Uma perspectiva interessante!

[AVISO: O texto a seguir contém spoilers de Star Wars: Os Últimos Jedi e de The Last of Us: Part 2]

Olhando de uma maneira superficial, Star Wars e The Last of Us não parecem ter nada em comum. O primeiro é uma história de ficção científica no espaço, feita para toda a família, com uma ideia clara de divisão moral; enquanto o segundo apresenta personagens moralmente comprometidos presos em um ciclo sem fim de violência.

Porém, um olhar mais a fundo torna claro que as duas obras são muito mais parecidas do que diferentes, especialmente quando comparamos Os Últimos Jedi e The Last of Us: Part 2. Na verdade, tanto em crítica quanto tema, os dois são quase idênticos.

Pouco após o lançamento, tanto o jogo quanto o filme receberam aclamação da crítica especializada, mas uma furiosa divisão entre os fãs. Enquanto parte dos fãs concordava com a crítica especializada, outra parte (muito barulhenta) discordava vorazmente. Fãs insatisfeitos publicaram um abaixo-assinado exigindo que o filme fosse refeito, enquanto atores do jogo receberam ameaças de morte. O ponto em comum entre essas respostas extremas é que elas representam uma reação de quem viu, e continua vendo, as obras como uma espécie de “traição” de suas respectivas franquias. Fãs revoltados afirmavam que Os Últimos Jedi destruía o canon ao apresentar Luke Skywalker, o herói otimista da trilogia original, como um velho resmungão e rabugento, ressentido com relação à Força. Já TLOU 2 irritou muita gente ao obrigar os jogadores a passarem mais de 10 horas controlando a personagem que matou Joel, o amado protagonista do primeiro jogo. De acordo com esses “fãs”, os dois degradaram suas franquias.

Porém, o mais irônico, é que é através dessas controvérsias que ambos honraram suas respectivas histórias.

O papel de Abby em The Last of Us 2 é desconfortável para os jogadores, mas esse é o objetivo. A Naughty Dog queria que os jogadores odiassem Abby para então enfatizar que a empatia é o coração da série. No primeiro jogo, o público amou Joel, apesar de seus feitos terríveis.

Ao tornar Abby a coestrela do jogo, a Naughty Dog levou a outro patamar os temas de amor e redenção, uma vez que diferente de Joel, Abby feriu pessoas que o público se importava. De forma similar, a jornada de Luke em Os Últimos Jedi resume a filosofia de Star Wars sobre a Força. Luke precisa aprender a se perdoar e abraçar a universalidade da Força.

O filme ecoa as palavras de Yoda em O Império Contra-Ataca, afinal a energia da Força nos envolve e nos une.

Luke e Ellie possuem arcos paralelos de personagem

A jornada de Luke para reencontrar a força é enraizada na ideia de se libertar de uma versão idealizada de si mesmo. Ele não é um ser perfeito, livre de pensamentos sombrios e sentimentos, mas sim uma pessoa, um ser humano. Quando ele prevê o futuro assassino de Ben, seu corpo reage e ele agarra seu saber de luz. É um impulso, não uma escolha consciente. Ele deseja matar Ben, mas não faz isso. O que aconteceu é desconfortável, e possui consequências sombrias, mas é algo compreensível.

O que Luke aprende em Os Últimos Jedi, ou reaprende, é que a presença do bem incorruptível reside perfeitamente na Força e imperfeitamente nas pessoas.

Ao final do filme, quando Luke se sacrifica através da projeção da Força, ele reconhece que a lenda que entrega ao universo é uma parte dele que não o representa inteiramente. Quando ele morre, ele morre esperançoso – olhando para o pôr-do-sol como fazia quando era criança. Porém, o horizonte que um dia representou seu destino, agora representa o lado claro da Força, sempre em expansão.

A jornada de Ellie se espelha na de Luke pelo fato de que ela também perde a versão ideal de si mesma.

Anteriormente, Ellie podia dizer que sua vida era importante porque a sua imunidade poderia criar uma cura, mas no segundo jogo, sua imunidade não importa mais, graças às ações de Joel. Então, assim como Luke, ela precisa encontrar uma nova identidade, e ao final do jogo, ela o faz. No clímax do jogo, Ellie poupa Abby após entender realmente os seus sentimentos.

Ela percebe que no centro de tudo que aconteceu com Joel estava o amor, e isso faz com que ela tenha esperanças. Ela é importante não por causa da imunidade, mas por ser ela mesma.

Durante a conclusão do jogo, Ellie procura Dina com a certeza de que é capaz de amar. Assim como Luke, ela encontra forças para seguir em frente porque aprende a valorizar algo em si mesma.

Divisores entre seus fãs, mas fiéis às suas franquias, The Last of Us Part 2 e Os Últimos Jedi mergulham profundamente nos temas de suas séries, e emergem como gêmeos, que apesar de apresentarem jornadas bastante diferentes, proclamam a existência do amor e bondade em face do ódio e do mal.


Fonte: Screenrant

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