Sexualização infantil tem que ser encarada de forma séria.

Natalie Portman teve sua grande chance como atriz aos 12 anos em O Profissional (1994), e esse filme a fez ter uma relação muito complicada com sua própria sexualidade, já que por muito tempo, graças ao filme, ela passou a ser vista como uma “lolita”.

A atriz vencedora do Oscar, falou com Dax Shepard em seu podcastEspecialista em Poltrona com Dax Shepard” sobre vários assuntos, mas também sobre ser sexualizada em uma idade jovem.

Ser sexualizada quando criança, eu acho, tirou minha própria sexualidade porque me deixou com medo. Isso me fez sentir que a forma de estar segura é dizer, ‘Eu sou conservadora e estou falando sério e você deve me respeitar, e eu sou inteligente e não me olhe dessa forma.’ Considerando que, tipo, essa idade – você tem sua própria sexualidade, e você tem seus próprios desejos, e você quer explorar as coisas, e você quer estar aberta, mas você não se sente segura, necessariamente, quando há, tipo, homens mais velhos que estão interessados ​​e você fica tipo ‘Não, não não não não não’.

Como resultado, Portman teve a experiência inversa de muitas estrelas da Disney, que muitas vezes são colocadas em uma cultura de pureza e mercantilização, algo que o próprio Shepard observa.

Ela continua:

É totalmente verdade e é tão estranho porque é, tipo, eu estava fazendo testes para todas essas coisas também e nunca fiz isso quando era criança. Eu sempre tive o papel sombrio e sexy de garota jovem.

Ainda assim, é perturbador pensar sobre quantas vezes esse tipo de personagem é usado.

Apesar de nunca ter visto os primeiros filmes de Natalie Portman até mais recentemente, o tropo de garotas que eram “inteligentes demais pra sua idade” e que podiam encantar um homem adulto era algo a que eu já tinha sido exposta.

Para as jovens que internalizam isso, já é uma luta, então não consigo imaginar o quão ruim é entrar em uma sala cheia de adultos e perceber como eles te enxergam como “dark” e “sexy” antes mesmo de você começar a ter qualquer traço de personalidade desenvolvido, quanto mais o conceito de sexualidade.

Pra quem tiver mais interesse no assunto, o Lolita Podcast faz análises bem interessantes sobre personagens assim, como a Lolita de Nabokov, e a resposta da cultura pop a esse tropo. Ouvindo os episódios, é difícil não pensar em todas essas meninas e mulheres jovens que se transformaram em símbolos sexualizados, apenas para agradar o olhar masculino, sem nenhum cuidado sobre como isso impactaria e influenciaria a saúde mental e a vida sexual adulta dessas mulheres. Ainda mais quando se leva em consideração que é um rótulo que acompanha as atrizes ao longo de suas vidas inteiras.

Sue Lyon em seu papel para Lolita (1962). O filme é baseado em um romance de Vladimir Nabokov que acompanhar um professor sexualmente obcecado por uma jovem de apenas 12 anos.

Portman conseguiu se proteger e pode falar sobre isso com mais confiança e autoridade, mas há muitas outras mulheres por aí que lutaram muito para descobrir onde o personagem termina e onde elas começam a existir de verdade.


Fonte: TheMarySue

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