Finalmente.

Dungeons & Dragons tem se esforçado nos últimos anos para garantir que Forgotten Realms (e os demais planos além dele) representem um pouco melhor o mundo em que vivemos, e a base de jogadores hoje é muito mais diversa do que em qualquer outro momento no passado. E a luz das manifestações ocorrendo ao redor do mundo contra o racismo sistêmico, a Wizards of The Coast tornou públicos os próximos passos que devem ser tomados em D&D para garantir uma experiência inclusiva de RPG de mesa.

Empresas e marcas ao redor do mundo têm recebido cobranças por atitudes nas últimas semanas, graças aos protestos iniciados após o covarde assassinato de George Floyd, e a indústria dos jogos de tabuleiro não é diferente. A própria Wizards of The Coast foi alvo de protestos por questões do tipo, tendo anunciado mudanças no jogo Magic: The Gathering, como já noticiamos aqui. A própria empresa já havia publicado um comunicado se posicionando contra o racismo e a desigualdade, mas agora outra publicação feita na página oficial de D&D detalhou o que está sendo feito para enfrentar o próprio histórico de estereótipos racistas da empresa e quais mudanças serão feitas para garantir que o jogo se torne uma experiência mais agradável.

Através dos 50 anos de história de D&D, alguns povos do jogo – orcs e drows sendo ótimos exemplos – foram caracterizados como monstruosos e malignos, utilizando descrições que são dolorosamente conectadas a como grupos étnicos do mundo real foram e continuam a ser tratados (…) E isso não é certo, e tampouco algo que acreditamos. Apesar de nossos esforços conscientes em sentido contrário, nós acabamos permitindo que algumas dessas antigas descrições reaparecessem no jogo. Nós reconhecemos que para viver nossos valores, precisamos fazer um trabalho ainda melhor em como lidamos com essas questões. Se cometemos erros, nossa prioridade é para corrigi-los.

Para corrigir esses erros, D&D seguirá um plano de seis passos. Fora do jogo, isso inclui o uso de leitores “de sensibilidade” nos próximos livros de jogo e na revisão dos atuais como parte do processo criativo, além de um compromisso com a “busca proativa de talentos jovens e diversos para se unirem à nossa equipe e ao nosso grupo de escritores e artistas freelancers”, algo que já havia sido feito com relação aos produtos agendados para lançamento no próximo ano, mas uma política que será mantida daqui para a frente.

Do ponto de vista editorial, a equipe de D&D irá reanalisar materiais durante o processo de reimpressão, atualizando-os para modificar e remover quaisquer aspectos “racialmente insensíveis”. As aventuras “Tomb of Annihilation” e “The Curse of Strahd” (“Tumba da Aniquilação” e “A Maldição de Strahd”, em tradução livre) foram citadas como exemplos específicos. A segunda, por exemplo, foi criticada pelo uso de estereótipos romani (povos conhecidos popularmente como ciganos) na história dos Vistani, um grupo nômade de viajantes que residia em Barovia, antes da morte do Conde Strahd von Zarovich. No processo editorial para reimpressão da aventura, assim como nos dois produtos seguintes, a Wizards trabalhou com um consultor romani, para que pudesse apresentar os Vistani sem a utilização de estereótipos que os reduzissem a uma caricatura.

Alguns dos pontos mergulham fundo no jogo – por exemplo, a exploração e reexame das culturas Drow e Orc na ficção do jogo, criaturas sempre descritas como bestiais e vilanescas por natureza quando comparadas com as culturas brancas – como elfos, humanos e halflings. Algumas das mudanças mecânicas como o “produto ainda não anunciado” – provavelmente a última aventura da quinta edição do jogo, “Icewind Dale: Rime of the Frost Maiden” (“Vale do Vento: Geada da Donzela Congelada”, em tradução livre), contarão com alterações no processo de criação de personagens, permitindo por exemplo que os jogadores possam modificar os pontos de atributos extras que anteriormente eram vinculados a certa raça, da maneira que desejarem. Esse movimento deve tentar afastar a mecânica de conotações raciais, uma ideia de que os bônus devam refletir que os personagens são “indivíduos com capacidades e características próprias”.

No fim das contas, é um bom começo, recheado de planos que visam lidar não apenas com os erros cometidos anteriormente pelo jogo, em suas versões recentes e antigas, mas também uma mudança em direção a se tornar um jogo que realmente represente seus jogadores. Esperamos que em breve possamos ver os frutos desses trabalhos em D&D, com o lançamento da nova aventura e além.


Fonte: io9

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