Ok, a gente finalmente pode falar sobre isso.

Tem um meme circulando na internet sobre Odette (A Princesa Encantada), a Anastasia, Thumbelina (A Polegarzinha) e Kayley (A Espada Mágica – A Lenda de Camelot), dizendo que elas não são princesas da Disney. Bem, agora isso só é verdade para metade deles. Após a aquisição da Fox pela Disney, Polegarzinha e Anastasia juntaram-se à Disney+, e colocaram-nas tecnicamente sob o guarda-chuva generalizado de princesas Disney. Tem literalmente uma seção chamada “coleção Princesas Disney” no serviço de streaming, e é lá que os filmes estão.

De qualquer forma, vamos viajar ao passado! Eu vi Anastasia, da Fox, nos cinemas quando criança, e foi traumático (sim, estou falando daquela cena de Rasputin), mas também me apresentou à perversão de gostar de meninos que são meio malvados, vulgo Dimitri.

Ai ai, esse Dimitri… *meme do Pica-Pau passando pano*

Eu tinha o VHS, do qual abusei, especialmente para ouvir a música cover final de “Journey to the Past” de artista rhythm and blues (R&B), Aaliyah. Portanto, Anastásia também foi meu ponto de entrada para a Revolução Russa e os Romanov.

O que significa que aprendi, como Angela Lansbury explica na abertura, um Rasputin ciumento infundido com… magia demoníaca… virou o povo da Rússia contra a família real – por ter sido expulso dessa família. Durante o assalto ao palácio, Anastásia é salva por um jovem membro da classe do proletariado, o ajudante de cozinha Dimitri. Ela perde a memória, e é criada em um orfanato como Anya, sem saber que é a Grã-Duquesa Anastasia, com uma avó amorosa em Paris, dublada por Angela Lansbury. Felizmente, ela tem um colar que parecia real e algumas memórias vagas que a tornam o ajuste perfeito para que Dimitri, já adulto, se junte ao amigo Vlad pra tentarem pregar um golpe: fazer com que Anya se passasse pela verdadeira Anastasia.

Então, imagine meu choque quando peguei The Royal Diaries: Anastasia: The Last Grand Duchess, Russia, 1914 (Os Diários Reais: Anastásia: A Última Grande Duquesa, Rússia, 1914, em tradução livre), e descobri que a Anastasia que eu conhecia e amava era baseada em uma pessoa real, e não havia mágica envolvida, apenas política e uma revolução econômica. Mesmo aquele livro funcionou muito para demonizar Rasputin, já que ele era uma figura impopular, mas não odiado pela própria realeza.

Só mais tarde, depois de ler As Irmãs Romanov, de Helen Rappaport, consegui entender melhor os Romanov e por que esse culto à personalidade surgiu especificamente em torno de Anastasia.

Anastásia quando jovem

Desde suas mortes, houve vários impostores Romanov porque, devido às circunstâncias de seu assassinato e à organização caótica que o cercava, a desinformação comunista e a falta de testes de DNA, havia um desejo, quase saído de conto de fadas, de saber se os jovens Romanov sobreviveram ao ataque – e o caso mais famoso resultante disso foi o de Anna Anderson. 

Anderson (cujo nome verdadeiro era Franziska Schanzkowska) foi a mais conhecida mulher que reclamou a identidade de Anastasia Nikolaevna, da Rússia, e entrou em cena na década de 1920. Embora a maioria dos membros da família real não achassem que ela fosse a verdadeira Anastasia, muitos passaram a acreditar em sua história. Só depois que Anderson morreu e foi cremada é que foi descoberta como impostora.

Anna Anderson pouco depois de aparecer em Berlim, em 1921.

Foi Ernest Louis, grão-duque de Hesse, tio materno de Anastasia, quem contratou um investigador particular para descobrir a verdade e identificou-a como Schanzkowska. Ainda assim, como Anderson se tornou tão popular, a história perdurou e acabou servindo de inspiração para o filme Anastasia, de 1956, estrelado por Ingrid Bergman. Essa história se tornaria a premissa do enredo para o clássico animado dos anos 90 que definiu minha compreensão infantil sobre Anastasia.

Agora o filme achou sua casa na Disney+, a mesma empresa que, quando viu que o filme tinha sido lançado originalmente, decidiu relançar A Pequena Sereia nos cinemas, só para competir e abafar um pouquinho o sucesso da Fox. Bom, vindo da Disney não é muito novidade, né.

Enfim. Hoje, quando assisto Anastasia novamente, me divirto com todas as referências ao comunismo e detalhes históricos reais, e também com o fato de como um filme pode ser tão impreciso a ponto de transformar a matança brutal de uma família inteira em um… musical. lol

Esse é o poder do cinema.


Texto traduzido e adaptado do TheMarySue.

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