Às vezes, você só quer desligar o cérebro e ver as balas voarem.

Mais ou menos uma vez a cada década, é lançado um filme de ação que restaura o padrão para sequências de ação cinéticas e emocionantes. Esses filmes rapidamente se tornam favoritos, e os estúdios se esforçam para recapturar a mesma magia em filmes derivados. Isso não é nada novo, claro. Filmes como Duro de Matar, O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final, Matrix e John Wick inspiraram uma série de pretendentes ao trono que, embora compartilhem DNA com seus predecessores, não conseguem capturar a magia que tornou esses filmes icônicos.

O que nos leva a Kate, o último filme da Netflix no gênero de assassinos de elite. Mary Elizabeth Winstead (Scott Pilgrim Contra o Mundo, Aves de Rapina) interpreta a assassina titular imparável. Morando em Tóquio, Kate se contenta em receber ordens de seu manipulador e figura paterna Varrick (Woody Harrelson) até que um assassinato dá errado e Kate acaba atirando em um membro da Yakuza na frente de sua própria filha, Ani (Miku Martineau).

O ato abala Kate tanto que ela pensa em desistir e começar do zero. Mas depois de uma noite com um estranho bonito – Michiel Huisman, que interpretou outra noite desastrosa em The Flight Attendant (A Comissária de Bordo, disponível na HBO Max), Kate é mortalmente envenenada. Com apenas 24 horas de vida, Kate sai em fúria para assassinar Kijima (Jun Kunimura), o chefão da Yakuza, e sequestra sua sobrinha Ani na tentativa de encontrá-lo.

Imagem: Netflix

Se a premissa parece familiar, é porque é. Versões dessa história foram contadas por décadas, remontando ao filme noir D.O.A. até o sonho febril de Jason Statham, Adrenalina. Kate é um dos muitos filmes do tipo “assassina de elite enlouquece” que surgiram desde que John Wick chegou aos cinemas em 2014. Mais recentemente, os estúdios procuraram criar uma versão feminina de John Wick com uma sujeira esquecível como Gunpowder Milkshake (que inclusive recomendamos que você assista, também disponível na Netflix), The Protégé, Jolt, e toda uma série de veículos liderados por Ruby Rose que não vale a pena mencionar.

Kate faz pouco para reinventar a roda, com voltas e reviravoltas previsíveis que só serão surpreendentes se você nunca viu um filme antes. Mas o que tem é Mary Elizabeth Winstead, que se transformou em uma estrela de ação confiante e extremamente assistível. Winstead faz um excelente trabalho nas sequências de ação e traz gravidade e humor negro a um arquétipo delineado.

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Kate também reúne Winstead com seu coordenador de dublês em Aves da Rapina, Jonathan Eusebio, que já trabalhou em todos os três filmes de John Wick. O resultado é uma série de sequências de luta criativamente violentas e emocionantes, o que diferencia Kate de outros filme de ação padrão. Cada golpe um hematoma, enquanto o corpo de Kate em rápida deterioração continua lutando. Entre a coreografia da luta e a performance convincente de Winstead, Kate se apresenta onde filmes semelhantes fracassaram.

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Apesar de sua deficiência, em 1 hora e 46 minutos de vacas magras, Kate é um filme extremamente divertido. Então desligue seu cérebro, pegue a pipoca e curta um pouco de escapismo. E no lugar de um filme ou série da Caçadora, o desempenho de Winstead vale mais do que o preço do ingresso.

Traduzido e adaptado do The Mary Sue | Imagem: Jasin Boland/Netflix

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