Hajime no Ippo é um mangá completo – lutas, arte, comédia e uma pitadinha de romance!

Normalmente procuro introduzir histórias menos conhecidas ao público, porém, hoje irei escrever sobre um mangá de bastante sucesso no Japão. Com sua publicação começando em 1989, dez anos antes do primeiro capítulo de Naruto ser lançado, o mangá Hajime no Ippo já conta com 110 volumes e mais de 1100 capítulos. Para quem começar a ler agora, é praticamente impossível ficar com abstinência da história. A trama é escrita e desenhada por Morikawa George, já ganhou o Kodansha Manga Award, e possui três temporadas de anime. Além de já ter vários jogos baseados na história, claro.

Enredo

Hajime no Ippo conta a história de Makunouchi Ippo, um estudante de colegial que não tem muitos amigos, por passar a maior parte de seu tempo livre ajudando no trabalho de sua mãe. Além disso, o garoto é alvo de bullying por alguns colegas de classe, o que torna sua vida mais difícil. Porém, isso muda quando ele é salvo por Takamura, um boxeador profissional, que desperta no garoto o desejo de conhecer o esporte, mudar a si mesmo e se tornar uma pessoa mais forte.

hajime-no-ippo-1

Pontos fortes

Para ser bem sincera com vocês, mesmo sendo fã de mangás de esporte, eu demorei muito para começar a ler Hajime no Ippo. Eu sempre ouvia falar da história, mas a única vez em que cogitei a ler, anos atrás (quando o mangá estava nos capítulos 700 e pouco), desisti por causa da quantidade de capítulos e por causa do estilo da arte, que apesar de bem feita, não era muito o que eu procurava em minhas leituras naquele momento. Porém, uns tempos atrás comecei a ler o mangá e agora afirmo – me surpreendi.

O enredo, apesar de simples, prova que o que importa muitas vezes não é a originalidade da história, e sim a forma como ela é executada. Dentre os mangás de esporte que eu já li, Hajime no Ippo faz isso de forma esplêndida, e consegue manter o interesse pelas lutas por muitas páginas sem precisar apelar, como acontece em várias histórias de esportes. Em outros mangás, depois que acabam as ideias, muitas vezes começam a transformar seus personagens em super humanos (sem citar nomes, qualquer semelhança é mera coincidência), algo que acho bem desnecessário para o tema. Além disso, gosto muito de como as lutas são levadas de forma que o leitor duvide sobre quem será o ganhador da disputa, o que as tornam mais emocionantes.

Aoki, Ippo e Takamura. O mangá tem momentos sérios, mas também tem comédia!
Aoki, Ippo e Takamura. O mangá tem momentos sérios, mas também tem comédia!

Outra coisa muito legal é o desenvolvimento dos personagens, principalmente do principal, tanto no quesito emocional quanto dentro do esporte. De um garoto fraco e sem perseverança, Ippo cresce para um esportista nato, sempre treinando e fazendo o possível para alcançar seus objetivos. Os pontos baixos da história de cada personagem fazem muito bem o trabalho de transição entre momentos da vida de cada um, o que faz com que gostemos mais de cada um.

Agora falando um pouco de algo que já mencionei ali em cima – a arte. Como eu disse, não era meu estilo na época em que pensei em ler pela primeira vez, mas agora que conheço a história e a arte um pouco mais a fundo, minha opinião mudou bastante. Os personagens são muito bem desenhados, com suas expressões e seus músculos (importante pelo tema), além dos fundos detalhados, os quais não deixam a desejar nem nos figurantes. Pode parecer simples, mas ver o rosto da platéia durante as lutas é divertido!

Ippo no começo do mangá
Ippo no começo do mangá
Ippo depois do capítulo 900, dá pra reparar na evolução da arte
Ippo depois do capítulo 900, dá pra reparar na evolução da arte

Além de tudo isso tem o romance. Apesar de ser uma parte mais secundária do mangá, é bem legal de acompanhar. Eu sou o tipo de pessoa considera as melhores histórias aquelas que cobrem todos os pontos da vida do personagem principal (pelo menos, se cobrir de outros personagens, melhor!), uma vez que, dessa maneira, conseguimos um maior apego com este. Afinal, é muito mais fácil sentir proximidade de alguém quando conhecemos os pontos importante da vida da pessoa em questão.

Esse é um trabalho muito bem executado em Hajime no Ippo, pois além de mostrar a família dos personagens mais importantes (reparem como em várias outras histórias só o personagem principal possui um background estruturado), ele mostra os interesses amorosos de outros personagens além do principal. Afinal, quase todo mundo se apaixona alguma vez na vida, não é? No caso de Ippo, temos o romance mais fofo da trama, pois apesar de ter um desenvolvimento bem lento, é divertido de ler, principalmente porque o outro lado é a fofa da Kumi-san.

hajime-no-ippo-2
Kumi-san!

Além disso, podemos ver outros aspectos da história pessoal do personagem, como sua relação com sua mãe e sua história com seu falecido pai. Portanto, temos aqui o pacote completo para acreditar no personagem como algo próximo de uma realidade – boxe, família, amigos e interesse romântico. Quer algo melhor como base? Além de seu desenvolvimento durante a trama, um background sólido nos leva a pensar como o Ippo poderia existir por aqui, na vida real.

A única coisa do mangá que não me agrada tanto, mas sei que muita gente gosta, é a comédia. Porém, isso ocorre pelo fato de que não é muito o meu tipo de humor. Prefiro piadas um pouco diferentes do estilo mostrado na trama, mas eu afirmo aqui – não desistam de leitura por isso. Todo o resto do mangá é surpreendente e vale à pena. Além disso, quem sabe não é o seu tipo de humor e você acabe se divertindo bastante? Afinal, rir faz bem 😉

Conclusão

Apesar de não ter chegado aos últimos capítulos ainda, até o ponto em que li posso afirmar que vale muito acompanhar o mangá. A história proporciona uma variedade de emoções, desde apreensão, nas mais acirradas lutas, até a necessidade de uns facepalms, por causa de cenas sem noção. Além, claro, da sensação de conhecer a vida de um boxeador profissional e saber que ele também é um humano como todos nós. Gostou? Bom, você tem capítulos o suficiente para render bastante leitura, então por que não começar agora mesmo? 

Você pode ler em português aqui ou em inglês, aqui.

Compartilhe: