relacionar com as pessoas, principalmente crianças da sua idade. Graças a isso, um dos eventos em que ela se envolve acaba se tornando, por pouca coisa, um grande constrangimento.

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Envergonhada, se sentindo perdida e com tanta raiva de si mesma a ponto de chorar, Anna foge. Corre sem parar, sem se importar aonde ia. Só queria estar bem longe dali. Então, ela se depara com uma antiga mansão que irradia sentimentos familiares.

Nesse ponto, quero dar uma pequena pausa pra dizer: observem e admirem a beleza dos traços, como sempre maravilhosos, do Studio:

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Era uma mansão conhecida no vilarejo por boatos e fantasias infantis de ser assombrada, uma vez que já estava inabitada há tempos. Quando Anna consegue alcançar o casarão depois de atravessar o lago, descobre que realmente não havia ninguém ali. No entanto, certo dia em que a maré estava baixa, ela vê as luzes da casa acesas e curiosa, vai verificar e acaba descobrindo uma jovem vivendo lá com sua família. Esta menina, por sua vez, de longos cabelos dourados, interage de forma tão inesperada com Anna que ela se sente estranha e rapidamente íntima, como se já se conhecessem há anos.

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“Não sou um sonho” – jurou Marnie, de aura misteriosa e aconchegante. E as duas se tornaram amigas que tinham muito a compartilhar, embora dividissem um pequeno segredo de cada vez a cada novo encontro que tinham, como se descobrissem uma história mágica lendo cada capítulo vagarosamente, para aproveitar melhor.

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Apesar de Marnie ter feito Anna prometer que a amizade entre elas permaneceria em segredo, as duas não guardavam nada entre si. Os detalhes de suas vidas vão se revelando aos poucos e a história de ambas se desvelando como que um quebra-cabeça. Mas para Anna, por mais que Marnie contasse alguns de seus muitos segredos, sua existência ainda era uma incógnita. E esclarecer esta mística pergunta é o papel de Anna no resto da narrativa, que aos poucos parece perder a linearidade e ao mesmo tempo ganhar mais sentido.

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Minha dica para apreciar o filme ao máximo é prestar mesmo bastante atenção às interações entre as duas meninas, às mudanças sutis nas expressões faciais e aos estranhos acontecimentos recorrentes que às vezes parecem desconexos com a história. Tudo isso, desde as manifestações de caráter até a decoração dos cenários e os pequenos detalhes em cada ambiente, é sublime.

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As aventuras de Anna e Marnie desvendam uma história como nenhuma outra. História de risos, abandono, negligência e amor. Repleta de voltas e reviravoltas ao longo do filme, com uma fachada que se desintegra lentamente para mostrar seu verdadeiro “eu agridoce” quando o filme chega ao fim. A tristeza carregada que dura a maior parte do tempo finalmente leva ao alívio de um emocionante desfecho. A conclusão por sua vez leva ao pensamento de que a vida é difícil para todos, apesar das aparências. Com certeza entrou para o topo do meu ranking de filmes preferidos, até mesmo dentre os do Studio Ghibli, principalmente por este ser o primeiro filme da empresa com duas protagonistas.

Veja o trailer original:

Comentários à parte: Priscilla Ahn, minha cantora preferida<3 e a responsável pela música tema do filme, postou essa foto em seu Instagram, onde conheceu Miyazaki pessoalmente! *O* Deixarei o vídeo clipe original da música para quem quiser ouvir com calma e apreciar essa preciosidade <3

A música “Fine On The Outside”  já havia sido composta há dez anos, mas parecia ter sido feita para o filme de Marnie, porque encaixou-se perfeitamente nele. E foi fantástico ver o talento da minha cantora favorita ser reconhecido, além de ter dado a chance para outras pessoas ao redor do mundo de conhecer sua voz angelical e suas composições singelas, cheias de uma sensibilidade tão profunda que muitas pessoas admitiram não aguentar ver suas vidas retratadas de forma tão direta. Eu mesma fiquei suando pelos olhos aos montes nas cenas dos créditos. E ouvindo em looping quando finalmente consegui baixar a trilha sonora do filme.

Achei especialmente sensacional que o filme tenha tratado de um assunto tão delicado e ao mesmo tempo tão sério como a depressão, principalmente após me decepcionar bastante com tantas outras obras orientais que banalizam a doença, mesmo que indireta e sutilmente. E acho também especialmente sensacional essa capacidade de me fazer tornar fã de um filme antes mesmo dele sair!

Espero sinceramente que todos curtam a animação, que ouso afirmar ser mais uma obra-prima, assim como uma quase obrigatoriedade para os fãs do Studio Ghibli.

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