O streaming está evoluindo tudo!

Relatórios sobre representatividade e inclusão na televisão normalmente trazem tanto notícias boas quanto ruins. Afinal, é claro que a diversidade na televisão está aumentando e isso é uma coisa boa, mas ao mesmo tempo as coisas ainda não estão boas o bastante em linhas gerais, especialmente, quando comparadas com a realidade. E essa é a grande conclusão do mais recente relatório sobre Diversidade, Representatividade e Inclusão na TV, da Nielsen, que detalhou em números esses índices através dos 300 programas mais vistos na televisão. Nele, os autores afirmam:

Ainda que o conteúdo para televisão de hoje em dia pareça e transmita a sensação de ser mais diverso do que nunca, ainda existem muitas oportunidades para que a mídia reflita melhor a sociedade em que vivemos.

O documento analisa a porcentagem que diferentes grupos recebem de tempo de tela, em termos de sua “proporção de tela”, e compara com a sua proporção na população dos Estados Unidos. Mas essa comparação pode ser um pouco traiçoeira, uma vez que por exemplo, o documento adota um critério que aponta que apenas 4,5% da população do país é LGBT, um índice muito baixo. Isso se deve muito às dificuldades enfrentadas pelas pessoas que se assumem abertamente, mas de qualquer forma podemos saber que os números são subestimados.

O relatório analisa a proporção de tempo de tela e a paridade (se o tempo de tela bate com a realidade) de acordo com o tipo de mídia (transmissão, streaming e cabo). E não é surpresa para ninguém que “através de todas as plataformas, os grupos de maior visibilidade são os brancos não hispânicos seguidos por homens”, de uma forma muito desproporcional à realidade.

O maior contraste do relatório é entre a TV a cabo e as plataformas de streaming.

Ainda que a TV a cabo tenha uma boa parcela de representatividade LGBT, ela falha em outras formas, especialmente na representatividade interseccional. “Cerca de um terço do conteúdo a cabo não possui representatividade parelha de pessoas de cor, mulheres ou talentos LGBT”. E isso não é bom, e o fato de plataformas de streaming fazerem um trabalho melhor nesse sentido surge da pressão das pessoas nas redes sociais.

O relatório cobre todo tipo de televisão, em seus 300 programas mais assistidos. Então o tipo de televisão faz uma grande diferença no quão inclusivo o material é. A boa noticia para nós, nerds, é que a representatividade tende a ser maior em gêneros que gostamos.

Ainda que as mulheres não sejam bem representadas em qualquer gênero, nós vemos os maiores índices de representatividade na ficção científica, nos dramas, nas comédias e no terror, enquanto a menor representatividade está nos programas de notícias.

O relatório elogia os programas de notícias por apresentarem de forma proeminente mais talentos LGBT, ao lado dos programas de reality show e de terror.

A representatividade de pessoas de cor é justa em música e drama, seguidos por ficção científica, ação e aventura. A categoria com menor representatividade é novamente a de notícias.

Então, novamente podemos ver como alguns tipos de programas e emissoras, gêneros ou plataformas podem se destacar em um segmento e falhar em outros.

Ainda é analisada a qualidade da representação – porque não basta ter alguém na tela, pois como os estamos vendo também importa. E quando analisamos a representatividade neste sentido, ainda há muito trabalho a ser feito, porque mesmo nos casos em que vemos pessoas diversas na TV, sua representação muitas vezes não é positiva. O relatório vai fundo ao analisar isso, e também discute como diferentes grupos – homens, mulheres e identidades diversas – são representados de maneira diferente e com profundidade diferente.

A mensagem geral é que a indústria da televisão como um todo parece estar começando a fazer esforços, mas ainda está muito longe, especialmente, quando falamos sobre mulheres e identidades interseccionais.


Fonte: TheMarySue | Imagem da capa: Tithi Luadthong/ Shutterstock

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