Ser super herói dá XP mas não paga boletos!

Além de ser um filme extremamente divertido, Shazam! tocou em alguns assuntos um tanto sérios: abandono, o sistema de famílias substitutas e questões sobre moralidade. Mas outra coisa fascinante e revoltante é uma questão silenciosa levantada pelo filme: como Billy/Shazam deveria viver nesse mundo sem ter uma fonte de renda?

Como uma criança, Billy não tem acesso a renda necessária para existir no corpo adulto de seu alter-ego, Shazam. Ele não tem dinheiro nem para jogar na escola, comprar algo para comer ou beber.

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Ele tenta roubar dinheiro, mas acaba no fim pedindo “ajuda” das pessoas que protege de criminosos e usa suas mãos elétricas como uma espécie de “truque de rua”.

Outros heróis já trataram essa questão. Peter Parker lutava para pagar suas contas e encontrou uma forma de fazer dinheiro com a sua identidade como o Homem-Aranha, tirando fotos de si mesmo e vendendo pro jornal. Outros, como Clark Kent e Kara Danvers, trabalhavam durante o dia para proteger as suas identidades, mas também para ter dinheiro, ainda que não discutam abertamente seus problemas financeiros. E temos os bilionários como Bruce Wayne e Tony Stark, que presumidamente ajudam seus colegas Vingadores com uma espécie de bolsa, já que questões financeiras não parecem ser algo que os preocupa em suas histórias.

Mas a dependência de Billy nas pessoas comuns para sustentar a sua vida de super-herói parece mais realista do que a maior parte das situações de heróis. Porque na vida real, vivemos em um mundo em que o financiamento coletivo é necessário para que possamos fazer quase qualquer coisa. Algo comum em alguns países sem sistema de saúde pública é o financiamento de tratamentos médicos em plataformas como o GoFundMe, ou vaquinhas/suporte artístico pelo Patreon e assim por diante. Enfim, histórias de pessoas que oferecem ajuda aos necessitados lotam as redes sociais de “fé na humanidade” quando o sistema parece não ter interesse em ajudar.

Essa não é necessariamente uma defesa a um “bolsa-super-herói”, mas de uma forma realista, caso os super-heróis existissem, provavelmente veríamos diversos Patreons por aí para pagar as suas contas, sem contar os GoFundMe para cobrir despesas médicas daqueles que venham a se machucar lutando contra super-vilões.

Se os super-heróis fossem reais, as plataformas de financiamento coletivo seriam os grandes negócios. Mas tomara que em uma realidade alternativa em que eles existam, o sistema de saúde seja público e eficiente.


Texto traduzido do TheMarySue.

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