Comentamos no dia do lançamento que um review quentinho estava saindo do forno, e voilá!  Depois de um bom tempo de ansiedade e espera, finalmente pudemos colocar as mãos nesse jogo LINDO e extremamente poético, e afirmar: valeu a pena esperar. (E no final do post tem sorteio!!)

Desenvolvido pela Swordtales (estúdio indie localizado em Porto Alegre/RS) e publicado pela Versus Evil (responsável por Banner Saga), Toren foi o primeiro jogo a receber apoio através da lei Rouanet (lei de incentivo a cultura), que ajudou a financiar boa parte do projeto e possibilitou sua continuidade. Bacana certo? Mas mais legal que isso é saber que durante sua produção, Toren recebeu o feedback de ninguém menos que Kellee Santiago, a cabeça por trás de Journey, Flower e Flow, e de Jonathan Blow, o criador de Braid! 

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Toren segue pela linha de jogos de ação e aventura artísticos e introspectivos, como Brothers e Journey, memoráveis pelas jornadas emocionais que proporcionam. Toren, torre em holandês, começou a ser desenvolvido em 2011, e apesar de muita coisa ter mudado nesse tempo, podemos afirmar que o hype pelo jogo se manteve firme e forte desde que soubemos dele <3 É mais um titulo para a lista de jogos brasileiros que dá aquele orgulhinho de dizer que é daqui sim (pessoal fazendo bonito demais!).

[Já conferiu os outros jogos brasileiros que passaram por aqui? Chroma Squad, Knights of pen and paper, Gryphon Knight Epic, Oniken, Odallus, Kriophobia, Porcunipine, Dungeonlands, Dodge this! e vai longe a lista!]

História

Cegos pelas promessas de um líder ganancioso, os seres humanos construíram Toren, uma gigantesca torre que corta os céus, grande o suficiente para tocar as estrelas e abraçar a lua. Nutrindo esperanças ilusórias e ambições egoístas, eles foram amaldiçoados com um dia sem fim, dando inicio à cruel sina da protagonista.

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O jogador assume o papel da solitária e misteriosa Moonchild (“criança da lua”), uma garotinha que nasceu dentro da torre e carrega em suas costas o destino de quebrar a maldição e salvar a humanidade. Guiada pelos conselhos de um sábio mago, a criança deve escalar Toren e recuperar suas memórias nos galhos da arvore da vida, que cresce e floresce simultaneamente com ela, e assim aproximar-se de sua liberdade. A tarefa seria simples, não fosse pelo fato de um guardião a interromper constantemente no progresso – e o que já parecia árduo se torna ainda pior ao saber que o tal guardião é um imponente dragão negro, que além de grande e fodão, possui o poder de petrificar toda a vida ao redor com seu rugido. Vida de sacerdotisa não é moleza…

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Nessa busca incansável por respostas, são revelados fatos que a ajudam a se conhecer melhor e entender seu verdadeiro propósito no decorrer do jogo. É extremamente filosófico, repleto de metáforas e com uma história subjetiva, aberta a interpretações.

Pouco se sabe sobre sua personalidade, contudo suas ações já são o suficiente para afirmarmos que Moonchild é aquele empurrão que precisamos quando se fala em representação feminina em jogos. Assim como Aurora de Child of Light, é possível acompanhar seu crescimento físico e psicológico como heroína. No caso de Toren, vemos desde o que aparenta ser sua outra vida, seu renascimento e crescimento até tornar-se uma mulher forte e decidida, com coragem suficiente para enfrentar seus medos e alcançar seus objetivos.

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 Jogabilidade

Toren está muito mais apegado ao valor de experiência artística do que ao desafio, portanto os obstáculos em sua maioria são simples, arquitetados em puzzles extremamente lógicos e um caminho linear, sem opções que modifiquem o curso da história. Entretanto, há leveis adicionais não obrigatórios que acrescentam – e muito! – em conteúdo, ajudando Moonchild a entender a essência da humanidade.

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Cada um desses leveis extras oferecem diferentes tipos de desafios: alguns envolvem símbolos no chão que devem ser redesenhados com sal, exigindo coordenação do jogador, outros necessitam de um pouco mais de observação, explorando os lindos cenários paradisíacos para encontrar as respostas. Nada parte de “adivinhação”, todas as respostas estão ali, esperando que o jogador as note.

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Os comandos são simples, concentrados em apenas três botões – pular, interagir com objetos/atacar e observar -, além dos comandos básicos para andar e movimentar a câmera. É altamente indicado jogar com um controle, pois através de um teclado pode ser complicado para ter precisão na movimentação em diagonais.

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O minimalismo foi crucial para deixar o jogo essencialmente poético – todo o aprendizado intuitivo em jogabilidade parece combinar perfeitamente com a metáfora do ciclo da vida que é tratada em Toren. Cada falha é um marco importante: é nela que são conhecidas nossas limitações e batalhamos para ultrapassá-las, fortalecendo-nos.

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De acordo com o crescimento de Moonchild, novas mecânicas são adicionadas: se no inicio ela é apresentada como uma criancinha inocente, que mal conseguia manter-se em pé, após certos acontecimentos ela cresce, e brande sua espada bravamente contra as criaturas que habitam Toren.

