Apesar de no Brasil ser uma novidade, já que a Coca-Cola anunciou o lançamento do seu produto vendido em uma garrafa de gelo há pouco tempo, no mundo não é. Em maio do ano passado, foi veiculada a campanha promocional do produto em Cartagena das Índias, na Colômbia. Deem uma olhadela:

Minha primeira reação ao ver a propagando foi: GÊNIOS. Afinal, o que eles mais destacam no anúncio é que a bebida vem super gelada e a garrafa ainda não gera resíduos. Gostoso e ainda ecologicamente correto, certo? Errado. Depois de pensar um pouco eu percebi que talvez não fosse tão interessante assim, já que para manter a bebida gelada o tempo todo e não derreter a garrafa, provavelmente exigiria um alto consumo de energia. Além disso, as garrafas de vidro são completamente reaproveitáveis desde que não sejam quebradas.

Para tirar essa dúvida, fui falar com um engenheiro físico que entende do assunto, também mais conhecido como meu irmão LOL (mas não estou puxando o saco porque é meu irmão não, ele realmente entende do assunto). Ele falou que minhas desconfianças estavam certas e que essa, na verdade, era uma ideia de JÊNIO. De ecológica, essa garrafinha não tem nada, vejam porquê:

1) Alto consumo de energia
Realmente, manter essa garrafa congelada desde a sua produção, exige um alto consumo de energia. E não apenas no armazenamento, que é relativamente simples, mas principalmente no transporte. Em condições normais a água congela a 0°C, e uma solução de sacarose em água a, aproximadamente, -0,6°C. Isso significa que durante o armazenamento a bebida não só teria que ser mantido a temperaturas mais baixas do que de geladeiras convencionais, como mantido nessa faixa de 0 a -0,6 para que a coca-cola se mantenha líquida. Uma faixa muito estreita de temperatura se comparada com freezers padrões que chegam a variar em mais de 2 graus em torno do ponto definido, principalmente pelo abrir e fechar de porta. Ou seja, exige algo realmente sofisticado.

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2) Mais químicas
Considerando a estreita faixa de diferença de temperatura citada no item anterior, é pouco provável que a Coca desenvolvesse algo tão complexo para manter a temperatura entre 0 a -0,6 grau. A solução mais simples, e provavelmente usada pela empresa, é adicionar alguma substância que diminua a temperatura congelante da bebida, dando mais motivos para os “grupos anti-Coca” pegarem no pé da fabricante por mais aditivos. Ou seja, para não perder de um lado, ela perderia do outro. Além disso, a fabricante fala que a garrafa só derrete após o consumo total da bebida, imagina quantas substâncias não foram adicionadas para isso ser possível?

3) Nada ecológica em relação às outras opções
Como vimos no item 1, a garrafa de gelo exige um refrigeração constante. Sistemas de refrigeração são os que mais consomem energia, então a propaganda da sustentabilidade não faz sentido nessa embalagem. Principalmente considerando que existe a opção de garrafas de vidro que, desde que não sejam quebradas, são infinitamente reutilizáveis, na reciclagem são as que geram menos resíduos e não possuem os aspectos negativos ligados ao conforto que uma embalagem de gelo teria, como por exemplo queimaduras causadas pela baixa temperatura, que seria solucionada pela pessoa segurando apenas na parte do rótulo. Quanto a garrafas PET, o engenheiro não tem certeza se é melhor do que a garrafa de gelo, mas ele acredita que até elas sejam melhores, considerando que na reciclagem praticamente não há resíduos, já que em resumo eles só coletam o material idêntico, aquecem até o ponto de fusão e remodelam. E, na verdade, o problema não é a geração de resíduos, mas a forma que as empresas lidam com eles.

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OU SEJA, ecologicamente, essa garrafa de gelo é uma furada… JÊNIOS. Mas claro, a ideia é ~hype~, é ~cool~, e muita gente vai querer tomar um golinho dessa bebida interessante, por esse lado eles são gênios, já que a bebida, provavelmente, vai vender ainda mais. O único fator verdadeiramente positivo é que a bebida se mantém gelada até a última gota (como diz no slogan), mas vale a pena tudo isso?

E vocês, vão querer experimentar ou não?

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