O anime aborda temas como o valor da família e a polêmica diferença de idade.
Hoje a dica de mangá é o shoujo Taiyou no Ie, ou House of the Sun em inglês, um romance que aborda a vida em família de modo geral. Acompanharemos o trajeto de Mao Motomiya, uma garotinha que sempre viveu muito feliz até o divórcio de seus pais, quando seu pai começa a tratá-la de forma fria e distante. A situação fica ainda pior quando ele se casa e a madrasta traz sua filha pequena para morar junto com eles, momento em que a pouquíssima importância que o pai dava a ela foi reduzida a zero. Sua única salvação é o convite de seu vizinho e amigo de infância Hiro Nakamura, que começa a morar sozinho depois que seus pais morrem em outro acidente, enquanto seus irmãos decidem morar com outros familiares. A partir desse momento, algo grande começa a nascer entre os dois e os desentendimentos entre os personagens passam a se desenvolver.
Análise
A obra foca muito no ambiente familiar e a forma como ele repercute na vida das pessoas. Para isso, o mangá traz à tona a relação dos pais de Mao antes de se casarem: sua mãe namorava um garoto que mentia muito para ela, e o pai de Mao resolveu ajudá-la nessa situação, motivo pelo qual viraram grandes amigos e se casaram. Entretanto, durante o casamento, a mãe de Mao estava traindo seu marido, razão que levou ao divórcio. Todos sabemos que um divórcio afeta muito os filhos a depender da forma como os pais encaram a situação, e com Mao não foi diferente. Seu pai começou a tratá-la mal, de forma fria e indiferente, não se importando com a filha em nenhum aspecto. Posteriormente, revela-se que o motivo de tal comportamento é que o pai de Mao duvida que ela seja sua filha de verdade.
A situação piora quando ele resolve se casar e trazer a madrasta e a filha dela parar morar junto com eles, evidenciando a rejeição do pai por Mao, principalmente quando se vê a diferença com a qual ele trata as duas garotas. Tudo bem que a meia-irmã de Mao é mais nova, mas existe uma mudança muito gritante na forma com a qual a protagonista é tratada – o que traz à tona muitas lágrimas: leia com um lencinho!
Mao, com 16 anos de idade, recebe o convite de Hiro, seu amigo de infância agora com 23 anos para morar com ele, já que ele acompanha toda essa trajetória da protagonista e o sofrimento dela desde o divórcio, notando que o único lugar em que ela fica feliz é naquela casa. Por isso o nome da história: A Casa do Sol, já que o sol com seu brilho representa tantos sentimentos bons.
E então desenvolve-se uma forma de compensação entre os dois e suas perdas: de um lado temos Mao buscando em Hiro os elementos de que sentiu falta em sua família, como confiança, amor, respeito e zelo; de outro, Hiro buscando em Mao o consolo que ele nunca teve depois da morte de seus pais, já que ele decidiu se isolar enquanto seus irmãos encontraram consolo em outros membros da família.
Nesse cenário, um relacionamento amoroso começa a crescer entre os dois, o que causa certa estranheza principalmente em Hiro, já que ele sempre enxergou Mao como sua irmã mais nova. E então chegamos ao tabu abordado de forma bem leve na história: a diferença de idade entre os dois.
Falando em leveza, é incrível como o autor consegue manter os conflitos sempre leves. A história vai aumentando seu “elenco”, trazendo amigos da escola de Mao e colegas de trabalho do Hiro, além das famílias de ambos, todos convivendo, explorando diversas problemáticas. Entre elas, a disputa pelo amor dos protagonistas, o que é tratado de forma incrível, mostrando o amor em sua forma mais genuína: importar-se com a felicidade de quem se ama. Isso é exemplificado através de pretendentes ajudando uns aos outros para manter a felicidade de Mao e Hiro, embora fossem “rivais” no objetivo de conquistar o coração da pessoa amada. E para os fãs de finais felizes, não se preocupem: a maioria consegue atingir seu objetivo, embora muitas vezes não seja com a pessoa com a qual eles pensavam a princípio.
Os últimos capítulos se resumem na resolução de todos os conflitos abordados durante todo o mangá, o que mostra um desenvolvimento bacana tanto dos personagens quanto da história. Inclusive, o autor busca humanizar todas as atitudes ruins e negativas cometidas por cada personagem da história, nos lembrando de que todos somos humanos e temos o direito de errar, mostrando outra face dos personagens desagradáveis a princípio.
Conclusão
O mangá possui diversos elementos interessantes além daquele clichê comum em shoujos, buscando o desenvolvimento familiar e pessoal dos personagens, mostrando a mesma questão sob diversos aspectos e facetas, misturando comédia, romance e drama.
Escrito e ilustrado por Ta’amo, foi publicado entre 2010 e 2014 na revista Dessert da Kodansha. Ganhou o 38º prêmio da Kodansha Manga Award na categoria shoujo em 2014.
Devoradora de livros e ávida consumidora de séries.
