E os fiscais de “precisão histórica” podem ir chupar um prego.
O próximo jogo da franquia Assassin’s Creed, Valhalla, assumirá o posicionamento “radical” de que mulheres também podem ser vikings, o que pode não parecer tão revolucionário para alguém que já tinha assistido alguns episódios da série Vikings. Porém, o que a Ubisoft deixa claro, apesar de não haver grande precisão sobre os papéis femininos nessa cultura, é que elas serão incluídas no jogo.
Assassin’s Creed Odyssey (2018), o último jogo lançado da franquia, já havia introduzido a possibilidade de se jogar com um dos dois irmãos, Alexios e Kassandra. E o game se tornou notável por manter as mesmas opções de jogabilidade independente de qual irmão o jogador escolhesse. Em Valhalla, por sua vez, o personagem principal, Eivor, poderá ser homem ou mulher, e o jogador poderá personalizá-lo como quiser (cabelo, tatuagens, pinturas de guerra e assim por diante). Assumindo o papel de Eivor, um(a) assaltante, poderemos visitar uma versão alternativa da história das invasões vikings no Reino Unido.
Thierry Noël, historiador e consultor da unidade de pesquisa editorial da Ubisoft, falou sobre o assunto durante uma sessão de perguntas sobre o jogo:
As fontes arqueológicas são altamente debatidas nessa questão específica. O fato é, e eu acredito ser realmente importante, que isso era parte da concepção de mundo deles. Sagas e mitos das sociedades nórdicas são cheios de mulheres fortes e guerreiras. Era parte de sua ideia de mundo, que mulheres e homens eram igualmente formidáveis em combate, e isso é algo que Assassin’s Creed Valhalla irá refletir.
É ótimo saber que apesar do chilique por parte dos fãs com relação à Kassandra, a Ubisoft decidiu manter a ideia que os jogadores possam escolher. Se isso não afeta em nada a jogabilidade, por que deveria ser um problema? Especialmente agora que não temos mais personagens principais fixos na franquia. O ponto central é poder experimentar coisas de tempos diferentes, então soa como mera infantilidade as reclamações de que seja errada a inclusão de gênero nos games.
Já com relação à “precisão histórica”, ainda que não seja algo definitivamente provado a existência das guerreiras, a existência de um imaginário tão profundo de guerreiras na história viking demonstra ao menos o respeito a elas – sem contar que em 2018, pesquisadores descobriram que os restos de um guerreiro viking de alta patente eram na verdade uma mulher.
Becky Little, da página History.com afirmou sobre o tema:
Desde o início da escavação, em 1870, o local tem sido interpretado como o túmulo de um guerreiro, feito dentro de uma guarnição e próximo a uma colina. Ninguém jamais contestou esse fato até que ficou provado que se tratava de uma mulher, e agora dizem que não é mais uma interpretação válida.
Independentemente de qual seja a história, estamos falando de um jogo, e não há motivos para impedir que uma assaltante possa esmagar crânios com tanta eficiência quanto um homem faria.
Vejam abaixo o trailer do jogo (que aliás já é FODAAAA, ênfase na parte do ODIN ESTÁ DO NOSSO LAAADOOO):
Fonte: TheMarySue
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Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).