Arte – referências e inspirações

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Esse misticismo emanado em cada canto de Toren é o resultado da mistura de diversas culturas e mitos, combinando elementos de cada inspiração para criar um folclore próprio e rico para o jogo. Uma das referências mais evidentes – além da torre de Babel – é à Kabbalah, a “doutrina filosófica e esotérica” que traz o conceito da árvore da vida e suas esferas, como a razão, emoção, misericórdia, entre outras, presentes nas viagens espirituais que Moonchild faz ao entrar nos leveis especiais, aproximando-a da iluminação. Outra referência notada é o conceito de Ouroboros – a criatura representada por uma serpente ou dragão mordendo a própria cauda, simbolizando a eternidade – tudo a ver com a metáfora do ciclo da vida que tanto já foi comentado.

A árvore da vida
A árvore da vida

Outras influências reveladas pelo estúdio são Hayao Miyazaki e as destemidas garotas de suas animações, os conceitos de dungeon e a mecânica de The Legend of Zelda, e por último, mas não menos importante, Team ICO. O estúdio japonês responsável pelos fantásticos ICO e Shadow of the colossus (um dos meus jogos favoritos <3) inspiraram na jogabilidade minimalista e a introspecção proporcionada pela viagem do protagonista (quase sempre) solitário em ambientes imensos. Outros aspectos também são percebidos, como a linguagem inventada, a trilha sonora etérea e até mesmo algumas batalhas assemelham-se com as de ICO, porém Toren consegue quebrar as primeiras impressões que forçavam essas comparações, ganhando identidade própria e fortalecendo sua singularidade a cada novo evento.

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A música é um espetáculo a parte: foi cuidadosamente escolhida, dando um boost imenso na imersão e arrepiando até o ultimo fio de cabelo ao som dos violinos e cielos. Destaque especial para a “Timeless Lore”, o tema do jogo. É SENSACIONAL. Se você é daqueles que não entende taaanto de produções musicais em jogos e acha que só estúdios AAA hiper endinheirados fazem músicas fodas incríveis com orquestras, dá uma olhadinha no vídeo abaixo para se surpreender. 😀

Em resumo, Toren respira poesia, da música à natureza, com suas paredes e salas vivas ricas em cores, ornadas por árvores magentas (I see what you did there) em campos verdejantes, iluminadas por raios surreais fantásticos.

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Pontos Negativos

O jogo só não é (ainda) 100% devido à quantidade de bugs relacionados a problemas de colisão – cair no infinito enquanto está vagando pela torre ou ficar preso em pedras invisíveis são alguns deles. Os devs disponibilizaram na Steam uma atualização que corrige muitos desses probleminhas, além de acrescentar mais opções de resolução.

Os equipamentos de Moonchild, únicos itens para encontrar em Toren
Os equipamentos de Moonchild, únicos itens para encontrar em Toren

Outro ponto negativo é a falta de atrativos para um replay. Toren não possui colecionáveis, e há poucas das fases extras a serem descobertas – o que pode ser conseguido direto na primeira zerada. Os troféus/achievements dão conta de estender um pouco a jornada, mas nada que necessite mais de duas ou no máximo três idas para completar. Porém isso não desanima seu retorno: é como jogar Journey – mesmo já tendo feito tudo, o jogador ainda sente aquela vontadezinha de visitar o mundo para apreciá-lo, além de compreender melhor a história.

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Conclusão

Finalizei o game em torno de duas horas e meia, aproveitando bem os momentos de exploração para vasculhar cada cantinho. Por ser o primeiro game do estúdio, é inevitável ter diversos errinhos e bugs, mas nada que estresse a ponto de dar rage quit. A história compensa muito esse aspecto, prendendo a atenção do jogador do inicio ao fim e mantendo firme a curiosidade pelo desfecho.
E claro, dá para jogar em português brasileiro.

A pergunta que não quer calar: COMO FAZ PARA TER ESSA LINDEZA?
Está disponível por R$ 19,99 para Windows (Steam, GOG, Nuuvem, Humble Store e diversos outros sites) e por R$ 29,99 para PlayStation 4 (PlayStation Store). Se joga que é barato demais! É uma ótima oportunidade para dar aquele apoio aos devs brasileiros! 😀

“Ah, mas tô sem grana agora, e queria muito…” NO PROBLEMS! Garotas Geeks tá aqui para te ajudar <3

[SORTEIO] 

Quer concorrer a uma key de Toren para Steam? Para participar é fácil! Basta responder nos comentários deste post a seguinte pergunta: “Que loucuras você faria se tivesse a chance de renascer?”

As 7 melhores respostas vão ganhar uma key de Toren para Steam! \o/

Mas corre: as respostas podem ser enviadas só até dia 02/06! Coloque a criatividade para funcionar e participe! =D
Demorou, foi difícil, mas conseguimos escolher os 7 vencedores com as melhores frases! \o/
E os ganhadores forammmmmmm ~> Caio Cesar Anchieta, Thomaz Costa Sovierzoski, David Bohrer, Allan Ramos, Saulo Firmino, Sam Chambela e Michele Alyssa . Obrigada a todos que participaram e fiquem sempre de olho aqui no Garotas Geeks para concorrer à keys de jogos! <3

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Créditos com direito a menção honrosa de Huezinho, grande figura marcante do SBGAMES hahaha!

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