Novo longa da Netflix aposta em uma releitura moderna e diversificada dos contos de fadas.

Difícil encontrar uma criança que não conheça a história de Cinderela, mesmo que ela tenha sido criada em 1697 pelo escritor francês Charles Perrault. Os contos de fadas passam de geração para geração e repercutem ao longo dos séculos na literatura, teatro e, claro, nos cinemas também. A indústria cinematográfica adora explorar esses contos, então, por que não explorar todos de uma vez?

A Escola do Bem e do Mal é um novo longa-metragem da Netflix, que estreou com a proposta de criar uma releitura moderna desses clássicos infantis em uma trama divertida e fantasiosa. Saiba o que achamos do filme (sem spoilers):

Bem x Mal

Adaptação do livro homônimo de Soman Chainani, a trama se passa em Gavaldon (provavelmente durante a Idade Média) e acompanha Sophie (Sophia Anne Caruso) e Agatha (Sofia Wylie), melhores amigas que moram em um vilarejo, onde não se sentem aceitas pelos moradores, principalmente Agatha que constantemente é chamada de bruxa. Com o bullying e a sensação de “prisão”, as garotas sonham em mudar de vida.

Com o desenrolar do enredo ambas conhecem a história de uma escola misteriosa chamada “A Escola do Bem e do Mal” e Sophie fica encantada com a possibilidade de viver nesse local, afinal, ela acredita em uma vida fora do vilarejo e que ela está destinada a mudar o mundo. Seu ingênuo desejo se realiza e ela é puxada por uma força misteriosa para essa escola, e Agatha também é levada ao tentar deter a amiga.

Para o espanto das duas, Sophie — que se considera bela, graciosa e sonha em ser uma princesa igual as dos livros que lê — é deixada na Escola do Mal, enquanto Agatha — que era acusada de bruxa — na Escola do Bem. Os responsáveis pela escola não acreditam que as meninas foram enviadas para os lados errados e as obrigam a aceitarem os seus destinos.

Com isso, Sophie busca incansavelmente uma forma de provar que ela deveria está no lado Bom, enquanto Agatha, que deseja voltar para a casa, foca em ajudar a sua amiga a provar seu caráter e conquistar seu final feliz com um beijo de amor verdadeiro, pois esse é o final clichê de todo mocinho.

Agatha (Sofia Wylie) e Sophie (Sophia Anne Caruso). Reprodução: Netflix

Filhos de vilões e princesas

A Escola do Bem e do Mal não foi a primeira obra a explorar essa temática, pois outras produções, como a trilogia Descendentes ou a animação Ever After High, exploram o exato tema de filhos dos personagens dos contos de fada estudando na mesma escola para seguirem o destino de seus pais e serem rivais entre si por conta da questão de heróis e vilões.

No entanto, apesar das semelhanças, o novo filme da Netflix aparenta querer deixar de lado essa temática e focar em sua própria trama, enfraquecendo a construção do universo e, infelizmente, dos personagens coadjuvantes, que tampouco sabemos de quem são filhos.

Os coadjuvantes ganham tela apenas em momentos de rivalidades, bullying com quem parece não pertencer àquele lugar, relacionamentos amorosos e outras características presentes em filmes colegiais adolescentes. O elenco adulto que é composto de grandes nomes, como Charlize Theron, Michelle Yeoh e Kerry Washington, também sofre do mal do desperdício.

O longa-metragem até tenta apresentar o universo das escolas por meio de algumas aulas, mas as duas horas e meias de duração se tornam cansativas, desnecessárias e sem um momento de “respiro” ao telespectador, que é mergulhado em estímulos visuais de lutas, cenários, figurinos e muito CGI. Consequentemente, a própria reviravolta da história não ganha muita veracidade, por mais que seja previsível, ocorre quase que do nada. Situação que facilmente seria resolvida em um minissérie, por exemplo.

A produção do filme

O toque moderno é refletido na escolha de trilha sonora, com sucessos da Geração Z como “Brutal”, da Olivia Rodrigo, e “You Should See Me in a Crown”, de Billie Eilish. Britney Spears também entra na lista com uma versão sombria do hit “Toxic”. Os figurinos, com uma mescla entre clássico e moderno, também não são deixados de lado e roubam a cena em diversos momentos.

Por fim, vale o destaque da escolha de um elenco diverso, com atores de diferentes raças, corpos, cabelos e até equidade de gênero. E, claro, diversidade em papéis de protagonismo, como é o caso da própria Agatha. 

Inspirado em um livro de 2014, A Escola do Bem e do Mal reflete bem a intenção de grandes produções buscarem atrair a nova geração que entende a importância de quebrar certos paradigmas. Apesar dos clichês, a história questiona influências dos clássicos infantis com representatividade nos mais diversos sentidos. E, como todo bom conto de fadas, o filme entrega muitas lições, principalmente a questão da humanidade, que todo mundo tem boas e más escolhas, e que não devemos julgar pelas aparências. 


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