Vamos já começar a desmistificar as mentiras espalhadas por aí.

Os protestos contra a escolha de uma atriz afro-americana para interpretar a personagem Ariel, na versão live-action de A Pequena Sereia levou a hashtag #NotMyAriel a figurar entre as mais populares no Twitter, há algumas semanas atrás. A protagonista da animação original era, como não é difícil imaginar, uma sereia caucasiana com cabelos vermelhos e cauda de peixe.

Os usuários que estavam protestando afirmavam que a Disney estava destruindo a infância deles, insistindo que o live-action deveria ser fiel à “história original”, se referindo ao desenho de 1989. Ainda que a obra original fosse um conto dinamarquês que inclusive não incluía um caranguejo cantor, por exemplo.

Apesar da cor da pele de Ariel não ter nada a ver com a história de “A Pequena Sereia” (como explicado nesse post da Flávia Gasi) ou com qualquer tema abordado é importante, porém lembrar que a presença de sereias de diferentes etnias é canon por parte da Disney há mais de três décadas.

É claro que estamos falando sobre Gabriella, a personagem da série de televisão de A Pequena Sereia (ao ar de 1992 a 1994), que não apenas era inspirada em Ariel, mas também sonhava em se tornar uma cantora tão boa quanto ela. Ariel não era apenas um exemplo a seguir, mas como uma irmã mais velha para a personagem, que era surda e utilizava a língua de sinais para se comunicar com a ajuda de Ollie, o polvo, seu amigo e tradutor.

As sereias de Atlântica nunca tiveram uma só aparência. Claramente, a Disney jamais teve a intenção de apresentar as sereias com cores de pele ou etnias idênticas. A visão do estúdio sempre foi global. E Gabriella poderia muito bem até ter sido europeia, já que os europeus não são todos brancos.

Então, qual o motivo que gerou todo esse burburinho sobre Ariel ser negra? Ainda sequer vimos uma foto da atriz caracterizada, como aconteceu com o gênio de Will Smith (com a desculpa de que as críticas eram à aparência) e nem sabemos qual será a cor dos cabelos da personagem. Mas o que é mais do que óbvio é que não é a cor da pele ou dos cabelos que definirá a personagem. Fora que não é impossível para pessoas negras terem cabelo ruivo, né.

A personagem Gabriella foi inspirada em uma jovem fã da franquia que faleceu durante a primeira temporada do desenho. O objetivo da Disney foi fazer com que as crianças de outras etnias ou com deficiências se sentissem representadas nas telinhas.

Apenas a sua presença já é suficiente para derrubar o argumento das “raízes dinamarquesas” da história, uma vez que a Disney já havia estabelecido há muito tempo a existência de sereias de diversas etnias em seu mundo fictício.

Assim, pouco importaria se Ariel tivesse traços hispânicos ou asiáticos. E a escolha de elenco foi apoiada inclusive pela dubladora original de Ariel, Jodi Benson, que declarou que o importante na personagem era a “magia que ela tem dentro dela”, e não a ideia de ser uma personagem branca.

O certo é que Bailey foi contratada por seu talento e pela adequação desses talentos para aquilo que a Disney quer que Ariel seja nesta adaptação em live-action, o que é absolutamente lógico tendo em vista a privilegiada técnica vocal da atriz.

Além disso, nós estamos vivendo em uma era em que os grandes estúdios, como a Disney, entenderam que era necessário oferecer maior representatividade de pessoas de etnias diversas nas telonas após décadas de personagens majoritariamente brancos, tanto em live-action quanto em animações.

Assim, uma sereia como Gabriella não diminui, invalida ou apaga aquilo que veio antes dela, apenas apresentando uma nova visão sobre uma personagem já consolidada (como Ariel) para um público contemporâneo.


Fonte: Insider

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