Precisamos falar de diversidade no mundo dos games.

O fato de haver uma notável falta de diversidade na indústria de videogames quando se trata de mulheres tem sido um problema.

As mulheres compõem cerca de metade dos consumidores de videogame.

Com as mídias sociais, estamos ainda mais conscientes da desconexão sistemática entre quem está fazendo esses jogos e quem está jogando. Esse problema surgiu novamente com toda força quando Brendan Greene, da PUBG Corporation (PlayerUnknown’s Battlegrounds), falou sobre seus esforços e os de outras empresas para tentar “atrair mais mulheres para a indústria de jogos”.

Citando da Games Industry:

“É realmente difícil”, disse Green à multidão no View, mês passado. “Não podemos dizer a um recrutador que queremos um tipo específico de pessoa. Daremos a eles uma descrição do trabalho e diremos a eles ‘esse é o tipo de equipe que estamos construindo’, mas não podemos dizer a eles que queremos uma seleção diversificada de pessoas.”

Ele continuou a explicar que, apesar de querer envolver mais mulheres, suas tentativas de recrutar uma equipe diversificada levaram a uma equipe internacional de… homens.

“Eles apenas nos dão coisas. E, como resultado, tenho [apenas] uma mulher na minha equipe e odeio isso”, continuou Green. “[Minha equipe tem] pessoas de todo o mundo, da Ucrânia, Rússia, América, Canadá. É uma equipe internacional, mas toda masculina. Examinei minhas descrições de cargo, tentando descobrir se temos uma descrição de cargo orientada para homens. Mas não, [eles tinham] palavras muito femininas, sabe? Você tenta e tenta, mas eu confio nos currículos que recebo… E a qualidade dos candidatos que recebemos não está no estágio que queremos. É péssimo, mas estamos tentando.”

Ah, o velho “bem, todas as mulheres que escolhemos não são tão boas quanto os homens”… Ainda assim, o site Head Stuff tentou explicar, da forma mais didática possível, porque havia essa desigualdade no mundo dos games e por que poderia haver uma razão mais profunda para mulheres não estarem participando da indústria dos jogos. Os maiores motivos do texto foram preocupações gerais sobre saúde e remuneração.

Segundo o Head Stuff, “a maioria das empresas de videogame paga menos, oferece menor estabilidade de emprego e oferece benefícios inadequados à saúde quando comparados a outras indústrias nos Estados Unidos”. O que, na economia atual, está se tornando cada vez mais uma questão importante. Além disso, quando se trata de “experiência”, o site descobriu que as mulheres costumam trabalhar no Facebook e em jogos mobile, mas, apesar desses jogos serem ótimas microtransações, eles ainda não são vistos como “jogos de verdade” ou seus criadores como “designers de jogos”.

Isso quer dizer que mesmo que desenvolvedoras de jogos obtenham experiência (até por conta própria), isso não será visto como o “tipo certo” de experiência.

Também há histórias frequentes sobre a “cultura do crunch“, que são longas tarefas cansativas realizadas durante horas extras mal/não pagas, nas quais os designers de jogos são forçados a cumprir prazos apertados com pouco sono, descanso ou qualquer pausa. É desumano. Então, quando as mulheres entram no setor, podem – além de tudo isso – enfrentar reações negativas de fãs e machismo dentro da empresa. A exemplo, as funcionárias da Riot Games que entraram com uma ação coletiva contra a empresa (falamos mais sobre isso aqui), com a alegação de que o estúdio tem um ambiente extremamente excludente e preconceituoso de “homens primeiro”. Outro exemplo seria o episódio do Gamergate, cujas cicatrizes ainda estão frescas na mente das pessoas.

Uma coisa é fato: esses tipos de ambientes tóxicos não incentivam as mulheres que desejam seguir essas carreiras.

Greene estava sendo entrevistado por Jan-Bart van Beek, diretor de animação da Guerrilla Games (empresa responsável por Horizon Zero Dawn, por exemplo). Ele fez as mesmas lamentações sobre o quão difícil era contratar mulheres. “É interessante que elas se coloquem em desafios tão difíceis, em vez de deixá-los crescer mais naturalmente. No momento, estamos contratando mais mulheres do que homens, e talvez porque haja mais mulheres se candidatando e mais mulheres saindo das escolas”.

“Mas esse é o problema, eu acho”, disse Greene. “É bom querer 50/50, mas agora não há essa diversidade no setor. Temos que começar mais cedo. Temos que ir às escolas e dizer: ‘Escuta, você quer um emprego em jogos? Então, por favor, venha… Há algo para você aqui nos games. Venha fazer parte da diversão.’”

Bom, talvez as pessoas devam começar a considerar os motivos mais amplos pelos quais as mulheres não estão entrando nesse mercado, em vez de assumir que é porque as mulheres simplesmente não querem “fazer parte da diversão”.

Vocês já pensaram que para muitas mulheres jogar nem sempre é divertido, mesmo que elas amem aquilo mais que tudo no mundo?


Texto traduzido e adaptado do TheMarySue.

Crédito da capa: Helen Brown | Daily Texan

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